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De Gal Costa a Metá Metá, veja artistas que gravaram Jards Macalé

De Gal Costa a Metá Metá, veja artistas que gravaram Jards Macalé

Billboard Brasil relembra releituras famosas das canções do compositor carioca

Jards Macalé

Jards Anet da Silva recebeu muitos rótulos ao longo de sua carreira: hermético, virtuoso, maluco, maldito… Ao desafiar as definições rasas e contrariar as expectativas do mercado, o artista Jards Macalé foi tudo isso e mais um pouco. Era, sobretudo, genial. Ex-aluno do maestro Guerra-Peixe, o carioca era um violonista reconhecido por seus pares. O bruxo da bossa nova João Gilberto era o mais famoso deles. O  respeito mútuo era tamanho que o baiano chegou a pedir emprestado o violão de Jards. Além de excelente instrumentista, escrevia com igual perspicácia. Colaborou com poetas como Capinam e Wally Salomão, e compôs sucessos regravados por muitos artistas e bandas até hoje. De Maria Bethânia, nos anos 1960, à banda carioca O Rappa, nos anos 1990.  

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O cantor e compositor Jards Macalé, atração do Doce Maravilha (Rejane Zilles/Divulgação)

A seguir, a Billboard Brasil relembra alguns dessas releituras de canções de Jards Macalé. O cantor morreu nesta segunda-feira (17) aos 82 anos após uma parada cardiáca no hospital em que estava internado. Relembre os sucessos e conheça o legado de Jards Macalé:

“Gotham City”(1969), por Camisa de Vênus (1985)

Parceria de Jards com o poeta do tropicalismo José Carlos Capinam, “Gotham City” mudou a trajetória do artista para sempre e o carimbou como “maldito”. Composta no período mais sombrio da ditadura civil-militar brasileira, a canção fazia um aviso: “Cuidado, há um morcego na porta principal!”. Sua execução experimental no IV Festival Internacional da Canção (FIC), com grunhidos e gritos do autor, fez eclodir uma vaia de proporções estrondosas no público e gerou uma intensa polêmica na imprensa cultural da época. Coube a uma banda igualmente “maldita” para os padrões de seu tempo regravar a música em 1985: o Camisa de Vênus de Marcelo Nova deu uma roupagem rock’n’roll ao clássico:

“Vapor Barato”, por Gal Costa (1971) e O Rappa (1996)

Talvez a letra mais ‘pop’ do repertório macalístico, “Mal Secreto” é uma parceria com o poeta tropicalista Wally Salomão. A canção atingiu sucesso radiofônico em duas décadas diferentes. Primeiro foi gravada no famoso álbum “Fa-tal” (1971) de Gal Costa.

Vinte cinco anos depois, os cariocas do grupo O Rappa resgataram a canção em uma versão modernizada. Gravada em 1996 no álbum “Rappamundi”, a versão também ganhou as emissoras de rádio e TV do Brasil.

“Mal Secreto” (1971), por Gal Costa (1971)

“Mal Secreto” também foi lançada no álbum “Fa-Tal”. Diferente de “Vapor Barato”, Jards assina essa canção sozinho. A letra é melancólica e irônica, como quase sempre. Dizem as lendas e mitos da MPB que o verso “Meu segredo é que sou um rapaz esforçado” era uma frase de um herdeiro e foi retirada de uma revista de fofocas.

“Movimento dos Barcos” (1971), por Maria Bethânia (1971)

Além de Gal, Maria Bethânia talvez tenha sido a maior intérprete de Jards Macalé. Eles se conheceram e se aproximaram em meados dos anos 1960: o músico aparece jovenzinho como parte da entourage da cantora em algumas cenas do documentário “Bethânia Bem de Perto” (1966), de Júlio Bressane. No álbum ao vivo “Rosa dos ventos” (1971), ela registrou “Movimento dos Barcos”, também uma parceria da dupla Capinam-Macalé.

“Anjo Exterminado” (1972), por Zezé Motta (2011).

Outra parceria com Wally Salomão. “Anjo Exterminado” foi mais uma das canções gravadas por Bethânia, que a lançou no álbum “Drama” (1972). Jards gravou sua versão dois anos depois em “Aprender a Nadar”. Para não repetir intérpretes, busquei uma regravação menos conhecida. A versão de “Anjo Exterminado” de Zezé Motta está registrada no álbum “Negra Melodia”, exclusivamente dedicado a regravações de Luiz Melodia e Jards Macalé.

“Let’s Play That” (1972), por Metá Metá (2013)

Uma das canções mais experimentais de Macalé, “Let’s Play That’ ganhou uma versão jazzy do Metá Metá com Juçara Marçal, como sempre, arrebentando nos vocais. Originalmente gravada por Macalé em seu long play de estreia de 1972, foi regravada pelo grupo paulistano em um álbum de homenagens ao artista, que também contou com nomes da cena indie como Letuce e Apanhador Só.

 

 

 

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