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Jakob Nowell fala sobre suceder o pai no Sublime e sua sobriedade

Jakob Nowell fala sobre suceder o pai no Sublime e sua sobriedade

Veja o depoimento do cantor para a 14ª edição da Billboard Brasil

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Jakob Nowell

Ícone do ska punk e do reggae, o Sublime perdeu seu vocalista, Bradley Nowell, antes do auge da banda nos anos 1990, quando tinha apenas 28 anos.

Hoje, seu filho, o músico Jakob Nowell, está à frente da banda, homenageando o legado do pai e incentivando a conscientização sobre o vício em drogas.

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Veja o depoimento do cantor para a 14ª edição da Billboard Brasiladquira a sua aqui.

“Desde criança, a música era algo que me atraía. Via as guitarras do meu pai e queria tocá-las. Tinha 12 anos quando finalmente pedi ao meu avô para me ensinar a tocar. Isso sempre esteve nas cartas para mim. Estar à frente do Sublime hoje é algo que eu nunca pensei que faria. Não parecia certo, não parecia ser o caminho. Muitas pessoas, quando descobriram que eu poderia cantar, ficaram desesperadas para eu preencher esse espaço. Um vazio tão grande e devastador como a perda do meu pai, que significou muito para tantos.

Quando o momento finalmente chegou, senti que era apropriado e que poderia encontrar um jeito de fazer o tributo de maneira respeitosa, que fizesse sentido. O primeiro show que fizemos foi no Coachella em 2024. Foi incrível, mas tão estressante que quase estragou o momento. Tive pesadelos em que eu tocava todas as músicas erradas.

Sublime no Coachella com Eric Wilson, Jakob Nowell e Bud Gaugh
Sublime no Coachella com Eric Wilson, Jakob Nowell e Bud Gaugh (Joshua Kim)

Nós ensaiamos o máximo possível, mas eu queria mais. Não tive tempo. Eu cresci ouvindo muitas dessas músicas. No último ano, tocar com meus tios e me conectar com meu pai por meio do material dele, as músicas se tornaram um pouco parte de mim também. É difícil, mas aprendi a lidar com expectativas.

Ainda não estou cantando as músicas exatamente como eu gostaria. Há espaço para melhorar. Contudo, preciso enfatizar: eu nunca vou ser exatamente o vocalista que meu pai foi… Esse não é meu objetivo. Fazer shows ou criar músicas inspiradas nele é o meu tributo. Tento fazer o melhor que posso para que todos se divirtam.

Vivo esquecendo o quão grande o Sublime realmente é. Ainda não caiu totalmente a ficha, porque para mim é como a banda local de Long Beach ou algo assim. Eu acho que eles ainda não são grandes o suficiente. Esse é o meu objetivo com o trabalho com a banda.

Bradley e Jakob Nowell
Bradley e Jakob Nowell (Arquivo pessoal)

A morte do meu pai foi trágica e prematura. Seu trabalho deveria ter sido 10 vezes maior do que foi. Quero que o mundo inteiro ouça a música do meu pai, da minha família e cidade natal. Estou feliz de ter esperado tanto tempo para fazer isso. Foi difícil descobrir o que significava, para mim, ter uma identidade.

Acho que é [difícil] quando se é parente de alguém que foi bem-sucedido na mesma área antes. Temos essa tendência de pensar: ‘Preciso ser diferente’. Percebi, depois de um tempo, que muito disso era apenas um eco da voz das pessoas ao meu redor.

É um assunto delicado e estranho. Isso fez parte de toda a minha vida. Há pessoas que acham que eu deveria fazer as coisas de outro jeito. No final do dia, tento não deixar tudo subir à minha cabeça. Não sou especial. Apenas estou em uma situação extremamente estranha e única. Tento me sentir grato e aproveitar ao máximo. Quando eu fiquei sóbrio, a música salvou minha vida. Na reabilitação, eles me deixaram levar meu violão e isso mudou tudo.

Eu estava muito deprimido. Havia muitas pessoas viciadas em heroína se recuperando que também estavam em lugares sombrios. As únicas vezes em que consegui me sentir um pouco bem era quando tocávamos músicas. Era estranho e milagroso. Alguns mal conseguiam mover as mãos, tremendo, pálidos. Mas passavam por mim e abriam um sorriso por 30 segundos. Isso me mostrou o poder verdadeiro da música.

Sublime no Coachella com Bud Gaugh, Jakob Nowell e Eric Wilson
Sublime com Bud Gaugh, Jakob Nowell e Eric Wilson (Joshua Kim/Divulgação)

Tocar com a banda do meu pai me dá um grande senso de propósito. A vida te sobrecarrega com muita coisa. Você pode fugir, negar por muito tempo ou pode se tornar um caubói e calçar os malditos sapatos e ir trabalhar e tentar construir algo ainda melhor com isso. Isso é crescer. Meu pai morreu pelas drogas e estou sóbrio delas.

No dia 25 de janeiro fez oito anos que estou sóbrio. Quero usar essa plataforma para ajudar outros a enfrentarem um dos únicos medos que eu conheço. Não gosto de fazer nada relacionado a política com minha música ou minha carreira. Embora haja tanta coisa por aí que precisa ser falada. Mas simplesmente não é minha batalha.

O vício é a minha batalha. Quando eu escolho usar meu tempo, dinheiro, esforço ou plataforma para aumentar a conscientização, sempre será na esfera da educação sobre o vício e a redução de danos. A fundação da minha família organiza eventos e ajuda a obter tratamento para músicos viciados em opioides.

Agora, tenho 29 anos. Sou mais velho do que meu pai e sou um homem sóbrio. Passei por todas essas diferentes provações e atribulações. Estou em um momento único para criar músicas interessantes, mas também tentando ser alguém melhor para quem eu amo.”

Sublime com Jakob Nowell
Sublime com Jakob Nowell (@bmaisca)

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