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10 coisas que aprendemos com o documentário de 50 Cent sobre Diddy

10 coisas que aprendemos com o documentário de 50 Cent sobre Diddy

Documentário fala sobre histórico de supostos abusos sexuais do rapper

P Diddy em evento em 2012

Quando 50 Cent anunciou seus planos de produzir um documentário sobre o histórico de supostos abusos sexuais de Diddy e seu antigo rival, muitos imaginaram que o magnata do hip-hop estivesse apenas provocando novamente.

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Pedro Sampaio (créditos - Steff Lima)

A Netflix adquiriu os direitos do documentário, produzido por 50 Cent e dirigido por Alex Stapleton, e a data de lançamento para terça-feira (2 de dezembro) foi revelada na semana passada, confirmando que 50 estava realmente empenhado em produzir a série documental.

“Sean Combs: o Acerto de Contas” é dividido em quatro episódios de aproximadamente uma hora cada, detalhando a ascensão e queda de Diddy, com depoimentos de pessoas que trabalharam próximas a ele ao longo de sua consagrada carreira no hip-hop — bem como daqueles que foram vítimas de seus abusos mentais, físicos e sexuais ao longo dos anos.

Há também um episódio dedicado ao envolvimento de Diddy na rivalidade entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos e sua ligação com as mortes de The Notorious B.I.G. (1972-1997) e 2Pac (1971-1996).

“Tenho me dedicado a contar histórias reais há anos por meio da G-Unit Film and Television”, disse 50 Cent em um comunicado. “Sou grato a todos que se apresentaram e confiaram em nós com suas histórias, e orgulhoso de ter Alexandria Stapleton como diretora do projeto para levar essa importante história para as telas.”

Os cineastas do documentário também tiveram acesso a imagens reveladoras de Combs filmando seu dia a dia nos dias que antecederam sua prisão por acusações federais em setembro de 2024.

“Sendo mulher na indústria e vivenciando o movimento #MeToo — vendo gigantes da música e do cinema sendo julgados e sabendo quais foram seus desfechos… Quando Cassie desistiu do processo, pensei que isso poderia tomar um milhão de rumos diferentes”, acrescentou a diretora Stapleton.

“Eu me perguntava como ela teve a coragem de enfrentar um magnata como Sean Combs. Como cineasta, soube imediatamente que era um teste de resistência para saber se mudamos como cultura, no que diz respeito à capacidade de lidar com acusações como essa de forma justa.”

Stapleton continuou: “Não se trata apenas da história de Sean Combs, da história de Cassie, da história de qualquer uma das vítimas, das acusações contra ele ou do julgamento. Em última análise, esta história é um espelho [que nos reflete] como público e o que estamos dizendo quando colocamos nossas celebridades em um pedestal tão alto. Espero que [este documentário] seja um alerta sobre como idolatramos as pessoas e que entendamos que todos são seres humanos.”

A série documental apresenta entrevistas com dois jurados do julgamento federal de Combs, que esclarecem a decisão do júri de chegar a um veredicto misto, bem como o que viram dentro do tribunal.

O rapper e empresário P Diddy
O rapper e empresário P Diddy (Khayat Nicolas/ABACA via Reuters Connect)

Diddy foi condenado a 50 meses de prisão, com tempo já cumprido, após ser considerado culpado de duas acusações federais de prostituição, mas evitou as acusações mais graves quando o magnata, já envolvido em polêmicas, foi absolvido de extorsão e tráfico sexual em outubro.

Um porta-voz de Diddy se recusou a comentar as alegações específicas feitas na série.

“Muitas das pessoas retratadas têm antigas queixas pessoais, motivações financeiras ou problemas de credibilidade que foram documentados ao longo de anos”, disse Juda Engelmayer em um comunicado ao jornal “USA TODAY”.

