Como norte-coreano, que vivia nas ruas, virou ídolo no K-pop no 1Verse
1Verse será o primeiro grupo de K-pop com integrantes norte-coreanos


Yu Hyuk tinha nove anos quando começou a viver nas ruas de North Hamgyong, uma das províncias mais pobres da Coreia do Norte, aninhada ao longo da fronteira norte com a China e a Rússia.
Segundo uma reportagem da “BBC”, ele roubava comida e fazia tarefas para os soldados na região. Agora, em 2025, ele vai estrear como integrante de um grupo de K-pop nos Estados Unidos.
1Verse (pronuncia-se “universe”) é composto por cinco membros além de Hyuk: Seok, que também é da Coreia do Norte, Aito, do Japão, e os asiático-americanos Kenny e Nathan.
Eles estão prontos para fazer história como a primeira boy band de K-pop a estrear com desertores norte-coreanos.
A trajetória de Yu Hyuk
O jovem nasceu em uma vila costeira no condado de Kyongsong e foi criado por seu pai e sua avó. Seus pais se separaram quando ele tinha quatro anos.
Mais tarde, sua mãe fugiu do Norte para se estabelecer no Sul. Hyuk não quis ir, porque era próximo do pai e não queria deixá-lo.
Ele diz que sua família “não era extremamente pobre”, mas a situação se deteriorou rapidamente com a partida da mãe. O pai não queria trabalhar e sua avó era muito idosa.
Hyuk precisou ir morar nas ruas para sobreviver. Tempos depois, seu pai o convenceu a se juntar à mãe na Coreia do Sul.
Em 2013, o jovem escapou da Coreia do Norte e demorou meses para chegar ao destino, passando antes por vários países.
Com apoio da mãe, ele estudou em um internato e foi encorajado pelo clube de música da escola a seguir a carreira.
Hyuk se formou no ensino médio aos 20 anos. Depois, ele trabalhou meio período em restaurantes e fábricas para se sustentar.
Mas foi em 2018, quando ele apareceu em um programa educacional de TV, sua sorte mudou.
Sua formação única e talento para o rap chamaram a atenção da produtora musical Michelle Cho, que era da SM Entertainment. Ela lhe ofereceu uma vaga em sua agência, a Singing Beetle.
“Eu não confiei em Michelle por cerca de um ano porque pensei que ela estava me enganando”, diz Hyuk para a “BBC”, acrescentando que desertores são frequentemente alvos de golpes na Coreia do Sul.

Os passos de Kim Seok
Kim Seok, de 24 anos, também desertou e chegou ao Sul em 2019, embora sua experiência tenha sido diferente da do seu colego.
Vindo de uma família relativamente rica, Seok morava perto da fronteira com a China e tinha acesso ao K-pop e ao K-drama por meio de USBs e cartões SD contrabandeados.
Por motivos de segurança, ele não revelou mais detalhes sobre sua vida no Norte e como ele chegou ao Sul.
Ambos os meninos foram descritos por Cho como “telas em branco”, acrescentando que ela nunca havia encontrado estagiários como eles.
Ao contrário de Aito e Kenny, que estavam imersos na música e na dança desde cedo, Hyuk e Seok eram iniciantes completos.
“Eles não tinham absolutamente nenhuma noção da cultura pop”, ela disse.
Mas sua capacidade de “suportar desafios físicos” surpreendeu a empresária. Eles passaram por horas exaustivas de prática de dança com tanta determinação que ela ficou preocupada que eles estivessem “exagerando”.
Além das aulas de música e dança, seu treinamento também cobria etiqueta e envolvimento em discussões, para prepará-los para entrevistas na mídia.
“Não acho que eles estavam acostumados a questionar as coisas ou expressar suas opiniões”, diz Cho. “No começo, quando um treinador perguntava o raciocínio por trás de seus pensamentos, a única resposta era: ‘Porque você disse da última vez’.”
Mas depois de mais de três anos, Hyuk fez um progresso notável, ela diz.
“Agora, Hyuk questiona muitas coisas. Por exemplo, se eu peço para ele fazer algo, ele responde: ‘Por quê? Por que é necessário?’ Às vezes, me arrependo do que fiz”, diz a produtora rindo.
Eles pretendem estrear nos EUA ainda este ano.
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