Sem brilho, Travis Scott encerra dia do trap no Rock in Rio
Rapper norte-americano fez show pirotécnico no festival, nesta sexta (13)
Com 40 minutos de atraso, Travis Scott subiu ao palco para o show que encerrou o primeiro dia de apresentações do Rock in Rio 2024, já na madrugada de sexta-feira (13) para sábado (14). O espetáculo psicodélico do trapper fechou com grande estilo um dia dedicado ao trap, mas que, como o espetáculo final, não teve muito brilho.
A ideia de ter Travis encerrando esse dia soou boa. Afinal, ele é um dos grandes do momento. Mas o Rock in Rio é um festival que tenta atingir o máximo de públicos possíveis. 21 Savage, mesmo tendo um dos melhores álbuns do ano, “american dream”, fez um show para lá de nota 5. No caso de Travis, seu pecado foi não conseguir cativar o público.
Para quem assistiu pela TV, pode ter parecido que uma maré humana havia invadido a Cidade de Rock e que pessoas pulavam e cantavam sem parar. Mas, para quem estava na muvuca, era comum ver gente de braços cruzados, sentada e afins. Empolgou, mas muito longe do esperado.
Sendo assim, o começo da apresentação foi frio, pois se baseia basicamente nas músicas mais sem sal do seu novo álbum, “UTOPIA”: “HYANE” e “THANK GOD”.
O show deu uma melhorada justamente com um desabafo. Travis reclamou que parte dos telões não estava funcionando como o previsto. Se disse bravo, mas destacou que nada poderia atrapalhar a realização do sonho de se apresentar no Rio de Janeiro.
Na sequência, o trapper chamou três jovens ao palco para curtirem uma sequência de canções que incluiu “Nightcrawler”. O trio aproveitou bastante o momento, mas o rapper pareceu apenas estar cumprindo o roteiro programado.
Os problemas técnicos parecem ter afetado animo do cantor, o que, consequentemente, atingiu o público. Nem os mosh-pit, que contaram com o upgrade de sinalizadores, ou sucessos como “HIGHEST IN THE ROOM” fizeram a galera se empolgar. Obviamente, o grande destaque ficou para o final, com a sequência das consagradas “SICKO MODE”, “goosebumps” e “FE!N”, essa última cantada apenas no refrão em sequência quase interminável.
Se comparado com o show do rapper em São Paulo, na última quarta-feira (11), o impacto do atraso e das questões técnicas fica ainda mais claro. Obviamente, um show solo tende a cativar o público que está dedicado inteiramente àquele artista, bem diferente de um festival onde boa parte da galera chega cedo para ver também outras atrações —e ainda teve que encarar quase 1h de espera pelo headliner.
Na capital paulista, Travis entrou no horário e pode fazer várias brincadeiras com o telão —incluindo uma “ordem” para um fã levantar. O resultado é que um artista bem mais animado e pontual do que vimos no Rio contagiou o público e fez tremer os arredores do estádio Allianz Parque.
Nas redes sociais, volta e meia aparecem aquelas listas de “maiores rappers de todos os tempos”. Travis é um grande produtor e pode ser considerado o maior trapstar de sua geração. Mas não está num Mount Rushmore do gênero. Sua apresentação mediana no Rio mostrou por quê.