“Várias dessas histórias já foram abordadas em processos judiciais, e outras nunca foram apresentadas em nenhum fórum legal porque simplesmente não são verdadeiras. O projeto foi construído em torno de uma narrativa unilateral liderada por um adversário assumido publicamente e repete alegações sem contexto, provas ou verificação. Sean Combs continuará a tratar de assuntos legítimos por meio do processo legal, e não por meio de uma produção tendenciosa da Netflix.”

10 coisas que aprendemos com o documentário de 50 Cent sobre Diddy

Dois jurados do julgamento federal de Diddy se manifestam

Diddy foi absolvido das acusações federais de tráfico sexual e extorsão, mas foi considerado culpado de duas acusações de prostituição, violando a Lei Mann, e posteriormente sentenciado a 50 meses de prisão, com tempo já cumprido em outubro.

Os jurados #75 e #160 deram entrevistas no quarto episódio da série documental, revelando como o júri chegou a um veredicto misto. “[É] imperdoável, honestamente. Você não pode bater naquela garotinha daquele jeito que ele bateu, [mas] violência doméstica não era uma das acusações”, disse a jurada #160 em relação às imagens de Diddy sendo violento com Cassie.

O jurado #75, um homem mais velho que não conhecia a carreira de sucesso de Diddy no hip-hop, não entendia por que Cassie continuava voltando para Combs depois de ser abusada repetidamente.

Ele continuou: “Se você observar como eles estão voltando e trocando mensagens como se nada tivesse acontecido, fica confuso… Ele a agride e, no minuto seguinte, estão jantando e viajando juntos. É um vai e vem constante. Essa é a minha resposta. Quer dizer, se você não gosta de algo, você simplesmente termina. Não dá para ter tudo.”

P Diddy
P Diddy (Hahn-Marechal-Nebinger/ABACA via Reuters Connect)

Reação de Diddy ao processo de Dawn Richards

Dawn Richards, do grupo Danity Kane, entrou com um processo contra Diddy em 2024, alegando que ele a agrediu sexualmente, não lhe pagou um salário adequado e a deixou passar fome enquanto trabalhavam juntos. Ela também alegou ter testemunhado Diddy abusando fisicamente de Cassie.

Dias antes de sua prisão por acusações federais em setembro de 2024, Combs estava filmando um projeto inédito que documentava seu dia a dia. Os cineastas do documentário tiveram acesso às imagens, que mostram a reação de Diddy ao saber do processo.

“Dawn Richards acabou de me processar. Por 30 milhões de dólares”, disse ele, incrédulo. “Eles estão surtando. Essa garota que estava no meu grupo, que estava no meu último álbum — você está no meu último álbum, e agora, de repente, eu sou essa pessoa, esse monstro. Que se dane isso. Chega de brincadeira.”

Ex-trabalhador sexual detalha encontros íntimos com Cassie e Diddy no aniversário da morte de Biggie

Clayton Howard detalhou a primeira vez em que foi chamado a um hotel em Nova York (EUA) para participar de uma competição sexual com Diddy e Cassie. Ele afirmou que havia muito óleo de bebê e que Diddy, na verdade, usava o pseudônimo de “Frank Black”. Combs dirigiu toda a operação. Howard disse que recebeu sexo oral e fez sexo com Cassie várias vezes, e que uma sessão durava de 18 a 20 horas.

Ele recebeu US$ 6 mil e voltava regularmente, a cada seis semanas. “Conforme o relacionamento progredia, Puff começou a nos gravar”, explicou Howard. “Ele literalmente pegava o laptop e o colocava na cama ao nosso lado, com algumas velas em volta, para garantir que estivesse em um ângulo que permitisse a gravação.”

Howard afirmou ter visto Diddy abusar fisicamente de Cassie em diferentes ocasiões. Ele também disse que Diddy o levava de avião para onde quer que estivesse todo dia 9 de março, que era o dia em que Biggie foi assassinado em 1997. “Todo dia 9 de março, o dia em que Biggie foi assassinado, eles me levavam de avião para onde quer que estivessem. Eu ficava lá, bebia e festejava com eles por três ou quatro dias, enquanto transava com Cassandra. Não sei se era a forma dele de se libertar naquele dia ou algo assim, mas eles sempre me ligavam no dia 9 de março”, acrescentou.

