The Cult traz seu curso intensivo de rock’n’roll em três shows no Brasil
Grupo tem como destaque o genial e temperamental vocalista Ian Astbury


Ian Astbury, vocalista do The Cult, que tem apresentações marcadas em Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba (confira as datas e o preço de ingresso abaixo), traz em sua biografia o que um rockstar tem de melhor e de pior.
Primeiro, as qualidades: Astbury, 62 anos, é um cantor de voz poderosa, que atinge dos tons graves de Jim Morrison –poeta, vocalista e líder dos Doors, grupo pelo que Ian tem profunda admiração– aos agudos de um Robert Plant, do Led Zeppelin.
Astbury tem paranauê, aquela combinação única de carisma e sensualidade, e forma com Billy Duffy uma das melhores dobradinhas de voz e guitarra das últimas quatro décadas.
Astbury, por outro lado, cumpriu à risca todas as orientações do Manual de Mau Comportamento do Rock: dá piti com fãs e jornalistas e principalmente com os integrantes de sua própria banda.
Durante a passagem do grupo pelo Brasil, em 1995, chegou a jogar o pedestal do seu microfone no baterista (achou que o sujeito estava desatento) e saiu na mão com praticamente todos os integrantes do grupo.
Mas, felizmente, nos últimos tempos Ian Astbury tem mostrado apenas as qualidades que o tornaram um dos grandes da música –e, de quebra, o The Cult num dos grupos mais versáteis do rock inglês: em quatro décadas de atividade, eles foram do rock gótico ao farofa, do eletrônico ao heavy metal.
Trajetória do The Cult
The Cult nasceu em 1983 em Bradford, cidade da Inglaterra, com o nome de Southern Death Cult. O estilo adotado inicialmente era uma combinação de rock, música gótica e sonoridades dos nativos norte-americanos –outra obsessão do vocalista Astbury.
O estilo seria marca registrada no disco do Southern Death Cult, de 1981, e em “Dreamtime” (1983), lançado já com o nome The Cult.
“Love” (1985), segundo disco do Cult, é uma das obras essenciais do rock inglês da década de 1980. Traz um flerte do grupo –na ocasião, Astbury e Duffy ao lado do baixista Jamie Stewart e os bateristas Nigel Preston e Mark Brzezicki, do grupo Big Country– com a psicodelia e o rock pesado, além de trazer alguns dos principais hits do quarteto.
“She Sells Sanctuary”, “Rain” e “Revolution” são de “Love”, que tem ainda algumas preciosidades. Casos de Nirvana, canção pontuada por solos combinados de guitarra, bateria e baixo, além de Phoenix, empapuçada por pedais de wah wah –tornado famoso, por exemplo, pela lenda Jimi Hendrix (1942-1970).
“Eletric”, de 1987, é marcado por um flerte mais ousado com o mercado americano. A produção é de Rick Rubin, que trazia no currículo diversos discos de rap e mais tarde faria os álbuns de Red Hot Chili Peppers e Johnny Cash, entre muitos outros. O Cult passou a perseguir então o blues pesado de bandas como Led Zeppelin.
O álbum seguinte, “Sonic Temple” (1989), adapta esse blues heavy rock para grandes arenas, que então eram prioridade dos conjuntos de hard rock. Aliás, uma curiosidade: as performances do Cult traziam então o iniciante Guns N’Roses como banda de abertura.
“New York City” tem vocais de apoio de Iggy Pop e Edie (Ciao Baby), tributo à modelo Edie Sedgwick (1943-1971), figura de ponta da cena alternativa de Nova York dos anos 1960, até hoje ajuda a sustentar a programação das rádios de classic rock.
O último grande disco do Cult foi “Ceremony”, de 1981, que emplacou o sucesso “Wild Hearted Son“. A partir daí, o grupo lançou outro trabalho em 1994 –sem grandes destaques– e permaneceu num hiato até 1999.
Os discos seguintes (cinco até agora) são bons lançamentos, mas que não resvalam na qualidade da primeira fase. Porém, se nem bandas clássicas como Rolling Stones possuem uma discografia intacta, o que dizer dos problemáticos do Cult.
No palco, eles ainda são imbatíveis, uma das principais forças do rock das últimas quatro décadas.
SERVIÇO – THE CULT NO BRASIL
- Dia 22 de fevereiro no Vivo Rio (Rio de Janeiro)
- Dia 23 de fevereiro no Vibra SP (São Paulo)
- Dia 25 de fevereiro no Live Curitiba (Curitiba)