Você está lendo
DJs e organizadores de boicote falam sobre cancelamento do Boiler Room em SP

DJs e organizadores de boicote falam sobre cancelamento do Boiler Room em SP

Movimento repercutiu em atores da cena eletrônica

O Boiler Room confirmou, nesta sexta (1), o cancelamento da edição paulistana que teria os produtores e DJs Alírio, D. Silvestre, Thiago Martins e Delcu como atrações. A marca enfrenta, desde o final do ano passado, retaliação de atores da música eletrônica à empresa de investimento Kohlberg Kravis Roberts & Co (também chamada apenas como “KKR”).

VEJA TAMBÉM

Aos interessados no evento, por e-mail, o Boiler Room justificou o cancelamento para “garantir a segurança dos frequentadores e dos manifestantes pacíficos”. Adquirida em janeiro pela por uma empresa do grupo KKR,  a marca passou a sofrer boicote internacional e, mais recentemente, em solo brasileiro.

Imagem

Responsáveis diretos pelo decorrente cancelamento, a organização do Boicote Boiler Room afirmou que o movimento, inicialmente, não teve sua causa chancelada pelos atores da cena. “A cena sempre teve dificuldade para debater essas questões e, muitas vezes, acaba defendendo o que vem de fora em vez do que é daqui. Por isso, no começo, as denúncias não foram bem recebidas”, afirmaram em conversa pelo perfil no Instagram.

A versão brasileira do boicote ocorre poucos meses depois de iniciativas nos Estados Unidos e na Espanha —no espanhol Sónar, mais de 70 artistas assinaram uma carta em oposição aos interesses comerciais na Cisjordânia do proprietário do evento.

Artistas anteriores confirmados no evento, D. Silvestre e Delcu se retiraram do evento após repercussão do movimento. À Billboard Brasil, Silvestre disse que “era uma realização participar do evento”, mas que foi preciso “digerir”. “Alguém tem que dar um passo, começar alguma coisa. Os artistas influenciam pessoas. Por um lado, é chato —tem muita gente sem noção [cobrando posicionamento]. Mas é a vida e eu escolhi essa profissão. Ser artista é isso. As pessoas esperam que você lide bem com algo que você nunca lidou… É algo inédito para mim. Ninguém quer estar nessa posição. Mas eu acho que, sim, tem que cobrar”, disse o produtor rondoniense, autor de “O Que As Mulheres Querem”, um dos álbuns destaques de 2025.

Delcu, por sua vez, reiterou ser “contra o genocídio palestino cometido pelo governo de Israel” por meio de nota em seu Instagram.

A Superstruct, que reúne mais de 50 festivais é responsável por gigantes como o espanhol Sónar, que também enfrentou um boicote neste ano, e o DGTL, que tem edição marcada no Brasil para novembro.

A empresa foi comprada em junho do ano passado pela gestora norte-americana KKR, numa negociação estimada em €1,3 bilhão (equivalente a cerca de R$ 7,3 bilhões). O fundo é conhecido por investir em diversas áreas, incluindo startups israelenses como a Guesty, que atua também em regiões da Cisjordânia.

Em março, a equipe da Boiler Room mencionou “o lado da Palestina” e afirmou seguir ao lado da causa, tendo também se declarado apoiador das diretrizes do movimento BDS (Boycott, Divestment, Sanctions — Freedom, Justice, Equality) criado por ativistas palestinos em 2005.

Apesar do posicionamento ter sido reconhecido oficialmente pelo BDS, grupos como Ravers for Palestine e Rolling for Palestine decidiram manter o boicote e o chamado. O evento no Brasil foi o único cancelado oficialmente até agora.

Mynd8

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
Publicado pela Mynd8 sob licença da Billboard Media, LLC, uma subsidiária da Penske Media Corporation.
Todos os direitos reservados. By Zwei Arts.