Paulo César Pereio, além de tudo, compôs um hino com colaboração de Brizola
Ator morreu neste domingo (12) e lutou, com música, contra golpe militar
Aos 20 anos de idade, Paulo César Pereio era estudante e já um destaque do Teatro de Equipe, grupo de atores que marcou os palcos gaúchos nos anos 1950. O ator, que morreu neste domingo (12), deixou um legado de talento dramatúrgico, palavrões em sua voz rouca e, não fosse o bastante, um hino feito para uma confusão política em que se metia a República Federativa do Brasil, no início dos anos 1960.
No início da década, a construção de Brasília já era um elefante branco na sala da inflação brasileira e os militares já queriam impor vontades maiores que a manutenção da ordem e da manutenção com cal nos meios-fios. Os militares não queriam que João Goulart, recém-chegado da comunista China, assumisse após a renúncia de Jânio Quadros.
E é aí que surge Pereio com “Hino da Legalidade”, cuja melodia é assinada pelo próprio, com letra de Lara de Lemos. Para combater o mal olhado verde-oliva, Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, iniciou a “Campanha da Legalidade”, para garantir a posse de Goulart como presidente. Brizola ligou para os artistas do Teatro de Equipe e, em duas horas, a letra já estava pronta por Lara. Pereio foi atrás e improvisou uma melodia.
A ‘colaboração’ de Brizola
Em seguida, Brizola pediu que o hino tivesse uma singela mudança. “Ele pediu para mudar uma única palavra para dar maior amplitude. Havíamos colocado “avante companheiros de pé” e ele pediu para colocar “avante brasileiros de pé”. disse o ator.
A contra gosto das forças armadas, João Goulart assumiu o espinhento posto de 24° presidente de uma combalida República Federativa do Brasil pós-Juscelino e após a renúncia do populista Jânio Quadros.
O movimento acabou sendo foi decisivo por negociar a posse de João Goulart, mudar o sistema presidencialista para parlamentarista e, de quebra, gravar o nome de Paulo César Pereio na história também da política brasileira.