Paralamas do Sucesso festeja Dia do Rock visando novas músicas
Em entrevista exclusiva, João Barone fala sobre importância do rock para o trio
Para milhões de jovens ao redor do mundo, formar uma banda de rock com amigos e viver a vida tocando para várias plateias diferentes era o grande sonho a ser conquistado.
No Dia Mundial do Rock, cabe a reflexão se esse tipo de sonho já não é tão desejado como já foi. Em tempos de valorização de outros estilos e música produzida isoladamente dentro de um quarto com a ajuda apenas de um computador, ainda vale a pena batalhar projetos músicais com amigos?
Os Paralamas do Sucesso após 40 anos de amizade e muito rock Brasil à fora garantem que sim. Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro acabam de lotar o estádio Allianz Parque celebrando a amizade e o amor pela música. A festa apenas começou.
Neste dia 13 de julho, eles são uma das atrações no Enel Festival de Inverno Rio, comemorando o Dia Mundial do Rock. Antes do show, o baterista João Barone conversou com exclusividade com a Billboard Brasil sobre a influência do estilo para o trio, a expectativa para novas músicas e a alegria de tocar no Rio de Janeiro.
“Tocar no Rio é sempre muito inspirador, acima das palavras. Afinal, é a nossa cidade”, conta João.
Confira a entrevista exclusiva de João Barone à Billboard Brasil
O que tocar em uma banda de rock por tantos anos ensinou sobre amizade?
A gente solidificou a nossa relação interna e o que aconteceu no nosso processo foi que, desde o início, a gente teve um vínculo muito forte com a amizade mesmo. A gente foi construindo essa nossa relação de confiança mútua e ela foi ficando mais forte com o tempo. A gente foi arriscando uma série de coisas para conseguir tocar, e isso uniu a gente, essa vontade muito grande de tocar. A nossa interação foi desde o primeiro momento do nosso encontro acidental e a gente foi tentando estender esse “grande barato” de tocar junto de todas as formas possíveis. O Herbert é sempre uma visão muito grande de antecipação e a gente foi arriscando muito e colhendo todos esses trunfos ao longo dessa nossa trajetória de 40 anos.
Os laços de confiança se fortalecem
Sim. E isso tudo se deve muito a nossa confiança mútua. É uma coisa que a amizade consegue construir, na medida em que você confia muito nos seus amigos de verdade, que é o caso dos Paralamas, inclusive o Zé Fortes, que é o quarto Paralama, nosso empresário desde o início. Ele também é um fator importantíssimo nesse processo, uma das razões para a gente estar junto até hoje, essa confiança mútua.
Quais são as novidades os fãs dos Paralamas podem esperar da banda para o fim deste ano e começo do próximo?
A gente está numa agenda intensa no momento, com muitos shows. Estamos tentando, como sempre fizemos, controlar essa demanda de shows para não ficar uma coisa opressiva e não atrapalhar esse grande barato que a gente tem com tocar, com estar junto e subir num palco diante de uma plateia. Então, a gente tenta administrar isso da melhor maneira possível, respeitando esse ciclo de trabalho intenso, de demanda de shows principalmente. Agora, estamos finalizando essa celebração dos 40 anos de estrada.
Estamos com essa expectativa de voltar a fazer os encontros e planejar um possível próximo álbum, músicas novas, voltar um pouco as nossas atenções para a criatividade, para voltar a fazer músicas novas e continuar esse processo prazeroso que a gente sempre teve. Então, no momento estamos muito felizes de ter essa demanda de show, essa procura muito grande por shows nossos e a gente tenta respeitar essas marés e daqui a pouco vai vir a maré criativa. A gente não gosta de dizer data para isso, porque é uma coisa muito aleatória, mais um ciclo que a gente tem que respeitar. Mas estamos com uma vontade muito grande de nos reencontrarmos para fazermos músicas novas.
Pensando na longevidade dos Paralamas e tudo que vocês já passaram juntos, faço uma pergunta: qual é o papel do rock na música atual?
