Alguns dias na vida são especiais. Por isso, eu preciso contar para vocês como foi participar do Altas Horas especial Caetano Veloso. Aliás, tudo o que eu sabia quando eu recebi o convite para a pauta é que seria um programa especial em homenagem ao cantor e compositor baiano. Todo o resto seria surpresa.
Vamos lá.
Era 20h14 de uma terça-feira, até então, comum. Mas vamos combinar que estar dentro de um estúdio da rede Globo já não é nada comum. Muito menos quando você presencia, a poucos metros de distância, a história da música brasileira.
Tratava-se da celebração de 25 anos do Altas Horas, programa comandado com excelência pelo carismático eterno “fala, garoto” Serginho Groisman. Um arquivo vivo da cultura do país.
Há mais de duas décadas na programação noturna dos sábados, o Altas Horas promove encontros espetaculares de diferentes personalidades da sociedade brasileira. Mas não há dúvidas que os encontros musicais entram para a história da TV nacional.
Uma festa familiar
Já Caetano é quase um membro fixo da família brasileira, né? Eu lembro que quando eu era criança o rádio que meus pais ouviam sempre tinha aquela voz suave, afiada, com vibratinho e sotaque típico do Caetano. Eu nem sabia que era fã até me tornar adulta e perceber a quantidade de músicas que fazem parte da minha vida e que sei de cor.
O programa teve um efeito em mim parecido com uma celebração organizada por um tio festeiro (Serginho) para um tio referência e orgulho da família (Caetano).
E para essa grande festa, Serginho chamou um time de peso: Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Ivete Sangalo, Xande de Pilares, Mosquito, Kleber Lucas e Pretinho da Serrinha, além dos filhos Tom, Zeca e Moreno Veloso.
Para começar o especial, “Alegria, Alegria” (1967) foi entoada. A canção segue atual e ouvi-la hoje reforça que desde o início da carreira, Caetano trazia um espiríto trasngressor que convida a experimentar o novo. Por que não?
Mesmo sendo uma das maiores estrelas do país, Ivete Sangalo estava emocionada diante de Caê. Ela cantou “Trem das Cores” e revelou que é uma das músicas mais importantes de sua vida.
Ivete Sangalo recorda que a aproximação com Caetano aconteceu de forma natural “Eles [Gil e Caetano] já eram uma presença importante na minha vida, me estruturaram como cantora e como compositora”, diz.
Xande de Pilares, assim como Ivete, compartilha o quanto tem Caetano como inspiração: “Aprendi a tocar violão com revistas e músicas dele. Só não imaginava que um dia seria amigo do Caetano”, afirma.
Um dos momentos mais marcantes foi o encontro de Caetano com os filhos Tom, Zeca e Moreno Veloso. Juntos cantaram “Força Estranha”. E a plateia sentiu a energia desta família tão musical de Santo Amaro da Purificação dentro do estúdio.
Deuses que erram
Na parceria com outro outro mestre da MPB, Gilberto Gil, um momento curioso: Gil disse que algum deles havia errado uma nota. Resolveram cantar novamente (para nossa felicidade) e acabaram errando de novo. Nós, meros ouvintes, nem percebemos que algo fora do comum havia acontecido. E vibramos com a oportunidade ouvir mais um pouco dos amigos octagenários.
Outro momento tocante foi a performance de Caetano com Kleber Lucas cantando “Deus Cuida de Mim”. Um coral estava na plateia e foi notado pelo apresentador. Mais tarde, o mesmo coral foi ao palco para cantar “Terra” e deixou Caetano emocionado.
Após quatro horas de gravação, estava cansada, mas feliz com o desfile de craques da música do Brasil.
Além das homenagens ao Caetano, alguns convidados não sabiam, mas também receberam um tributo, que só poderá ser descoberto na transmissão neste sábado (11).
