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Um dos maiores DJs do Brasil, Jeeh FDC descobriu que ia ser pai no meio de um baile

Um dos maiores DJs do Brasil, Jeeh FDC descobriu que ia ser pai no meio de um baile

Depois de curar a depressão com o hip hop, DJ tornou-se revelação do funk

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Antes de ficar conhecido como o Alfa do Mandela, Jeeh FDC, de apenas 20 anos, aprendeu hip hop com a mãe para se curar da depressão, soube que ia ter um filho em meio ao fuzuê do baile do Helipa e, agora, tem moral para dizer que não entende o pouco reconhecimento que recebe fora dos muros do funk.

Cria da favela da Caixa D’água, na zona leste de São Paulo, Jeeh FDC chama atenção por mapear e registrar subgêneros e vertentes do funk da cidade. Apesar disso, são poucas as informações e entrevistas sobre Jeferson Amaral Guimarães, cuja alcunha com a qual assina suas produções registra sua vontade de ser “um líder que sabe conduzir a matilha do funk”.

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“Meu trabalho é um trabalho complexo, eu não entendo o porquê de não ser reconhecido”, reclama. “Não trabalho de qualquer forma, ligado? Eu demoro pra mandar os projetos porque eu tento fazer a conexão de todos os ouvidos, quero que todos os tipos de público me escutem: o da favela, o do TikTok, o lado mais nobre”.

Não à toa, seus dois primeiros álbuns funcionam como um catálogo daquilo que seus ouvidos registram. E, novamente, não à toa, por isso chamam-se “Ritmos” e “Som Das Regiões”, ambos de 2022. Seu maior sucesso, “Puta Rara, Puta Mexicana”, ultrapassou os 80 milhões de visualizações no YouTube e conta com mais de 160 milhões de audições nas plataformas de streaming. O DJ também lançou o álbum “Alcateia”, em 2023.

“Eu sempre quis fazer um álbum para mostrar para as pessoas que eu sei bastante. Então, meu primeiro álbum [‘Ritmos’], foi feito pra mostrar os subgêneros do funk. Lá estão várias diferenças de beats. Já o ‘Som Das Regiões’ nasceu da minha vontade de ser escutado por todo mundo, independentemente da região da pessoa”, explica.

Pai no baile

Foi em um desses “mapeamentos”, que Jeeh recebeu uma das notícias mais importantes de sua vida em um. Durante uma pesquisa de campo, em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, o DJ ouvia duas coisas: a bruxaria do paredão e sua namorada Giulia dando uma notícia paralisante.

“Descobri que eu era pai no meio do baile do Helipa”, conta o DJ enquanto o filho, Miguel, interrompe a ligação balbuciando suas primeiras palavras. “Eu fiquei pasmo. Vim de Heliópolis até em casa com a mesma reação. Não foi uma parada que acabou com meu mundo, mas receber aquela notícia no meio do baile é meio foda”, diz.

Um nerd do funk brasileiro

“Desde antigamente eu escutava funk do Rio, que me traz muito o lance da dança, da envolvência. O funk capixaba, meu Deus do céu, eu dançava muito o funk do Espírito Santo. E o beat de Belo Horizonte é bem dark, a ponto de, se você fizer algo diferente disso, já não é funk de BH”, analisa, explicando um dos motivos por ser tão diverso em sua produção, que une todos esses sons.

São Paulo mesmo é um mundo para o funk. “A zona norte é onde estão os berimbaus, o atabaque, essas paradas mais metalizadas, mais sujas, mais distorcidas e, na maioria das vezes, um paredão só pra todo o baile, então rola uma sintonia, uma conexão. Aqui na zona leste pega mais a invenção das danças, como o ‘passinho do Romano’, o ‘passinho do Megão’. Na sul, pelo fato de ser uma zona bem grande, rola muita coisa. Na DZ7, é bruxaria original. No Helipa, rola uma parada mais sintetizada. E tudo com mais divisões porque tem também muitos paredões no mesmo lugar”, situa.

Um dos maiores sucessos do produtor é “Beat da Felicidade”. “Antes de ‘Beat da Felicidade’, eu fiz uma chamada ‘Set Ritmada Vive’ onde eu incluí diversas melodias em um beat só. Ali, pra mim, foi onde eu trouxe uma evolução no funk. brisa. E o ‘da Felicidade’, simplesmente, eu fiz para ter um funk em tom maior. Ninguém fazia. A maioria sobe dois tons e desce um semitom. Eu queria trazer algo mais complexo para o mandela. Isso até tinha antigamente, mas estava faltando no funk de hoje em dia”, diz.

A vibe do “acorde maior” pode ser um reflexo de uma fase “menor” que o DJ enfrentou quando se viu em depressão. “Foi o hip hop que me tirou de lá. Eu pesquisei muito sobre e ele entrou na minha vida de forma extraordinária. Mas quando eu me vi depressivo, minha mãe me mostrou o filme do Notorious B.I.G. [‘Notorius’, de 2009]. Aquilo foi a chave para abrir minha mente”, diz.

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