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Como Eduardo Pepato virou o produtor mais requisitado da música sertaneja?

Como Eduardo Pepato virou o produtor mais requisitado da música sertaneja?

O produtor Eduardo Pepato

A cidade de Marialva, no Paraná, é conhecida como a “capital da uva fina”. Além dela, o cultivo de café fortalece a agricultura e a economia locais. Assim como os agricultores de sua terra natal, Luiz Eduardo Pepato, trabalha semeando terrenos férteis –mas na música sertaneja. Ele ajuda cantores a criar hits.

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Aos 37 anos, o produtor musical é um dos nomes mais requisitados no universo sertanejo. “O repertório prospera onde ele coloca a mão”, resume Grelo, dono do viral “Só Fé”, que, no mundo da composição, assina como De Ângelo e já trabalhou bastante com o paranaense.

Dos dez álbuns mais ouvidos do Spotify Brasil, seis contam com os cuidados de Pepato. Entre eles estão “Manifesto Musical” (2022), de Henrique e Juliano, “Festa das Patroas 35%” (2021), de Marília Mendonça (1995-2021) e as irmãs Maiara e Maraisa, e “Todos Os Cantos, Vol. 1” (2019)”, da eterna Rainha da Sofrência. Este último, inclusive, lhe rendeu o Grammy Latino de melhor álbum de música sertaneja.

Até o fechamento desta reportagem, entre as cem músicas mais ouvidas, segundo o Billboard Brasil Hot 100, 12 músicas passaram pelas mãos do produtor. Além da produção, Eduardo Pepato está à frente da direção musical de grandes projetos da indústria fonográfica, como os DVDs “Cintilante” (2023) e “Cantando Sua História”, de Simone Mendes (2024), e “Transcende” (2024), de Lauana Prado.

Ele é arranjador, produtor, diretor musical e engenheiro de masterização. Joga em quase todas as funções –só não se arrisca como intérprete e compositor.

“Não fui para a composição porque não queria criar atrito com os compositores ou me tornar um concorrente. Prefiro tê-los ao meu lado. São grandes parceiros, e sem eles não fazemos nada”, diz, em entrevista à Billboard Brasil.

Quem vê o entrevistado em importantes shows e gravações, movimentando um mercado cada vez mais em alta e com um portfólio de incontáveis sucessos, talvez não imagine que ele seja uma figura serena, tímida e que, nas horas vagas, foge ao máximo desse universo. “Sou caseiro para caramba!”, confessa ele, que atualmente mora em Mairinque, no interior de São Paulo, onde fica seu estúdio, o Nahouse.

No tempo livre, Pepato prefere assistir a séries e filmes e, quando raramente sai, vai ao shopping. “Quando não estou trabalhando, procuro dar um tempo na mente, não escuto muita música”, revela. E, quando escuta, suas preferências pessoais passam longe da sofrência ou da farra sertaneja. “Ouço rock dos anos 1980 e 1990, gosto muito de Bon Jovi.

De office boy aos charts

Nascido em um lar musical, Pepato começou a se afeiçoar pelo mundo artístico aos 5 anos, quando aprendeu a tocar bateria. Mais tarde, passou a acompanhar seu pai, Antonio Pepato (1949-2017), em uma banda de formatura. Já na adolescência, ampliou seu leque de instrumentos ao aprender a tocar teclado e fez parte de outros grupos de música.

Antes de mergulhar de cabeça no mercado fonográfico, chegou a trabalhar como office boy em uma ótica e também foi roadie, técnico responsável pela pré-produção de shows. Aos 17 anos, já não conseguia conciliar sua nova paixão com o antigo trabalho.

Por incentivo do pai, começou a se aventurar na produção musical. “Ele disse que eu precisava aprender a trabalhar com o computador, a usar o software de gravação”, relembra. Assim, o aspirante a produtor montou o Mambembe, seu primeiro estúdio, na garagem de casa. Foi lá que nasceram suas primeiras produções, que eram jingles de lojas e campanhas políticas.

Ainda no Paraná, passou a trabalhar com sertanejos como freelancer em estúdios da região. Mas as coisas só começaram a andar quando ele se mudou para São Paulo em 2008 e, pouco tempo depois, iniciou as próprias produções.

Os primeiros sucessos de sua carreira foram “Amar Não É Pecado” (2013), de Luan Santana, em que foi responsável pelos arranjos, e “Não Tô Valendo Nada” (2014), faixa de Henrique e Juliano, na qual trabalhou como produtor.

O músico conheceu grandes fenômenos do sertanejo ainda no começo de suas carreiras, quando nem sonhavam conquistar o Brasil. “Estou com Henrique e Juliano, Maiara e Maraisa desde 2012. Também acompanhei a Marília [Mendonça] em todos os projetos dela”, lembra ele.

Maraisa é só elogios ao parceiro. “É uma honra trabalhar com uma mente tão genial, que abraça nossas ideias e faz de tudo para que se tornassem realidade. Ele é parte da nossa história de sucesso.”

Sendo um nome tão requisitado na indústria e à frente de tantos hits, qual é o principal critério para uma música ganhar a assinatura de Luiz Eduardo Pepato? Afinidade com o artista.

“Sem isso, não conseguimos dar nenhum passo”, define ele. Parece estranho, mas é algo essencial na troca entre produtor e intérprete, visto que, em muitos casos, os encontros no estúdio acabam sendo tão íntimos quanto sessões de terapia. “Quando estamos juntos, não falamos só de música, mas de vida pessoal também.”

Um dos diferenciais do marialvense é que, assim como um agricultor, ele acompanha todas as etapas do processo de semear uma música, cuidando dos mínimos detalhes para que os frutos colhidos sejam os melhores possível. “Faço desde a produção do repertório até os arranjos, a gravação e a finalização. Com isso, acabo produzindo bem menos do que outros profissionais da área”, comenta.

“Ficam nítidos o amor e a dedicação dele em cada detalhe das músicas, e isso é um grande diferencial”, avalia Lauana Prado.

Sendo referência no sertanejo, Pepato tem vontade de se aventurar em outro estilo musical e, há anos, deixou claro seu desejo de trabalhar com uma estrela pop. “A Anitta e a Luísa [Sonza] são algumas delas”, enfatiza. Mas, como a arte do cultivo, tudo tem seu tempo. “Sempre deixei as coisas acontecerem naturalmente. Na hora certa, elas acontecem.”

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