Criticado em Israel, álbum ‘Lider mit Palestine’ dá voz a judeus contra guerra
Compostas em 2023, faixas trazem a língua iídiche
Mesclando elegias, preces e melodias folk, “Lider mit Palestine” é um raro momento da música em 2025 —ainda que o assunto que trate seja a principal tensão geopolítica mundial. São 17 faixas lançadas por artistas da cena iídiche contemporânea para expressar solidariedade aos palestinos e crítica contundente à guerra em Gaza. Em português, “Lider mit Palestine” pode ser traduzido como “Canções ao lado da Palestina” e está disponível no Bandcamp.
O iídiche é uma língua germânica de base alemã, com influências do hebraico, aramaico, eslavos e outras línguas. Foi falado por comunidades judaicas ashkenazi desde o século X até o Holocausto, e hoje é preservado por grupos religiosos e culturais. Artistas como Joe Dobkin, Josh Waletzky e Isabel Frey inserem a língua no contexto atual, abordando temas como luto, violência, identidade e resistência. As letras descrevem Israel com termos como “opressor” e “malfeitor” e “genocídio”.
Além das letras, o álbum mescla elegias, preces e melodias folclóricas, com experimentações que incluem até paródias de símbolos israelenses — como Hatikvah, o hino do país. Uma das faixas, por exemplo, invoca o slogan “From the river to the sea”, reinterpretado pelo produtor Dobkin como um apelo por liberdade universal.
Algumas faixas foram criadas em uma oficina de composição que liderada por Josh Waletzky no festival Yiddish New York, em dezembro de 2023.
“‘Aquilo foi apenas alguns meses após o início da ação militar israelense em Gaza, e houve uma enxurrada de novas canções em iídiche,’ ele lembrou. ‘Foi uma oficina muito emocional, pois as músicas tratavam do que acontecia todos os dias nas notícias. Teve um impacto tremendo em todos.’”, explicou Waletzky em conferência feita por Zoom com os produtores do álbum
Lider mit Palestine, lançado em meados de julho, acaba sendo um manifesto cultural em iídiche que evidencia as divisões internas da comunidade judaica global — entre gerações, entre sionistas e antissionistas, entre memória e dissidência — num dos momentos mais tensos da história recente do conflito Israel-Palestina.
Publicações israelenses, como era esperado, criticaram o lançamento.
