‘Primeiro’ romântico do rap, Projota não quer desistir do amor
Seu novo projeto é uma espécie de resgate aos velhos tempos
O rap tem cara de mal, muitos acreditam. Aquela coisa do semblante fechado, batidas duras e letras denunciando o caos social. Mas nem sempre é assim.
Projota é um dos grandes símbolos do rap nacional mela cueca, aquele que quer falar de amor. Motivo de orgulho para o cantor, essa pecha de cantor das coisas do coração vem se perpetuando com o tempo.
Agora, o cantor decidiu surfar de vez nessa onda com o projeto “Alguém Tinha Que Falar de Amor”, que mistura música com audiovisual.
“O nome do disco vem daí. É uma referência há 10, 15 anos de amor. Quando eu divulgava minhas músicas, percebi que muitas minas ouviam meus raps de amor. Quando cresceu, muita gente bateu. Hoje está mais fácil, o público está mais aberto. Não é como se eu fosse pioneiro, mas com certeza eu fui dos que mais se destacou nesse tema”, disse, em entrevista para a Billboard Brasil.
Na internet, a recepção foi com muitos comentários do tipo: “Estava com saudades do velho Projota” — pois ele falava de amor.
Gerações
Mesmo com essa fama, faz sentido Projota não assumir o papel de pioneirismo. Ainda nos anos 1990 ou começo dos 2000, sucessos como “Tik Tak“, do Doctor’s MCs, e “Aquela Mina É Firmeza”, de Ndee Naldinho, já abarcavam um público sedento por love songs num mar repleto de músicas de protestos.
Porém, sua geração que ganhou destaque no final dos anos 2000 escancarou as portas para um estilo que antes era menosprezado. Lá em 210, quando muita gente ainda virava o nariz para esse estilo, seu parceiro Emicida lançou o EP “Sua Mina Ouve Meu Rap Também“, um marco geracional que, como o nome sugere, tirava sarro do público conservador.
“Muita coisa mudou e acho que hoje se fala menos de amor, por incrível que pareça. Mas temos o L7NNON, o MC Cabelinho, que fizeram trabalhos nesse tema. Pode ser com mais ou menos frequência, mas sempre vai ter gente falando”.
Agora, foi a vez de Projota fazer um álbum temático que, segundo ele, é sua estreia pensando num CD com um único tema – mesmo sendo uma área que ele domina como poucos.
“Eu nunca tinha feito um álbum temático, eu deixava muito rolar. Me vinha vontade de falar de amor, de política e eu ia só fazendo música e juntava. Quando pensei nesse projeto, pensei que queria só fazer um trabalho de amor e fiz essa história com início, meio e fim”, explicou.