Polo & Pan leva público a viagem sonora em São Paulo
Dupla francesa apresentou hits e faixas do novo álbum '22:22'
Lotando a Audio, em São Paulo, numa quarta-feira (12) às 21h, a dupla francesa Polo & Pan se apresentou pela segunda vez no Brasil, mostrando um lado mais lúdico, refinado e experimental da música eletrônica.
Como uma das últimas apresentações da “Americas Tour”, que passou por Colômbia, Chile e Argentina, a data única no Brasil proporcionou, também, uma viagem única ao público. O destino? Uma mescla entre o passado, o presente e o futuro, numa sonoridade atemporal que une house, disco, electro e pop.
Paul Armand-Delille (Polo) e Alexandre Grynszpan (Pan) subiram ao palco e performaram como se estivessem pilotando uma nave espacial. Numa estrutura que parecia abrigar um púlpito, na realidade havia um setup daqueles que ninguém ousa apertar qualquer botão com o medo de causar uma explosão na aeronave.
Mas os franceses pareciam comandar a viagem com facilidade. Iniciando a apresentação com “The Piano & The Violin”, que abriga uma narração com a voz doce de um garoto, a performance contou com diversas faixas do mais recente álbum, “22:22”, lançado em 2025, como “Disco Nap”, “Nenuphar”, “Petite Etoile”, “Paréidolies”, “Summer Is Almost Over”, “The Mirror” – uma das mais aclamadas – e “Laszlo”.
Em determinados momentos, os DJs e produtores assumiam os vocais, como em “The Tunnel”, por exemplo. Mas a apresentação também contou com a performance da cantora Zoe Madimmi. Com uma incrível presença de palco, ela teve direito a troca de looks e cantou uma das músicas nas quais o público mais vibrou: “Canopée”, que tem influências da Bossa Nova.
A viagem, ou melhor, apresentação, parecia fazer conexões em vários locais. Na França, obviamente, país de origem da dupla que, definitivamente, exala o french touch. Em determinados momentos, é possível enxergar claramente as influências de Daft Punk e Air em sua identidade. Mas eles também não escondem sua afeição pela cultura da América Latina. Há elementos da música latina em sua sonoridade e até mesmo canções com letras em espanhol.
Há também uma faixa que tem ligação com o Brasil. “Nanã”, do álbum “Caravelle” (2017), além de ser um dos hits de Polo & Pan, contém o sample vocal de “Cordeiro de Nanã”, do grupo Os Tincoãs. Uma verdadeira obrigação tê-la no setlist. Afinal, Polo declarou durante o show que o Brasil os influenciou muito – e agradeceu a energia do público.
Numa carreira de mais de dez anos, a dupla ainda conseguiu encaixar sucessos como “Ani Kuni”, “Gengis” e “Bakara” na apresentação, que também contou com jogo de luzes e bastões de LED piscando de acordo com a melodia.
Vibrando com a oportunidade de ver Polo & Pan ao vivo pela primeira vez, o casal Tess Ornevo, 33, e Gabriel Buliani, 32, se posicionou próximo à grade. Vindo de Ribeirão Preto, os professores de artes conseguiram uma folga para visitar capital exclusivamente para assistir à apresentação. Tal data foi celebrada com um look especial.
“Sempre gostamos de fazer umas montações e quando estávamos nos organizando para vir pensamos que eles têm essa vibe, como dizer, psicodélica, uma coisa que às vezes é meio retrô também… Então pensamos na pop art. Testamos umas maquiagens e percebemos que também precisávamos de uma roupa especial. E foi tudo feito hoje, no teste mesmo”, contou Gabriel.
Juntos desde 2011, o casal de professores conheceu a dupla francesa em 2018 e desde então viraram superfãs. “Profissionalmente falando, nós temos um método de teatro que nós mesmos elaboramos e aplicamos em oficina. E muitas vezes Polo & Pan são utilizados, inclusive, como base sonora pra aplicação do método. Mas em questão de vida, eles contam uma história inteira da nossa jornada. De viagens, de momentos, de encontros, de desencontros. Eu acho que todos os momentos importantes que a gente viveu, em algum momento tocava alguma música de Polo & Pan. E eu acho que significa experimentar de um jeito muito novo. O que eles fazem nunca vi ninguém fazer, tanto com músicas de vários lugares do mundo quanto com músicas daqui. E eles conseguem acessar lugares que outras pessoas não conseguem, que outras músicas nunca conseguiram. E até essa questão do uso da música brasileira no meio da mixagem é uma coisa que para nós foi um encontro muito mágico, foi uma coisa que nós não tínhamos encontrado em outros artistas até aquele momento. Então acho que tem esse lugar especial”, declarou Tess.
