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House, country, rock? Beyoncé quer reivindicar gêneros musicais negros

House, country, rock? Beyoncé quer reivindicar gêneros musicais negros

Com 'Cowboy Carter', cantora lançou 'Ato II' de sua trilogia

Avatar de Liv Brandão
Beyoncé em 'Cowboy Carter'

Já faz (muito) tempo que Beyoncé é muito mais que uma belíssima diva pop com um baita vozeirão. Jogando-se nos álbuns conceituais desde “Beyoncé”, de 2013, e aprofundando-se na arte com maestria em “Lemonade”, de 2016, a cantora norte-americana surpreendeu ao explorar a house music no sucessor, “Renaissance” (2022), e um pouco menos com o excelente recém-lançado “Cowboy Carter” (2024). É que neste disco, Beyoncé, nascida no Texas, assumiu de vez o flerte que teve com o country na faixa “Daddy’s Lessons”, de “Lemonade”.

“Renaissance” foi o primeiro de uma trilogia de álbuns, dividida por ela em atos. Depois de muita especulação, Beyoncé confirmou as suspeitas dos fãs nos agradecimentos do disco. “Este projeto de três atos foi gravado por três anos durante a pandemia. Um tempo para ficar quieta, mas também um tempo que me achei mais criativa (…) Essa é uma linda jornada de exploração.”

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No seu celebratório primeiro ato, Beyoncé fugiu do estereótipo branco associado ao gênero eletrônico para lembrar ao mundo –pois se alguém tem o poder de chamar a atenção do mundo inteiro é Queen B– que a house music tem como “poderoso chefão” o DJ Frankie Knucles, morto há dez anos, bem como muitos outros nomes de origem negra em sua fundação.

Pois em “Cowboy Carter”, o Ato II, ela convocou grandes nomes do country, como Dolly Parton e Willie Nelson para reverenciar Linda Martell, que enfrentou todo o tipo de preconceito por tentar se estabelecer como cantora country nos anos 1960 (adivinhe a cor dela). Com seu novo disco, Beyoncé pretendia devolver à comunidade negra um gênero que nasceu dela muito antes de que brucutus brancos curtidos pelo sol, de chapéu, bota e espora dominassem o imaginário popular.

Deu certo: Bey foi a primeira artista afro-americana a liderar os charts dedicados ao country na Billboard (o que é sintomático por si só) e despertou a ira de rednecks racistas de rádios que se recusam a tocar suas músicas na programação de rádios do sul dos EUA –o que é uma forma torta, mas inegável, de se medir sucesso. E, mais do que isso, mostra que o plano dela vem dando certo.

Premiada por sua mente inovadora no I Heart Radio Awards, nesta semana, Beyoncé agradeceu a outra inovadora, a Irmã Rosetta Tharpe, considerada a mãe do rock’n’roll ao acelerar o gospel com sua guitarra elétrica distorcida. Isso reforçou a teoria dos fãs de que o Ato III, ainda sem previsão de lançamento, será um álbum de rock.

Some-se isso às referências a grandes nomes do rock como os Beatles (“Blackbird”, que ela regravou, é uma música sobre os direitos civis da população negra, aliás), aos Beach Boys (em “Ya Ya”) e a Chuck Berry (“Smoke Hour”), Beyoncé dá a entender que sua próxima empreitada será a missão de devolver um dos mais embranquecidos dos gêneros musicais aos negros.

Torcemos para que sim.

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