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Livros reúnem versos e fotos inéditas de Cazuza: ‘Era um grande poeta’

Livros reúnem versos e fotos inéditas de Cazuza: ‘Era um grande poeta’

Mãe do cantor e compositor, Lucinha Araujo abriu seu acervo para a obra

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Lucinha Araujo, 88 anos, é uma força da natureza. A mãe de Cazuza (1958-1990) chega agora com um novo projeto: mais dois livros –que podem ser adquiridos juntos em um boxe– para valorizar e preservar a obra de um dos maiores e mais importantes cantores, compositores e… Poetas que este Brasil já conheceu.

“Meu Lance É Poesia”, conduzido pelo escritor Ramon Nunes Mello, responsável pela organização e pesquisa da obra, reúne poemas de Cazuza, dos primeiros versos escritos na juventude até as letras das músicas que o tornaram conhecido na música brasileira.

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“O Cazuza era um grande poeta”, definiu Mello, no encontro de lançamento do livro, que contou também com as presenças da própria Lucinha e de Pedro Bial, que intermediou o papo, mas foi também amigo de colégio de Cazuza.

“E a Lucinha guarda tudo, desde que ele era criança. Tem originais das canções mais famosas. Encontrei os inéditos. Comecei, então, a organizar por ano. Mas há alguns que encontramos também sem data”, afirma Mello.

O livro reúne 238 poemas, entre os quais 27 são inéditos, criados entre 1975 e 1989, incluindo manuscritos de famosas canções. Eles vêm acompanhados de estudos críticos, artigos de imprensa e depoimentos sobre a origem dos versos.

“Passei vários dias conversando com o Frejat”, conta Mello, referindo-se ao companheiro de Cazuza no Barão Vermelho, no início dos anos 1980. “Ele nem sabia quantas composições tinham juntos. São 50”, revela. Inclusive, o Barão recebeu de Lucinha uma poesia inédita do filho, musicou-a e lançou neste domingo, no show que fez no Rock in Rio. O título é “Do Tamanho da Vida”.

Outro que sempre recebia as poesias de Cazuza era o amigo Ezequiel Neves (1935-2010), compositor e produtor musical, que assina com ele faixas de grande sucesso, como “Codinome Beija-Flor” e “Exagerado”. “Ele foi o grande mestre do Cazuza. E ambos compartilhavam o amor pela literatura.”

Pedro Bial lembra que Cazuza sempre foi apaixonado por poesia, desde os tempos da escola. Os dois estudaram juntos no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. “Fomos parceiros no jardim de infância, primário e ginásio”, lembra Bial.

“Na escola, ele era muito inteligente, mas desinteressado. Com exceção de geografia, que era a paixão dele. Desenhava mapas. Ele desenhava muito bem. E amava poesia. Quando gostava de algo, sai de baixo. Mas não era de compartilhar muito o que ele escrevia”, revela o jornalista, lembrando de um episódio em que os dois e mais um amigo visitaram Vinicius de Moraes (1913-1980) para um trabalho da escola.

“Quando ele viu que sabíamos os poemas dele, nos serviu uísque”, conta, divertindo-se.

História em fotos

O segundo livro, intitulado “Protegi Teu Nome por Amor”, é uma fotobiografia, com 568 páginas e mais de 700 imagens, muitas delas inéditas. O trabalho de pesquisa passou pelo Acervo Lucinha Araujo, por ensaios de fotógrafos profissionais e contou ainda com reprodução da memorabilia de Cazuza.

Também organizado em ordem cronológica, mostra o início do relacionamento de Lucinha e João Araujo (1935-2013), a infância de Cazuza cercada de afeto familiar em Vassouras e no Rio de Janeiro, a busca da poesia ainda na pré-adolescência por incentivo da avó materna, os estudos de fotografia e artes visuais nos Estados Unidos, a paixão pelo teatro, o sucesso com o Barão Vermelho e sua carreira solo, além da luta contra a aids.

Lucinha lembra de quando o filho decidiu tornar público, em uma entrevista, que era soropositivo. Conta que ela o desencorajou, com medo da reação negativa das pessoas e do preconceito. Cazuza, então, disse: “Mamãe, quem canta ‘Brasil, mostra a sua cara’, não pode se esconder num momento desses”.

Ela lembra que, após a revelação, ele recebeu muito amor das pessoas. “Ele ajudou milhões de soropositivos a mostrarem a cara. Foi a coragem do homem, eu admiro muito”, afirma.

Além das imagens que trazem muitas histórias, o livro reúne depoimentos dos principais amigos e parceiros de Cazuza.

“Lucinha tem uma memória maravilhosa e guardou absolutamente tudo de Cazuza. Esses livros não existiriam se não fosse o amor dela”, encerra Mello.

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