Na linha tênue entre o ruim e o brega, Livinho tentou ‘soul e funk’ no The Town
Arranjos ruins sepultaram primeira meia hora de show do (talentoso) MC e cantor
A audiência do palco Factory lotou o espaço dedicado a talentos promissores para receber o cantor Livinho neste sábado (13), penúltimo dia de The Town.
No palco, o cantor tentava fazer “soul” e “funk” como antecipavam letreiros feios expostos no palco. Não conseguiu: acompanhado de banda, o repertório virou karaokê ao vivo —nada contra, mas a falta de força dos arranjos era nítida, e foi sentida pelo público.
conceito, beleza e dança: tudo em um homem só 😮💨🥵 livinho chegou no Palco Factory! #TheTown2025 #Shows pic.twitter.com/UVHJ3yM6e3
— gshow (@gshow) September 13, 2025
A música mais cantada do dia, por exemplo, acabou sendo “Eu Sei de Cor”, homenagem aleatória à Marília Mendonça, liderada pelo cantor Gaab que aproveitou a oportunidade para levantar uma galera que, até então, vibrava mais pela presença de Livinho do que pela música em si. Teve também o hit “Tem Café”, outro bom momento da primeira parte show de Livinho sem o próprio.
Quando esteve no palco, Livinho protagonizou momentos ruins e outros bregas. Certa feita, destrinchou a letra de “Na Ponta do Pé” enquanto uma bailarina rodopiava e notas avulsas de piano voavam a esmo durante a letra sobre um boquete bom de joelhos no chão.
“Mais animação!”, pediu certo momento a uma plateia que ja estava ali para o carregar no colo. Mas não tinha “soul”, no máximo arranjos genéricos que teriam dificuldade de encantar alguém realmente fã de soul. O que se teve no palco foram momentos mais próximos do cafona do que do brega que parecia buscar. Sem força nos arranjos para chegar na soul music de artistas como Cassiano, Sandra de Sá ou Tim Maia, o cantor também não tinha cacife brega para encostar em fenômenos como Raquel dos Teclados, Priscila Senna ou Raphaela Santos.
No fim, foi o funk que resgatou o show
O show acabou existindo mesmo quando Livinho vestiu tracksuit todo azul e, tal como MC que é, conduziu a plateia a um baile com “Hoje Eu Vou Parar Na Gaiola”, hit seu e de Rennan da Penha, um dos maiores do funk dos últimos dez anos.
Foi um alívio. Depois, o som das cornetas do sample de DJ Guuga trouxe mais um grande momento. Era outra pedrada, “Vidrado em Você”, que fazia público e cantor em mais um raro momento de sintonia. Não foi por falta de vontade do público —que estava pronto para ver um show inesquecível do ídolo —que há muito tempo tem muita coisa que todo mundo acha que um popstar precisa: voz, dança, hits e ambição.
Mas não teve. Embora esperado, o tal “soul” não compareceu. Teve (o bom) momento do MC ao teclado, em notas suaves para “Fazer Falta”, hit de 2016, que culminou em um arranjo, novamente, genérico: entra a guitarra distorcida, a bateria martela e, de repente, tudo vira uma massaroca de som.
A presença de Livinho continua sendo a principal arma: ele dança, ouve-se gritos; ele canta hits, ouve-se o dobro. Mas na hora mesmo de colar alma e som de pretão no negócio, ficou genérico e a plateia reagiu mais ao gostoso cheio de molho no palco do que com a música em si.








