BK’ faz autoanálise no seu novo álbum
Rapper entregou para o mundo 'Diamantes, Lágrimas e Rostos Para Esquecer'


O rapper BK’ apresentou ao mundo nesta terça-feira (28) seu novo álbum, “Diamantes, Lágrimas e Rostos Para Esquecer“. Atual, ele é uma espécie de autorretrato de um Abebe Bikila (nome de batismo de BK’) de anos atrás.
Um dos maiores nomes do rap nacional na última década, o cantor colocou o dedo nas próprias feridas para entregar um trabalho com sua própria cara, suas dores e amores. Até porque, no fim das contas, nenhuma experiência é individual.
“Esse álbum não é linear, você não precisa ouvir as músicas em sequência. Eu faço um retrato de um momento de desapego, de várias dinâmicas da vida: amor, família, amigos. Ele caminha por esse lugar de enfrentar a dor de seguir em frente”, explica o rapper em entrevista para Billboard Brasil.
Nessa autoanálise de 16 faixas, o rapper explica que, desde ÍCARUS, seu quarto álbum de estúdio, lançado em 2022, ele já tinha um desejo (e material) para fazer um álbum onde ele fosse o protagonista,
No entanto, esses três anos decantando suas questões fizeram com que BK’ produzisse um discurso mais maduro.
“Tinha uma época da minha vida que eu queria crescer: como pessoa, como profissional. E fiz uma auto-análise nesse álbum”.
Em ‘ÍCARUS’, estava testando minha criatividade, sem falar como estava. Nesse álbum, é muito mais sobre como eu me sinto, sobre a confusão na minha cabeça. Nem sempre você tá disposto a visitar lugares que você se sente mal. Me senti pronto para isso.
O processo criativo
Numa espécie de oposição a “ditadura dos 1001 feats”, BK’ não está entre os MCs que mais recebem colaboração nos seus álbuns. E, além disso, faz questão de trazer convidados que admira para além dos números (Melly) e parcerias inusitadas (como Borges e Luedji Luna na mesma faixa).
“Meu rolê com os feats é que, na minha visão, não adianta só pegar o nome do momento. Quero que tenha algo de música, que eu me conecte mesmo com a pessoa. Por exemplo, com a Marina Sena [os dois participaram da música ‘Se Eu Não Me Lembrar’]. De início, muita gente ficou meio assim, porque não imaginava esse feat. Mas deu certo, rolou uma conexão de música”.
Se a primeira semente deste álbum nasceu em 2022, em meio ao processo de ÍCARUS, ela floresceu mesmo há alguns anos, quando BK’ decidiu que a maioria das músicas deste álbum teriam samples cantados nos refrões.
Isto é: o rapper e seus produtores recortariam pequenos trechos de músicas já lançadas por outros artistas e usariam esses recortes como refrão das músicas do novo álbum de BK’.
Entre os artistas que tiveram músicas usadas pelo rapper carioca estão Milton Nascimento e Djavan. Com a devida autorização dos envolvidos, o MC conta que esse processo foi o mais trabalhoso— e também o mais prazeroso— do álbum.
Eu falei com a galera que queria um álbum com samples nos refrões. Daí, cada um foi dando uma ideia diferente. Eu estava recebendo beat há três semanas. Não parava de chegar coisa. No fim das contas, esse foi o processo mais gostoso.