O funk MTG descobriu a MPB e essa é a melhor coisa da música brasileira no momento
Caetano Veloso, Tribalistas, Seu Jorge e outros viraram inspiração para o gênero
Um dos grandes movimentos da música brasileira na atualidade são os funk MTG (sigla para montagem), direto de Belo Horizonte (BH). Depois de conquistar a capital mineira, essa nova vertente do funk agora se destaca nos charts.
Das 100 músicas mais ouvidas do país, segundo a Billboard Brasil Hot 100, duas são MTG e estão no top 50: “MTG Quero Te Encontrar“, na 4ª posição (e chegou a liderar o ranking), e “MTG Forró E Desmantelo“, na 23ª posição.
MTG nada mais é do que uma mistura de melodia e letra de músicas já consagradas, com o beat característico do funk mineiro: mais lento, quase silencioso e com agudos bem destacados.
Depois do sucesso de “MTG Quero Te Encontrar”, as montagens do funk de BH ganharam ainda mais atenção e outras começaram a viralizar. Porém, um fenômeno vem ganhando destaque: as misturas envolvendo sucessos da MPB.
DJ Luan Gomes é uma espécie de líder dessa estratégia. Suas montagens mais recentes são “MTG Você Não Me Ensinou A Te Esquecer“, em referência ao sucesso de Fernando Mendes eternizado na voz do cantor Caetano Veloso, e “MTG Lembra Aquele Tempo Amor“, que aproveita o sucesso de Roberta Campos.
Redes e putaria
No TikTok, essa modalidade viralizou e vem chamando a atenção dos usuários. O primeiro grande sucesso foi “MTG Quem Não Quer Sou Eu“. Sim, é aquela love song do Seu Jorge.
Com uma pesquisa rápida no YouTube, você vai encontrar MTGs como “Menina Veneno“, de Ritchie, e “Velha Infância“, dos Tribalistas.
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Por falar em Tribalistas, um dos grandes sucessos do gênero é a canção “MTG Não Vou Namorar“, uma espécie de homenagem ao hit dos anos 2000, “Já Sei Namorar“.
Porém, diferente de outras montagens, “MTG Não Vou Namorar” usa apenas a melodia. A letra é uma putaria no melhor estilo funk de BH.
Ao invés do refrão original “Tô te querendo como ninguém / Tô te querendo como Deus quiser“, a versão funk utiliza os seguintes versos: “Tô te fudendo como ninguém / ‘Nóis’ dois fudendo como cê quiser”.
Direitos autorais
Em entrevista para Billboard Brasil, DJ Luan Gomes explica que se aventura nas montagens desde 2019. No entanto, foi apenas no ano passado, com uma tentativa de se utilizar de uma canção de Silvanno Salles, que ele decidiu investir em cantores brasileiros.
“Fazia montagens com músicas internacionais, mas só quando fiz essa do Silvano deu certo. Foi aí que decidi pesquisar mais, usar cantores, músicos brasileiros, uma galera da MPB. E vem dando certo, vou seguir nesse caminho”, diz Luan, destacando que esse novo modelo também tem a missão de ligar a nova geração com grandes nomes da nossa cultura.
Contudo, o sucesso também gera uma preocupação com relação aos direitos autorais. O uso indiscriminado de melodias e até mesmo do vocal alheio é algo que preocupa o DJ –mas está longe de impedi-lo de continuar.
Essa questão jurídica faz com que os artistas subam suas músicas, prioritariamente, no YouTube, plataforma onde as barreiras para essa questão são menores.
“Elas não estão lá no Spotify por conta de direito autoral mesmo. Mas eu não me preocupo, não. Eu tento entrar em contato com eles antes de lançar”.
A próxima a se destacar por ter uma música sua fazendo sucesso com a cara MTG (montagem) do funk de BH deve ser Mart’nália. “Cabide” virou “MTG Quero Ver Se Você Tem Atitude” e, nesta terça-feira (21), já era a 11ª música mais ouvida no YouTube.