Diddy no VMA 2023
Diddy no VMA 2023 (Image Press Agency via Reuters Connect)

Diddy supostamente planejou matar Kid Cudi

Capricorn Clark começou a trabalhar com Diddy como assistente em 2004 e ascendeu ao cargo de executiva nas empresas de Combs. Ela alegou que o rapper planejou assassinar Kid Cudi depois de descobrir que Cassie estava envolvida romanticamente com o rapper de Ohio. Ela relembrou um Diddy enfurecido aparecendo em sua porta depois de saber que Cudi, Cassie e Clark tinham feito uma trilha juntos cerca de uma semana antes.

“Cerca de uma semana depois da trilha, por volta das 6h30 da manhã, ouvi batidas na minha porta”, disse ela. “Era o Puff. As calças dele estavam rasgadas, como um maníaco, espuma na boca. Ele estava armado e furioso. Ele disse: ‘Que se dane tudo isso. Vai se vestir. Vamos matá-lo’”.

Clark não quis ir e Combs supostamente a sequestrou e foi até a casa de Cudi armado, mas, felizmente, Cudi não estava em casa, pois estava com Cassie em outro lugar. Clark afirmou que Diddy “deu uma surra” em Cassie quando finalmente a viu novamente.

Aubrey O’Day afirma que foi demitida por não ter relações sexuais com Diddy

Aubrey O’Day foi escolhida para integrar o Danity Kane durante a terceira temporada do programa “Making the Band”, de Diddy. Ela afirma que foi removida do grupo após recusar as investidas sexuais de Combs.

“Diddy deixou claro que eu era ‘a gata'”, disse ela. “Lembro-me muito dessa frase. Ele estava me separando e havia um conjunto diferente de expectativas em relação a mim, e eu simplesmente me adaptei naturalmente.” O’Day também alegou que Diddy repetidamente “ultrapassou os limites” e enviou e-mails explícitos que incluíam fotos de seu pênis.

“Eu não quero apenas transar com você. Eu quero te transformar”, ela leu em um suposto e-mail de Combs. “Eu consigo te ver com algum filho da puta a quem você manda. Eu faço minha mulher fazer o que eu mando, e ela adora. Eu só quero — e gosto — de fazer as coisas de forma diferente. Vou terminar de assistir esse pornô e terminar de me masturbar. Vou pensar em você, rostinho feliz. Se você mudar de ideia e estiver pronta para fazer o que eu digo, me liga.”

O’Day foi removida do grupo feminino em outubro de 2008.

O quarto episódio da série documental também apresentou uma cena comovente com O’Day lendo uma declaração juramentada de uma testemunha, que alegou ter presenciado a cantora sendo agredida sexualmente por Diddy e outro homem em 2005.

A declaração dizia que O’Day estava nua da cintura para baixo quando a testemunha abriu a porta e viu “Puff Daddy penetrando sua vagina, e havia outro homem magro e de pele clara com o pênis na boca dela.” O’Day alegou não se lembrar do suposto estupro.

“Eu não me lembro disso”, disse O’Day. “Eu não bebo desse jeito — eu não bebo, nunca foi um problema para mim. Isso significa que eu fui estuprada? É isso que significa? Eu nem sei se fui estuprada, e não quero saber. Não quero descobrir mais nada além do que aquela mulher tem a dizer.”

Diddy no BET Awards em 2022
Diddy no BET Awards em 2022 (Image Press Agency via Reuters Connect)

Trechos de imagens inéditas do assassinato de Biggie

Cineastas receberam trechos de filmagens nunca antes exibidos da fatídica noite de 9 de março de 1997, quando The Notorious B.I.G. foi assassinado após uma festa em Los Angeles. As imagens mostram Biggie em uma caminhonete azul saindo do local e sendo rapidamente alvejado por vários tiros, e então o caos se instala enquanto o rapper é levado para o Cedars-Sinai Medical Center.

