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Na ‘casa do inesquecível’, Sorriso Maroto faz o extraordinário

Na ‘casa do inesquecível’, Sorriso Maroto faz o extraordinário

Grupo fez último show do projeto 'As Antigas' no Rio de Janeiro

Show do Sorriso Maroto no Maracanã

Antes dos jogos no Maracanã, os torcedores escutam a voz do locutor oficial do estádio, Sérgio Luis, dar boas-vindas a “casa do inesquecível”. Um dos grandes palcos do entretenimento mundial, o estádio Mário Filho recebeu neste sábado um show inesquecível do grupo Sorriso Maroto, que fez sua despedida do Rio de Janeiro com a turnê “Sorriso Maroto – As Antigas”.

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Na música, poucas bandas têm identificação tão grande com o estádio. Além de falarmos de um grupo que nasceu próximo do bairro da Tijuca, onde está localizado o estádio, o Sorriso é formado por amantes do futebol que, ao longo dos anos, fizeram shows históricos no Mário Filho.

Mesmo não sendo o primeiro (e, provavelmente, também não será o último), o show deste sábado foi, definitivamente, inesquecível.

Uma despedida com gostinho especial

Em maio, o Sorriso Maroto anunciou que o projeto “Sorriso As Antigas” chegaria ao fim. A label do grupo, focada em shows que resgatam seu repertório desde o seu início em 1997, com apresentações que duram, em média, mais de 3h, vai ter um final para que o grupo foque em outros projetos, incluindo um álbum de inéditas e/ou canções “lado B” – falaremos desse segundo ponto logo mais.

“O Sorriso As Antigas é algo que demanda muita dedicação e energia. A gente vai parar com o ‘Sorriso As Antigas’. Vamos continuar com os shows até o fim do ano, mas entendemos que nosso criativo precisa aflorar”, disse o vocalista Bruno Cardoso, em coletiva para imprensa quando o grupo anunciou dois shows no estádio Allianz Parque, em São Paulo (as duas apresentações tiveram sold out).

Sendo assim, a nostalgia do projeto se juntou com o sentimento de “última dança”, fazendo muita, mas muita gente mesmo (mais de 60 mil pessoas), ir até o Maracanã para ver a despedida.

Show do Sorriso Maroto no Maracanã
Show do Sorriso Maroto no Maracanã (Ricardo Brunini/Divulgação)

Como foi o show do Sorriso Maroto no Maracanã

O próprio nome do projeto dá um spoiler de como é o show. O “Sorriso Maroto – As Antigas” é um passeio pela discografia do grupo. São 28 anos em algumas horas. De “Sinais”, passando por “1 metro e 65”, “Dependente”, “Vai e Chora” e outros sucessos do melhor que o pagode romântico pode oferecer.

Todo o ar de nostalgia é reforçado até mesmo na maneira de vestir do vocalista, que veste um casaco verde idêntico ao que vestia há exatos 20 anos, quando o grupo gravou o DVD “Por Você”.

Chama a atenção a sincronia do grupo no palco. Óbvio, duas décadas juntos no palco ajudam, mas o sincronismo entre eles soa orgânico, a interação entre banda e público flui muito bem e o carisma dos cinco faz com que o show de tenha ares de espetáculo de boyband dos anos 2000, incluindo dancinhas e coreografias.

Hoje em dia, misturar sertanejo/forró com pagode é quase obrigatório. A música mais ouvida do país por um tempo em 2025 foi “P do Pecado”, dos pagodeiros do Menos é Mais com Simone Mendes. O Só Pra Contrariar andou na década de 1990 para que o Sorriso Maroto fizesse o “pagodinho diferente” no período seguinte.

E isso se reflete em como o público vê o show. É o caso do casal Gabriel Silva Batista, 28, Fernanda Souza, 24. Fã de sertanejo, ele estava ali apenas como um espectador.

O casal Gabriel e Fernanda no show do Sorriso Maroto no Maracanã
O casal Gabriel e Fernanda no show do Sorriso Maroto no Maracanã (Guilherme Lucio da Rocha/Billboard Brasil)

“Ela comprou o ingresso e disse: ‘nós vamos’. Não sou muito fã de pagode. Eu gosto mesmo de sertanejo. Mas estou aqui e acho que vou gostar, o Sorriso tem um pouco de sertaenjo”.

Outro ponto de destaque é a oportunidade de ouvirmos ao vivo o chamado “lado B”.

No pagode, existe uma espécie de aura sobre músicas que supostamente não fizeram sucesso na boca do povo, que estariam apenas na memória daqueles fãs mais engajados.

Uma das citadas por Bruno como lado B foi “Águas Passadas”. Bem, a canção realmente não foi um single que tocou em rádios, mas um lado B? Longe de mim discordar ou trabalhar em benefício próprio, mas acho que alguns artistas e grupos precisam rever o conceito de lado B para o bem das canções que realmente estão esquecidas (fica a sugestão para “Não Foi Em Vão”).

E um dos momentos mais esperados e mais especiais da noite ficou por conta da canção “Me Olha Nos Olhos”. Neste momento, a banda escolhe uma pessoa para subir no palco e cantar um dos maiores sucessos do grupo com Bruno. A escolhida foi Roberta, professora que levou ao Maracanã um cartaz lembrando da importância da profissão – que tem como data comemorativa o dia 15 de outubro.

No fim do show, o vocalista quase se recusou a sair do palco. Depois de quatro horas de palco, ele disse que queria cantar mais. “Não quero que esse momento tenha fim”, lamentou.

Desde a pandemia, o pagode vive uma espécie de segunda fase de ouro. Se antes, víamos os principais grupos nos programas dominicais da TV aberta, hoje a bola da vez são as megas turnês. E uma das principais, que diferente das demais foca no repertório próprio, vai chegando ao fim de maneira extraordinária.

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