Longe do sertanejo da família, João Guilherme opta por carreira diversificada
Filho do cantor Leonardo tem ajudinha de músicas para entrar em seus personagens
Usar a música como uma ferramenta do trabalho. É assim que João Guilherme aposta em playlists para ajudar no trabalho como ator. Diferentemente do pai, o cantor sertanejo Leonardo, e dos irmãos que se lançaram como cantores, ele conta que incorporou canções a seu cotidiano para ajudar na interpretação.
“Eu já sou um cara solar, muito bobinho [risos] e, às vezes, como ator, preciso mudar um pouco esse humor. Então, tenho que escutar música para ficar triste e para chorar”, explica o ator, do signo de aquário, para a Billboard Brasil (compre a sexta edição da revista aqui).
Ainda criança, João Guilherme estreou no cinema como Zezé, em “Meu Pé de Laranja Lima” (2012), e trabalhou no SBT em novelas infanto-juvenis como “Cúmplices de um Resgate” (2015) e “As Aventuras de Poliana” (2018). Ele também atua no streaming, como na série de comédia “Vicky e a Musa”, do Globoplay, e em “De Volta aos 15” (2022), sucesso da Netflix protagonizado por Maisa Silva –de quem é muito amigo – e vai ganhar uma nova temporada.
Em março, João Guilherme começa a filmar “O Rei da Internet”, dirigido por Fabrício Bittar. João interpretará o protagonista, Daniel Nascimento, considerado um dos maiores hackers do país. Ainda em 2024, ele também estreia na série dramática “Da Ponte pra Lá” (HBO Max), criada por Thais Falcão e Erick Andrade, e aborda as diferenças sociais em São Paulo.
“Quando estou gravando cenas mais pesadas, passando por uma semana cansativa, ou chateado com algo, ouço playlists para acessar esses sentimentos mais tristes, além da melancolia e da solitude. É bom ficar sozinho, às vezes. A música me toca com facilidade e isso me ajuda a me concentrar no trabalho”, diz.
A influência musical também acontece no processo contrário, quando um trabalho ou personagem acrescenta novas nuances na trilha sonora da vida de João –ou até resgata gêneros musicais que não se encaixavam em sua rotina na época. “Lembro de um personagem que eu gravava só de madrugada. Eram cenas com carros, de racha. Era uma vibe muito diferente da minha.
Com esse personagem, eu voltei a escutar eletropunk e muitas bandas inglesas”, conta, citando New Order, alt-J e Strawberry Guy. João cresceu em São Paulo, longe do clima sertanejo de Goiânia, onde o pai mora com alguns dos filhos.
Sem influênia artística alguma de Leonardo, o DNA musical veio mesmo da mãe, Naira Ávila, e do tio, Pe Lu, produtor musical e integrante do Restart. A família ouvia MPB em casa –Caetano Veloso era visto, na época, com estranheza pelo rapaz. “Descobri a genialidade dele depois.”
Com a identidade musical ainda em construção, como ele mesmo diz, João Guilherme revela que se inspira em cantores como Rosalía e Frank Ocean para trazer referências visuais e coesão artística para o próprio trabalho –seja na atuação ou na carreira na moda. Ele estreou na São Paulo Fashion Week em novembro de 2022.
“São cantores em quem me espelho muito. Não conquistaram tudo com um estalar de dedos”, diz. “Toda essa excelência, originalidade e identidade que eles trazem para o trabalho é um reflexo de quem são na vida. E, com certeza, se eu puder trazer isso para a minha vida… Poder ser por fora quem eu sou por dentro, de forma artística, é êxito total na carreira.”