Tool no Lollapalooza 2025 e lançamentos mostram a qualidade do rock progressivo
Banda se apresenta no Lollapalooza 2025 neste domingo (30)


“Nossa música é para a cabeça, não para os pés.” Partiu de Robert Fripp, guitarrista e líder do King Crimson, uma das principais bandas da história, a melhor definição do que seria o rock progressivo. O gênero surgido na virada dos anos 1960 e 1970 se caracterizou pelo virtuosismo de seus músicos, o flerte com a música erudita e pelas canções longas, muitas vezes divididas em partes como se fossem sinfonias.
O fato de seu apelo estar mais na massa cinzenta do que propriamente nos quadris despertou uma falsa acusação que o progressivo seria pretensioso e entediante. Nada disso. É um gênero capaz de produzir bandas de alta qualidade. Uma delas é o Tool, que se apresenta neste domingo (28) no Lollapalooza –e cuja performance promete ser catártica.
O que esperar do show do Tool no Lollapaloza 2025
Surgido em 1990 na cidade de Los Angeles, o quarteto formado por Maynard James Keenan (vocais), Adam Jones (guitarras), Danny Carey (bateria) e Paul D’Amour (baixo, depois substituído por Justin Chancellor) estreou como uma banda de heavy metal alternativo –um flerte do rock pesado tradicional com a sonoridade “suja” daquele período. Mas a partir do disco “Lateralus”, de 2001, o Tool deu maior espaço para a experimentação, mudanças de andamento (como falamos, aquelas partes de canções que se assemelham a movimentos de sinfonias) e demonstrações de virtuosismo –uma das mais recomendáveis é “Chocolate Chip Trip”, um solo de bateria magistral de Carey.
O exibicionismo instrumental, no entanto, não impediu que o Tool tenha uma sonoridade que vá ao encontro de admiradores de outros gêneros musicais. Os vocais rasgados de Keenan e o casamento da guitarra de Jones (um criador de riffs de alta patente) e o baixo seguro de Chancellor garantem uma boa interação até para quem ainda não foi conquistado pelo rock progressivo. Abaixo, dicas do que tem sido feito de interessante no gênero.
Mais rock progressivo
RPWL
Surgido em Freising, Alemanha, no ano de 1997, ele surgiu como uma banda cover de Pink Floyd. Mas três anos depois, seus integrantes passaram a investir em material autoral. As influências dos mestres ingleses do progressivo estão evidentes no canto do vocalista e tecladista Yongi Langi (um David Gilmour redivivo), no clima psicodélico de boa parte das suas canções –que lembram as de “Meddle”, o clássico de 1971 do Floyd –e na releitura de “Opel”, de Syd Barrett, fundador do combo inglês. O vocalista Ray Wilson, que substituiu Phil Collins no Genesis (outra lenda do rock progressivo) participa da balada “Roses”
Discos Recomendados: “God Has Failed”, de 2000; “Tales from Outer Space”, de 2019, e “Crime Scene”, de 2023. Todos foram lançados no país pela Hellion Records.

TREVOR RABIN

O guitarrista sul africano ganhou notoriedade nos anos 1980 quando integrou uma das formações do Yes, uma das lendas do rock progressivo. Sob a sua batuta, o quinteto foi por um caminho mais pop e emplacou seu primeiro número um na parada americana – “Owner of a Lonely Heart”, que trazia mais influências do trio The Police do que do Yes. Em 1995, Rabin saiu do grupo para trabalhar com trilhas de cinema. Eventualmente, lança discos solo nos quais alterna sua postura de músico de rock progressivo com faixas inspiradas no country, folk e pop.
Discos recomendados: “90125″, do Yes, lançado em 1983; “Live in Los Angeles”, de 2013, e “Rio”, de 2023.
HALLAS
O grupo surgiu nos anos 2010, mas preferia ter nascido na década de 1960, justamente no período em que o rock progressivo começou a dar seus primeiros passos. Eles tinham inicialmente uma influência de blues rock, mas passaram a flertar com longos períodos de improviso e solos criativos de teclado (cortesia de Niklas Malmqvst). As influências mais claras são Yes, o grupo alemão Eloy e o britânico Nektar.
Discos recomendados: “Isle of Wisdom”, de 2022, e “Conundrum”, de 2020.