É aquele ditado, né? “O rock continua bem, obrigado” (risos). O nicho consegue levar um público muito grande, né? Nos eventos e no seu setor ali, hoje, da maneira como a música é consumida no streaming. Eu acho que houve um momento em que o estilo era mais onipresente, né? E aí, eu acho que, na verdade, o que estava ao redor do rock foi crescendo mais. Assim, as músicas mais populares, os fenômenos mais populares. Além da maneira como a música é propagada hoje em dia. O rock sempre teve essa questão de ser uma coisa, até certo ponto, um pouco mais intelectualizada. A maneira como as bandas, os artistas se comportavam. Tudo tinha um verniz muito requintado. A maneira como os álbuns eram conceituais. Na verdade, é um setor do gênero tinha mais esse aspecto. Ao mesmo tempo, o rock sempre foi muito popular, porque levava muita gente nos shows, vendia muito disco. Os grandes fenômenos da música moderna nos anos 60, 70, 80.
Acho que o rock responde muito à realidade do momento presente. Ele consegue ainda levar muita gente. Mas às vezes parece que perdeu o lugar, se você equivocadamente compara com outras coisas mais populares e com essas estatísticas comerciais.
É como diz o Bi Ribeiro: “o rock continuou no seu lugar, teve um pouco mais em evidência, mas continua lá”. Os grandes festivais ainda levam muita gente, os artistas do seu segmento continuam ali na demanda. O que a gente pode discutir é sobre a renovação. A renovação do fica um pouco oculta nesse processo todo, de como a música é apresentada para o grande público hoje, você tem que ir buscar mais o rock hoje em dia, do que como ele era apresentado antigamente, pela MTV, pelos canais mais convencionais.
Então, acho que o rock está lá para você ir até ele, ele não está sendo mais entregue e distribuído para todo mundo. Talvez até isso causa uma certa dificuldade para a gente “dizer qual a banda de rock atual?”, “quem vai ocupar o lugar de quem na grande cena?”, isso fica um pouco diluído da maneira como a música é consumida hoje em dia, mas o rock vai muito bem, a gente tem certeza disso.
Por que o rock não está hoje nas primeiras posições de músicas mais ouvidas nos streamings?
Porque tem muita coisa de outras órbitas que ganham esse espaço comercial, esse espaço estatístico. O rock fica muito bem onde ele está, falando para o seu público, que é um público muito grande também. Se você puxar algumas estatísticas das bandas, você vai ver que eles ganham milhões ou até bilhões de execuções no streaming.
Um dia desses, o meu amigo Andy Summers falou que “Every Breath You Take” foi a música mais ouvida no streaming ano passado. Teve uma estatística aí que apontou que a música foi a música mais ouvida na história. Um clássico do The Police. Então, eu acho que não adianta a gente ficar comparando essas coisas assim porque fica uma coisa um pouco fora do lugar. Se você quiser saber onde está o rock, você tem que ir para lá, nesse lugar onde ele está. E aí sim você vai ter a dimensão, o valor desse segmento da música. A música significa muita coisa para muita gente, muita coisa diferente para muita gente diferente, o que eu costumo dizer. Então, se o rock não está nas primeiras posições de streaming, isso já não é mais relevante. O importante é saber que o gênero consegue agregar muita gente dentro do seu nicho.
Conta a primeira vez que vocês tiveram contato com o rock.
O rock é tão importante que criaram até o dia especial. É uma coisa até muito “pitoresca”, porque é uma data que foi criada aqui no Brasil, não é uma data mundial, é um negócio que é uma jabuticaba brasileira. Mas tem o seu valor, a gente tem que valorizar. Eu mesmo acho que o Brasil precisa valorizar mais a sua cena, os seus grandes artistas e bandas, eu sou a favor disso.
