Entre o underground e o mainstream, Vintage Culture lança ‘Lost’
DJ e produtor fala sobre o novo lançamento à Billboard Brasil
Independente de quem esteja tocando num set, “Lost” é reconhecida logo nos primeiros segundos. A faixa de Vintage Culture e Gabss é um dos lançamentos mais aguardados pelos fãs nas plataformas digitais. E nesta sexta-feira (19), a espera acabou.
“Lost” é uma versão dos DJs e produtores brasileiros para a original de Frank Ocean, do álbum “channel ORANGE” (2012).
Em entrevista à Billboard Brasil, Vintage Culture explica de onde surgiu a ideia da produção: “Sempre me senti atraído por faixas com uma forte carga emocional, e quando ouvi ‘Lost’ pela primeira vez, essa sensação me chamou a atenção imediatamente. Eu queria preservar essa essência enquanto reimaginava a faixa com uma nova energia – algo que pudesse realmente ganhar vida na pista de dança sem perder sua profundidade emocional”.
A faixa faz parte do catálogo da Affairs, gravadora criada pelo próprio artista.
“A Affairs é a minha maneira de compartilhar músicas que realmente me empolgam e apoiar artistas cujo trabalho admiro. É um espaço onde as ideias fluem livremente e as colaborações acontecem naturalmente. Emoção e inovação sempre foram importantes na minha própria música – conectando nostalgia com uma visão voltada para o futuro – e esses mesmos princípios guiam tudo o que fazemos na gravadora. Para mim, a Affairs é o próximo passo na minha jornada: uma plataforma que vai além das minhas próprias faixas e cria algo duradouro e significativo”, revela sobre a label.
“Lost” tem feito muito sucesso, antes mesmo de ser lançada. A faixa carrega uma sensação das pistas de dança de 2016 a 2018, um período decisivo e importante na carreira do DJ e produtor.
“Esse período realmente me moldou como artista. Foi uma época de descobertas e crescimento, mas acima de tudo, de incontáveis noites na pista de dança. Essa faixa carrega uma sensação de nostalgia que me transportou diretamente para aquela época, me lembrando daqueles momentos puros e instintivos nas baladas, quando tudo parecia genuíno e guiado pelo sentimento, e não pela intenção”, ressalta.
Nascido no interior do Mato Grosso do Sul, Lukas Ruiz, nome verdadeiro do artista, foi criado num município de 20 mil habitantes, na fronteira com o Paraguai. Contrariando as estatísticas da predominância sertaneja, ele era apaixonado por bandas dos anos 1980. A influência dessa sonoridade se refletiu no nome do projeto: Vintage Culture.
Reconhecido por seu talento na produção, o DJ também se destaca por sua curadoria musical. Ele garante que mesmo com uma rotina agitada, ainda reserva tempo para pesquisar faixas.
“Essa curiosidade ainda é uma parte enorme de quem eu sou. Mesmo com uma agenda lotada e viagens constantes, sempre reservo um tempo para pesquisar música. Esse processo me mantém inspirado e com os pés no chão. Não importa o tamanho dos palcos, minha base vem de onde eu comecei: os ritmos, as emoções e a cultura musical com os quais cresci no Brasil. Manter-me conectado a essa herança me ajuda a permanecer autêntico e me lembra por que me apaixonei por música em primeiro lugar.”
Como 11º colocado no Top 100 DJs, ranking da revista britânica DJ Mag que lista os maiores DJs do mundo por meio de votação popular, Vintage Culture é, sem dúvidas, um dos maiores destaques da cena eletrônica brasileira pelo mundo afora. O artista acumula mais de 7 milhões de ouvintes mensais no Spotify e é conhecido por esgotar ingressos onde se apresenta.
Quando questionado pela Billboard Brasil sobre sua posição entre os diferentes mundos da música eletrônica – o underground e o mainstream -, ele revela que pretende construir uma ponte entre ambos.
“Eu me vejo bem no meio desses mundos. Venho do underground, e isso sempre fará parte do meu DNA, mas também acredito que a música eletrônica pode alcançar públicos mais amplos sem perder sua essência. Meu objetivo é construir pontes, levando os valores do underground para palcos maiores e apresentando sons mais profundos e emotivos para um público mais amplo.”
Ele completa: “Tudo o que foi feito no passado contém lições valiosas e continua sendo uma grande fonte de inspiração para mim. Vejo isso como uma base, mas nunca como algo para simplesmente repetir. Referências de épocas anteriores me dão um senso de identidade e direção. A partir daí, trata-se de transformar essas influências em algo contemporâneo e relevante hoje. Esse estado constante de mutação é essencial para quem eu sou como artista: respeitar as raízes enquanto sempre avanço e exploro novos territórios”.








