Ouvimos: novo álbum de Djavan tem Michael Jackson, Gal e canção sobre ‘novinhos’
'Falta Ralar' dá puxão de orelha ao analisar imaturidade masculina
Djavan está prestes a lançar seu 26º álbum de estúdio, “Improviso”. O álbum conta com 12 faixas e homenagens a Gal Costa (1945-2022) e Michael Jackson (1958-2009) e antecede turnê “Djavanear” que celebra 50 anos de carreira.
Em entrevista à Billboard Brasil, ele também contou mais sobre ter sido perseguido pelas gravadoras e uma estrutura racista no Brasil desde que se lançou compositor (leia mais).
Um dos grandes momentos do disco, porém, tem letras e harmonias calcadas em 2025. A imperativa “Falta Ralar!” desenha uma comparação entre as maturidades femininas e masculinas na adolescência. “Eu tenho um filho de 18 anos, o mais novo”, diz o pai de outros quatro e também avô de três netos.
“Eu observo muito a todos. Eu fico muito atento às conversas que eles têm e as músicas que eles ouvem. Eu achei interessante abordar o encontro de dois adolescentes: uma menina de 15 e um garoto de 18. Como sabemos, a mulher evoluí mais rápido, amadurece antes do que o homem. Então, na música, eu tomo o lugar da menina de 15 anos falando sobre o namorado de 18. “, disse à Billboard Brasil. “Eles acharam muito engraçado”, comentou sobre o react dos netos.
Coisa da idade
Mas você não sabe
Você com 18 já se acha feito
para o que der e vier
Falta ralar!Tem marra de homem
Só anda de fone
Voa como drone
Mas tem homem que não sabe beijar
Diz a mulher:
Falta ralar!(“Falta Ralar”, faixa do álbum “Improviso”)
O alagoano segue como um dos maiores artistas da música popular brasileira, mas seu repertório recente de ineditas não caiu na boca do povo como merecia. Álbuns como “D” (2022) e “Vesúvio” (2018), por exemplo, são pouco reconhecidos pelo mesmo público que o aclama como gênio nas popularíssimas “Samurai”, “Lilás” ou “Flor de Lis”. A depender de “Improviso”, o público ávido por refrães fáceis continuará sedento.
“A minha evolução se dá porque eu fui aprendendo a fazer tudo. Cantar, arranjar, produzir. Como eu faço uma música inusual, de intenção harmônica e melódica muito pessoal, eu tive que aprender também a passar meus códigos para os músicos que tocam comigo. Nego não entendia”, diz o composior aos 76 anos, à frente também da turnê “Djavenear” que estreiará em 2026, no Allianz Parque, em comemoração aos 50 anos de carreira. “Só com sucessos”, ele garante.
Homenagem a Gal Costa e Michael Jackson
Os tributos a Gal Costa (1945-2022) e Michael Jackson coincidem com o ano de 1987: “O Vento”, gravada pela amiga no disco “Lua De Mel Como O Diabo Gosta” e “Pra Sempre”, composta a pedidos de Quincy Jones, produtor de Michael Jackson no álbum “Bad”, do mesmo ano.
Outro destaque de “Improviso” é “Pra Sempre”, com letra dedicada ao popstar Michael Jackson. Encomendada por Quincy Jones no final dos anos 1980, a melodia ficou esquecida e foi enviada com atraso para o produtor do álbum “Bad” por causa da insistência dos filhos de Djavan.
“Eu e Quincy somos amigos até hoje. Uma vez, ele me perguntou se eu queria conhecer Michael Jackson. Eles estavam em estúdio mixando “Bad“. Quincy pediu para eu fazer uma música para Michael. Eu fiz, mas achei difícil ele querer uma canção com pegada brasileira”, conta. Em depoimento em vídeo para seu canal do You Tube, Djavan conta que seu encontro com Michael foi de timidez por parte do astro. “Ele estava todo maquiado, de vermelho, com boné verde da Disney. Sabe passarinho? Arisco e olhando para todos os lados? Ele não olhava pra mim. E quando eu olhava, ele olhava em outra direção”.
Agora, ela ganha letra que homenageia postumamente o “Rei do Pop”, mas também a verve R&B presente na musicalidade do alagoano.