Se a gente não se valorizar, quem que vai valorizar? Eu acho que a gente tinha que ter um hall da fama do rock brasileiro, todo ano tinha que ter uma homenagem para um grande artista consagrado, um espaço para revelar novos talentos da cena. Enfim, o rock teve muito esse caráter revolucionário no início, quando surgiu nos anos 50, depois vieram as grandes bandas, os fenômenos midiáticos dos Beatles, os Rolling Stones, depois o grande barato do final dos anos 60, Jimmy Hendrix, o “rock doidão” (risos), depois o rock progressivo, depois o punk rock, se opondo a tudo isso, o rock revisitado dos anos 80, a New Wave, depois o Nirvana e o emo. Enfim, a gente teve essa trajetória toda do rock e eu me lembro de ouvir rock em casa. Cada momento da história do rock refletiu uma época do seu tempo, a “superexposição dos Beatles” e o encantamento, daquela coisa que a “Beatlemania” foi pioneira, depois a liberdade, as drogas, depois a contracultura do punk, enfim, isso tudo reflete a época do rock em cada fase que a gente viu da civilização, da era moderna e tudo. Então, o estilo refletia muito a sociedade em cada momento e a gente estava ali vivenciando isso tudo e hoje a gente está aqui com esse resíduo áudio, tudo que o rock representou ao longo dessas décadas.
Existe algum caminho para o rock voltar a ser tão popular como já foi?
Pra ser sincero, acho que não. Não dá para repetir um período histórico social, eu acho que o rock vai continuar tendo a sua relevância sem precisar de uma máquina do tempo. Inclusive, a gente não gosta muito dessa coisa nostálgica, as coisas que ficaram com o tempo elas se provam valiosas, porque tem muita coisa que foi feita que nunca é datada, coisas que são retratos de uma época. Você vê a obra dos Beatles, por exemplo, é um negócio atemporal. Rolling Stones também, Jimi Hendrix…são coisas que ficaram. Eles são perenes, assim como um bom livro, um bom filme.
Eu acho que o rock não precisa ficar “como um cachorro correndo atrás do rabo” para ganhar um espaço, uma presença opressiva na sociedade, na mídia e tudo mais. Tudo que a gente falou aqui em relação ao rock, se sintetiza com essa ideia de que o que já foi feito antes e que ficou, é uma prova de valor dos artistas, das bandas que até hoje têm essa representatividade.
Inclusive, no caso do rock brasileiro, onde a gente se enquadra. Os artistas e bandas brasileiras em cada fase, chegaram a uma importância, uma relevância muito grande, acho que a geração dos anos 80 teve esse mérito de ancorar definitivamente o rock na música brasileira, como uma música brasileira. Antes era uma coisa meio exógena, “meio ET”, meio só de classe média. Aí as coisas se popularizando mais quando chegou aos anos 80, que acabou a censura, acabou as limitações que eram impostas pela ditadura e tudo mais. O rock ganhou o seu espaço definitivo, até mesmo dentro da música brasileira como sendo uma coisa brasileira, originalmente. Foi um grande mérito. O rock não precisa ficar com essa questão de voltar a ser onipresente, voltar a ser popular. Ele continua popular. Só você ir em um festival, só você ver os números de streaming, que não são os mesmos desses fenômenos populares e de outros gêneros. Mas o rock continua “rolando a pedra” e é isso que importa.
Enel Festival de Inverno Rio 2025
Os ingressos para o Enel Festival de Inverno Rio já estão disponíveis para venda no site festivaldeinvernorio.com.br . Os valores variam entre R$ 160, a meia entrada na pista, até R$ 640, entrada inteira no lounge. Clientes ELO têm 15% de desconto e opção de entrada social.
Serviço
Enel Festival de Inverno Rio 2025
Dias 11, 12 e 13 de julho e 01, 02, 03 de agosto de 2025
Local: Marina da Glória
Av. Infante Dom Henrique, s/n – Glória, Rio de Janeiro
Ingressos disponíveis no site: festivaldeinvernorio.com.br
Valores a partir de R$ 160 (3º lote – meia entrada na pista) e R$ 640 (3° lote – inteira no lounge).
Clientes ELO têm 15% de desconto.
Mais informações no site festivaldeinvernorio.com.br