‘Diversão com propósito’: ZAMP quer tornar Burger King plataforma cultural
Igor Puga, VP de marketing da ZAMP, fala sobre inovação, brasilidade e música


No mais recente episódio do podcast Cabos e Cases, Igor Puga, o vice-presidente de marketing da ZAMP — operadora do Burger King e do Popeyes no Brasil — falou com exclusividade, em conversa com Scappini, co-founder e sócio da Billboard Brasil e Mynd, sobre como a cultura pop pode (e deve) ser tratada como um ativo estratégico pelas marcas. “Marketing tem que parar de perseguir a cultura e começar a promovê-la”, diz ele. “Tem muita marca querendo ‘surfar a onda’ sem sequer entender de onde ela veio.”
Puga assumiu o cargo em janeiro, depois de passagens por agências e pelo setor financeiro, onde ficou conhecido por conectar marcas a expressões autênticas da cultura urbana. Agora, à frente de duas das maiores redes de fast food do país, ele aposta no mesmo caminho. “Quero que o Burger King volte a ser pop. Mas pop de verdade, aquele que nasce da rua e reverbera naturalmente, não porque foi impulsionado com milhões em mídia programática.”
Para ele, o desafio da publicidade atual não é criatividade, mas coerência. “Não dá pra falar de propósito se a sua marca não se envolve de verdade com aquilo que é relevante para as pessoas. O papel da marca não é colonizar a cultura — é ajudar a financiá-la, fomentá-la, proteger quem a cria.”
A música, nesse contexto, aparece como um catalisador poderoso. “Ela é um instrumento de conexão emocional que nenhuma outra linguagem publicitária alcança. A publicidade pode convencer. A música pode comover. Quando a gente entende isso, para de usar artista como mídia e passa a construir junto com ele.”
Puga também defende que a relação entre marcas e cultura precisa ser mais horizontal — especialmente quando se trata de artistas independentes e movimentos periféricos. “Se a gente só colar na estética do que é popular, sem investir em quem está produzindo isso, estamos só explorando. Não é sobre dar palco: é sobre construir estrutura para que a cultura continue existindo mesmo quando a marca sair de cena.”
Com uma temporada intensa de festivais e ativações pela frente, ele promete ousadia nas próximas campanhas. “Fast food tem que ser divertido. E a diversão pode ter propósito, pode ter impacto, pode gerar conversa. A música é um bom lugar pra começar.”