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Como a inteligência artificial sacudiu o mundo da música em 2025

Como a inteligência artificial sacudiu o mundo da música em 2025

The Velvet Sundown - banda feita por inteligência artificial (Divulgação)

Principal discussão na indústria da música em 2025, a inteligência artificial se provou uma ferramenta poderosa para produtores e artistas nos últimos meses. E, claro, sua capacidade para o bem e para o mal – uma pesquisa recente revelou que 97% das pessoas não diferenciam música feita por IA.

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O uso de IA dividiu opiniões ao longo do ano. Em julho, Velvet Sundown, banda gerada por inteligência artificial, alcançou mais de um milhão de ouvintes no Spotify. Logo depois da explosão no streaming, as pessoas responsáveis por trás do grupo admitiram que a banda era um “projeto de música sintética”.

“Isto não é um truque, é um espelho. Uma provocação artística contínua concebida para desafiar os limites da autoria, da identidade e do próprio futuro da música na era da IA. Todos os personagens, histórias, vozes e letras são criações originais geradas com assistência de IA”, disse o perfil nas redes sociais. Hoje, Velvet Sundown tem pouco mais de 200 mil ouvintes mensais.

Em compensação, um dos hits de 2025 foi “Predador de Perereca”, de MC Jhey, em uma versão no melhor estilo anos 1970 e 1980. A Blow Records lançou versões repaginadas de “Popotão Grandão”, “Malandramente”, entre outros funks “putaria”. O perfil soma mais de 2 milhões de ouvintes mensais no Spotify e tem dezenas de vídeos viralizados nas redes sociais.

Alguns artistas têm usado a inteligência artificial como uma ferramenta criativa. Produtores como DJ PS2Desbloqueado utilizam IA para separar vozes e elementos de faixas, criando novas músicas de forma mais flexível que o sampling tradicional.

A compositora Tallia vê a IA como um instrumento de treino e pesquisa criativa, usando plataformas como o ChatGPT para testar ideias de letras e resolver dúvidas. Ela reforça, porém, que a IA não substitui conhecimento musical e que é contra escrever músicas inteiras com essas ferramentas, mostrando a resistência de parte dos criadores.

Questões legais também entram em jogo. O advogado Gustavo Deppe alerta para os riscos dos termos de uso de plataformas como o Suno, que podem transformar criações originais dos usuários em material para treinar algoritmos – possivelmente gerando lucro para empresas, MAS não para os artistas.

O debate se intensifica porque sistemas de IA são treinados com grandes acervos de obras existentes, o que levanta dúvidas sobre propriedade intelectual e transparência. Casos como o da música “Beijo, Blues e Poesia”, usada com vozes geradas por IA sem autorização no YouTube, mostram prejuízos concretos para artistas.

Em novembro, artistas como Caetano Veloso, Marisa Monte e Marina Sena uniram forças pela regulamentação da inteligência artificial no Brasil. O movimento “Toda criação tem dono. Quem usa, paga” defende a criação de um marco regulatório que obrigue ferramentas de IA e grandes plataformas a operar com transparência.

A proposta prevê que essas empresas informem quando utilizam obras protegidas em treinamentos ou serviços e firmem contratos ou paguem licenças sempre que houver uso desse material.

Em 2026, o clima de euforia pela infinidade de possibilidades deve continuar, a despeito do medo constante de uma superação robótica do material humano.

Agora, o que todos esperam é a hora do acerto de contas — não com os robôs, mas com os humanos por trás deles, que fazem arte a partir da arte de outros humanos.

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