Mark Curry relembra lance de Big Jake que alimentou a rivalidade entre as costas leste e oeste dos EUA

O ex-artista da Bad Boy, Mark Curry, relembrou o tiroteio de 1995 contra Big Jake Robles, segurança de Suge Knight, na saída de uma boate. Curry acredita que esse incidente desempenhou um papel fundamental no aumento da tensão na crescente rivalidade entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos.

“Suge e Jake estavam sendo escoltados para fora da boate pelo policial de folga que sempre tínhamos lá fazendo bicos. Jake saiu, Suge saiu, Puff saiu. Um homem saiu com uma das mãos atrás das costas, segurando uma pistola. Ele encostou a pistola em Jake e começou a atirar no amigo de Suge. Deu cinco tiros”, disse Curry. “Então o atirador fugiu. A ambulância chegou e, alguns dias depois, ele morreu. Foi isso que deu início à guerra entre as costas leste e oeste.”

Diddy comprou um colar de 50 mil dólares para uma das amantes de Suge Knight

Kirk Burrowes explicou que Diddy tinha uma fascinação por cortejar as amantes de outros caras e várias mulheres com quem eles já tinham se envolvido no passado. Combs teria até pedido a Burrowes para sacar US$ 50 mil para comprar um colar de diamantes para uma garota com quem Suge Knight se envolvia em Atlanta.

“Sean queria que eu sacasse US$ 50 mil da conta administrativa para que ele pudesse comprar um colar de diamantes para ela, tentando conquistá-la porque ela era amante do Suge em Atlanta quando ele estava lá”, disse ele.

Sean "Diddy" Combs (Foto: Reuters)
Sean “Diddy” Combs (Reuters)

Kirk Burrowes diz ter visto Diddy dar um tapa na própria mãe

Foi um período muito estressante na vida do jovem Diddy, após a morte de nove pessoas no jogo beneficente de basquete Heavy D, que ele ajudou a organizar em 1991 e que ficou conhecido como City College Stampede.

Kirk Burrowes afirmou ter visto Janice Combs questionar Diddy sobre sua saída da Universidade Howard e sua entrada no ramo da música. “Eu o vi colocar as mãos nela, chamá-la de vadia e dar um tapa nela. Ele não está olhando para trás”, disse Burrowes. Os representantes de Combs não responderam aos cineastas em relação às alegações de abuso físico contra sua mãe.

Joi Dickerson-Neal detalha agressão sexual

Joi Dickerson-Neal, que tem um processo civil pendente contra Sean Combs, detalhou o suposto abuso sexual que sofreu de Diddy. Ela coestrelou um videoclipe da banda Finesse and Synquis com Diddy e afirmou que ele a abusou posteriormente.

Dickerson-Neal relembrou, em lágrimas, o trauma do abuso, incluindo uma carta que sua mãe escreveu para a mãe de Sean Combs, relatando os pesadelos que sua filha tinha com o filho. Dickerson-Neal alegou que Diddy filmou o ato sexual sem sua permissão e mostrou o vídeo para amigos em festas.

Kirk Burrowes, cofundador da Bad Boy Records, teorizou que Combs teria se inspirado na tática de filmar garotas e exibir vídeos explícitos em festas, inspirada no notório traficante de drogas nova-iorquino dos anos 80, Alpo Martinez. Anos depois, Dickerson-Neal encontrou Combs e o confrontou sobre o suposto abuso e chantagem, que Diddy negou repetidamente, ajoelhado. Ela não fala com ele desde então.

[Esta lista foi traduzida da Billboard dos EUA. Leia a reportagem original aqui.]

Sean Combs, o Diddy
Sean Combs, o Diddy (Image Press Agency via Reuters Connect)

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