É com “Juízo Final” que Ivete Sangalo introduz seu público a Clara Nunes (1942-1983), a inspiração da turnê “Ivete Clareou”. Depois da estreia em São Paulo, no último sábado (25/10), o show chega a Belo Horizonte, a cidade onde Clara iniciou sua carreira.
O samba clássico de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares se tornou muito popular quando foi gravado pela mineira no álbum “Claridade” (1975), que traz também “O Mar Serenou”, igualmente incluída na turnê de Ivete.
Mas a história dela com a música começou antes da chegada a BH. Nascida no distrito de Cedro, de Paraopeba, que mais tarde se tornou o município de Caetanópolis, Clara Francisca Gonçalves cresceu ouvindo Ângela Maria, Dalva de Oliveira e Elizeth Cardoso.
Caçula de uma família de sete filhos, foi criada pelos irmãos, já que os pais morreram antes de ela fazer 7 anos. Trabalhou desde cedo, como operária no interior e também na capital. Chegou a BH aos 16 anos após um episódio trágico. A família teve que fugir depois que o irmão matou seu ex-namorado, que a estava importunando e difamando.
Clara logo conseguiu emprego na Companhia Renascença Industrial. Cantou em corais e acompanhou bandas de baile até chegar ao rádio.
Passou a se chamar Clara Nunes, usando o sobrenome de solteira da mãe. Ainda em BH, teve um programa na Rádio Inconfidência e, depois, na TV Itacolomi. Já muito conhecida em Minas, foi para o Rio de Janeiro em 1965, lançada por Carlos Imperial — o mesmo que revelou Wilson Simonal e Roberto Carlos.

600 mil cópias vendidas
Em 1974, com o LP “Alvorecer”, Clara se tornou a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil discos — uma barreira simbólica que até então nenhuma mulher havia rompido. O álbum alcançou mais de 300 mil cópias naquele ano e, com as vendas posteriores, ultrapassou 600 mil, impulsionado por “Conto de Areia”, de Romildo Bastos e Toninho, samba de inspiração afro que se tornaria um de seus maiores sucessos.
O caminho se consolidou no ano seguinte, com “Claridade”. Nos palcos e nas capas dos álbuns, Clara reforçava o vínculo com o sagrado: vestia branco, subia ao palco descalça e cantava como quem reverencia o terreiro e o mar.
Em 1975, casou-se com o compositor Paulo César Pinheiro, autor de “O Canto das Três Raças” (1976), um dos marcos de sua carreira, ao lado de “Morena de Angola”, composta por Chico Buarque especialmente para ela em 1980.

Apelidada de Sabiá, Clara Nunes morreu em 1983, aos 40 anos, em decorrência de complicações de uma cirurgia de varizes, causando grande comoção nacional. Seu último disco, “Nação” (1982), é uma espécie de síntese de tudo o que construiu: a celebração da ancestralidade, da fé e da força feminina que seguem inspirando, como agora, no brilho de Ivete em “Clareou”.
SERVIÇO — “99 APRESENTA IVETE CLAREOU”
Belo Horizonte
Quando: Sábado, dia 01/11
Local: Área externa do Mineirinho (Av. Antônio Abrahão Caram, 1000 – Pampulha, BH/MG)
Horário: Abertura dos portões às 14h
Ingressos: Ingresse (ingresse.com/iveteclareoubh/)
Próximos shows 
22/11 – Rio de Janeiro – Marina da Glória
30/11 – Salvador – WET
13/12 – Porto Alegre – Parque Harmonia
Mais informações no site e no Instagram
 
             
						 
		    








