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Após boicote de artistas em SP, Boiler Room oferece reembolso de ingressos

Após boicote de artistas em SP, Boiler Room oferece reembolso de ingressos

Boiler Room foi comprado por empresa que gere iniciativas israelenses sionistas

Depois de ser alvo de boicote —e ver desabar o line-up que tocaria no dia 1º de agosto—, o Boiler Room comunicou aos interessados no evento que haverá a possibilidade de reembolso para o “maior evento até hoje” da marca no Brasil.

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De acordo com comunicado enviado por email, os consumidores poderão solicitar o reembolso até quinta (31) pela plataforma onde o ingresso foi adquirido. Produtores e DJs brasileiros que estavam no line-up como D. Silvestre manifestaram-se, nas redes sociais, alertando que não tocariam no evento.

+Leia mais: Boiler Room é cancelado após boicote; veja detalhes

“Era uma realização participar do evento. Tomei um tempo para digerir, para pensar. Muita gente pedindo posicionamento de um dia para o outro e não é assim que funciona. Eu me senti bem, no final das contas”, disse D. Silvestre por telefone à Billboard Brasil. “Alguém tem que dar um passo, começar alguma coisa. Os artistas influenciam pessoas. Por um lado, é chato —tem muita gente sem noção [cobrando posicionamento]. Mas é a vida e eu escolhi essa profissão. Ser artista é isso. As pessoas esperam que você lide bem com algo que você nunca lidou… É algo inédito para mim. Ninguém quer estar nessa posição. Mas eu acho que, sim, tem que cobrar”, disse o produtor rondoniense, autor de “O Que As Mulheres Querem”, um dos álbuns destaques de 2025.

Além dele, tocariam no evento Delcu, Alirio e Thiago Martins.

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Desde o final de 2024, a iniciativa de música eletrônica vem sendo boicotada por artistas que protestam contra a empresa de investimento Kohlberg Kravis Roberts & Co (também conhecida como KKR): ela é investidora da Boiler Room por meio da empresa Superstruct Entertainment —e também de uma série de outras empresas que financiam, direta ou indiretamente, o sionismo e sentimento anti-palestina.

Adquirida em junho pela KKR, a Superstruct Entertainment é responsável por uma série de festivais internacionais, incluindo Sziget, Brunch Electronik, Flow, Awakenings e muitos outros.

 

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A KKR tem muitos investimentos, mas os mais notáveis para os fãs de rave, artistas e o movimento pró-Palestina incluem investimentos na Axel Springer (uma empresa de mídia alemã que supostamente anunciou os assentamentos ilegais de Israel na Cisjordânia), Guesty (empresa de software israelense imobiliário de gerenciamento de propriedades que supostamente aluga propriedades em terras palestinas ocupadas), Circor International e a empresa australiana de defesa e tecnologia Advanced Navigation.

A nova administração do Boiler Room gerou uma reação global, incluindo pedidos de boicote, protestos do lado de fora de seus eventos, artistas e parceiros se retirando de suas programações e uma instituição de caridade palestina se retirando de um produto recentemente anunciado para arrecadação de fundos.

Dois meses após venda para a KKR, o Boiler Room chegou a tentar se distanciar das políticas da nova dona, mas sem condená-las. Na nota oficial, a Boiler Room compartilhou detalhes do seu novo momento e a capacidade de sua própria equipe protestar ou ter influência na decisão de envolver a Superstruct e a KKR. Também afirmaram que “nenhum funcionário da Boiler Room, em qualquer nível, detinha qualquer propriedade ou direito a voto na empresa e não tinha controle sobre a venda. Também não podemos desinvestir porque não temos voz ativa em nossa propriedade”.

A declaração prossegue compartilhando detalhes do apoio do Boiler Room à Palestina, incluindo sua adesão às diretrizes do BDS e do PACBI. “Defendemos o direito internacional e os direitos humanos para todos, independentemente da identidade”, diz a declaração. No site do Boiler Room, “sempre permaneceremos assumidamente pró-Palestina” , há hiperlinks para “Palestine Underground”, um documentário de 28 minutos que o Boiler Room lançou há mais de 6 anos.

Originalmente, ao anunciar a compra, o fundador da Boiler Room, Blaise Belleville, declarou: “Ao completarmos 15 anos e entrarmos em nossa próxima fase de crescimento, estamos entusiasmados com a parceria com a Superstruct para este capítulo. Nos sentimos em boa companhia com seu portfólio de marcas, que nos oferecem novas oportunidades de crescimento, ao mesmo tempo em que compreendemos a importância de nos mantermos fiéis à autenticidade que, em sua essência, torna a Boiler Room especial.”

Em Detroit, evento também sofreu boicote

Em Detroit, os DJs ClentSlugo também se retiraram da programação do Boiler Room. DJ Slugo anunciou a notícia de sua desistência no Instagram no começo de julho escrevendo qu “Depois de saber mais sobre a propriedade e o financiamento por trás do Boiler Room – especificamente sua aquisição pela KKR, uma empresa com investimentos diretos em fabricantes de armas e laços financeiros com o estado de Israel – não posso, em sã consciência, participar deste evento.”

Ele acrescentou que “não foi uma decisão fácil”, mas disse que foi “a decisão certa”, afirmando que está “com o povo da Palestina e com artistas e comunidades em todo o mundo exigindo responsabilidade das plataformas que lucram com nosso trabalho e nossas vozes”.

No mesmo dia, DJ Clent anunciou sua retirada do lineup no Twitter , explicando que não compareceria mais ao evento, que acontecerá em 26 de julho em um local ainda não anunciado em Detroit. “Ao obter mais conhecimento sobre a propriedade e o financiamento da Boiler Room , particularmente sua aquisição pela KKR, uma empresa com investimentos diretos em fabricantes de armas e conexões financeiras com o estado de Israel, sou obrigado a me dissociar deste evento”, escreveu ele. Em junho, o DJ Gulley, também de Detroit, anunciou que não se apresentaria mais no mesmo evento do Boiler Room.

Uma campanha de arrecadação de fundos foi feita para ajudar artistas a recuperar cachês perdidos —e, até agora, arrecadou cerca de R$ 10 mil de uma meta de R$ 15 mil. O “Boiler Room Artist Relief Fund” é descrito como um “recurso financeiro de financiamento coletivo com o objetivo de apoiar DJs e produtores que estão boicotando o Boiler Room cancelando suas próximas apresentações”.

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