‘Ruptura’ encomenda trilha para duo de eletrônica e recebe oito horas de música
Trilha de abertura se desdobrou em longas horas nas mãos do duo ODESZA
“Pedi um prato de comida e me deram um banquete”. Foi assim que os produtores da série Ruptura devem ter reagido quando receberam oito horas de produção musical realizada pela dupla ODESZA.
“Somos megafãs”, diz Harrison Mills da dupla sobre a série (“Severance”, em inglês), que rastreia as existências bifurcadas dos funcionários da Lumon Industries, um conglomerado global misterioso e aparentemente nefasto que emprega pessoas que escolheram passar por um procedimento neural que corta suas vidas pessoais e profissionais, fazendo com que nenhuma das partes tenha conhecimento da outra. Após um hiato de três anos, a aclamada segunda temporada exibiu seu último episódio nesta última sexta (21).
A dupla Odesza — Mills e Clayton Knight — transformou a trilha em uma mixagem de 23 minutos que também foi repetida para formar uma peça musical de oito horas, não coincidentemente o mesmo tempo de um dia de trabalho padrão.
Ao aceitar a oferta do remix, Mills e Knight receberam os episódios completos (e ainda não lançados) da segunda temporada, junto com as bases da trilha sonora criada por Teddy Shapiro —que, inclusive, ganhou um Emmy pela trilha sonora da primeira.
“Queríamos levar as pessoas em uma jornada e dar uma amplitude maior de música e tocar e reinterpretar a trilha sonora de Teddy de uma forma única”, diz Mills. “Colocamos acordes diferentes em muitas de suas melodias, ao mesmo tempo em que tentamos permanecer fiéis à vibração do show, que é meio assustadora e subversiva. Você não está abertamente ciente desse lado sombrio.”
Trabalhar com um prazo apertado — o projeto tinha que ser concluído em apenas um mês — foi útil, pois o cronograma apertado fez com que eles não pensassem demais nas decisões ou se aprofundassem muito no que estavam fazendo.
O produto final deles pega dicas do show — incluindo os acordes de piano característicos do tema e outros momentos sonoros, como digitar — e os dobra em uma mistura que reflete os temas do próprio Severance , equilibrando momentos claros e escuros. Mills descreve isso como, “embalando você nessa falsa sensação de segurança de que está tudo feliz e então trazendo esses sons mais sombrios que se infiltram nisso. É como uma bela melancolia. Há tristeza, mas também há alegria superficial por toda parte. Estávamos tentando tocar com acordes maiores, mas então esgueirar esses sons estranhos, meio dissonantes, que se infiltram.”
Eles concordam que o projeto se inspirou em seu próprio projeto paralelo de 2020 , Bronson, que se concentrava em sons mais sombrios e pesados do que a produção típica do Odesza. A mixagem também foi um ajuste natural, já que, diz Mill, “sempre fomos muito influenciados por trilhas sonoras de filmes e trilhas sonoras em geral”. Os encontros com Shapiro também inspiraram confiança, já que o compositor, Mills continua, “era tão aberto e receptivo a nós fazendo qualquer coisa… Ele era uma pessoa tão divertida para trocar ideias e era tão receptivo a nós tentarmos coisas. Isso simplesmente nos permitiu realmente nos divertir com isso”.
“Tem a energia de Odesza, mas tenta capturar o tom e os motivos do show”, diz Knight. “Também é a primeira vez que não temos um elemento vocal para trabalhar. Ele usa zero vocais. Então fomos nós voltando às nossas raízes em termos de ritmo, desacelerando tudo para mantê-lo mais cinematográfico e mantendo-o mais instrumental, não dependendo de uma linha de cima principal para carregar qualquer coisa e deixando a instrumentação falar por si. Foi definitivamente um fluxo de trabalho diferente do que fizemos no passado, mas muito divertido e emocionante.”
