Como Marília Mendonça e mistura de gêneros alavancou mercado sertanejo
Sertanejo cresceu 137% nos últimos cinco anos no Spotify


Impulsionado pela influência de Marília Mendonça (1995-2021), o sertanejo se transformou nos últimos anos. O gênero, um dos mais populares da música brasileira, dominou as plataformas de streaming adotando uma estratégia que a cantora aplicou desde o início da carreira. As parcerias com artistas do piseiro, forró, trap e funk foram essenciais para que o sertanejo crescesse 137% de 2019 a 2023 no Spotify.
“Na pandemia, o sertanejo perdeu espaço dentro dos charts pela primeira vez. Ele sempre foi dominante, mas o piseiro e o forró tomaram algumas posições”, explica Rodrigo Azevedo, editor de música no Spotify no Brasil.
“No ano seguinte, vários artistas de sertanejo lançaram colaborações com forrozeiros, como Barões da Pisadinha, Mari Fernandez e Ávine Vinny. E isso está acontecendo de novo, agora com o funk. Dessa forma, com misturas, o sertanejo se mantém dominante”, acrescenta ele em entrevista à Billboard Brasil.
Rodrigo afirma ainda que o crescimento foi fruto também do amadurecimento do mercado de streaming e o aumento de usuários em todas as regiões do país.

“É importante frisar que, desde 2016, a Marília Mendonça sempre foi uma artista do sertanejo que colaborou com outros gêneros. Aumentar os braços do sertanejo era uma vontade muito genuína dela”, avalia.
Marília teve a música mais escutada dos últimos 10 anos
A música mais escutada entre 2014 e junho de 2024 foi “Leão”, de Marília –ouça abaixo. Na faixa, a cantora explorou a sonoridade do trap e a transformou no maior hit da carreira, gravando versões com o rapper Xamã. No Hot 100 da Billboard Brasil, “Leão” está há 51 semanas entre as mais ouvidas –desde o início dos charts.
Marília Mendonça será homenageada pela plataforma de streaming com um festival em outubro, em São Paulo. A cantora foi vítima de um acidente aéreo em novembro de 2021.
Quem escuta sertanejo?
Em 2022, houve um aumento de 11% nas horas escutadas do gênero sertanejo em comparação com o ano anterior. Já em 2023, o número mais do que dobrou e chegou a 31% de aumento no consumo de horas.
“Tradicionalmente, esses gêneros tem audiências separadas. Mas, nos últimos anos, as barreiras de gênero têm ficado cada vez mais fracas. O sertanejo é dominante entre todas as idades que temos dentro do Spotify”, diz Rodrigo.
“O trap e o funk são mais Gen Z, e isso faz parte do rejuvenescimento do sertanejo, de se aproximar desses artistas, porque trazem uma nova audiência. É impossível que alguém não saiba o que é o sertanejo ou não tenha escutado, ou sido impactado de alguma forma no Brasil”, finaliza.