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‘Obrigado pela paixão’, diz Matt Tuck, do Bullet For My Valentine, sobre Brasil

‘Obrigado pela paixão’, diz Matt Tuck, do Bullet For My Valentine, sobre Brasil

Banda toca no sábado (20) ao lado de Limp Bizkit no Allianz. Leia entrevista

Matt Tuck - Bullet fot my Valentine (créditos @federicaburellii)

O Bullet For My Valentine volta ao Brasil para participar do “Loserville Tour”, turnê do Limp Bizkit, no sábado (20), no Allianz Parque, São Paulo.

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Ozzy Osbourne (Instagram/Divulgação)

Com mais de duas décadas de carreira, Bullet For My Valentine surgiu em Bridgend, no Reino Unido, e tornou-se referência no metalcore e metal moderno com seu álbum de estreia “The Poison”. Com 13 faixas, o disco ganhou uma versão deluxe dois anos depois, com tracks inéditas, sendo celebrado com uma sonoridade autoral que influenciou diversas outras bandas ao longo do caminho.

Uma nova versão, a “20th Anniversary Edition”, foi lançada  no ano passado para celebrar o legado da obra. Ao mesmo tempo, a banda começou a excursionar pelo mundo com uma turnê dedicada a tocar o álbum na íntegra.

Adicionando o Brasil na rota de última hora, conversamos com Matt Tuck, vocalista e guitarrista da banda, que fala sobre as duas décadas na música, sua relação com o país e as novidades do próximo álbum, que sai em 2026.

Leia a entrevista do Bullet For My Valentine à Billboard Brasil

O show no Brasil será o último da “The Poison” tour. Não quero dizer que será o melhor só porque moro aqui, mas definitivamente, será um dos mais especiais.

Matt Tuck: Bem, nós estamos esperando grandes coisas, e é a última noite do ano, a última noite “The Poison”, é um final em todo o sentido da palavra para nós também. Então, São Paulo, é melhor trazer isso, cara. É melhor trazer isso.

E como foi tocar esse álbum icônico em diferentes continentes e países no último ano?

Foi incrível. Não consigo descrever de outra forma. Nós passamos os últimos 12 meses celebrando esse fato. Foi um álbum que mudou nossas vidas de todas as formas. Nada tem sido o mesmo desde então. E conseguir isso logo no álbum de estreia é o que faz tudo ser ainda mais especial do que apenas um álbum comemorativo.

Acho que tocamos em mais de 30 países, em cinco continentes. E cada lugar foi uma grande celebração desse álbum. Em cada show deste ano, tocamos apenas “The Poison. Deus sabe para quantas pessoas tocamos, mas é uma honra incrível poder oferecer aos fãs genuínos um show e um momento que não serão recriados. Foi ótimo, foi emocionante. Estamos chegando ao final agora, então começa a ter um gosto agridoce. Mas nada dura para sempre, e estamos muito felizes por termos dedicado este ano a essa celebração. Todos os fãs ao redor do mundo abraçaram a ideia e se juntaram a nós. Tem sido um ano que nunca vamos esquecer.

Eu posso imaginar uma fração disso. “The Poison” foi lançado há 20 anos, foi o primeiro álbum da banda e muito importante para o que podemos chamar de metal moderno. Foi o som de uma geração e também está sendo descoberto por novas gerações, pelos filhos das pessoas que ouviram pela primeira vez. Isso ainda te inspira criativamente para novas músicas?

Sim! Não é algo que tivemos muito no passado, mas eu acho que só porque há tanto foco e energia de volta na época da banda, que o processo de composição do nosso próximo álbum tem crescido um pouco, e eu estou feliz com isso. Não é algo tão estilístico como recriar músicas que parecem a mesma coisa, mas é mais aquela energia adolescente e jovem que tínhamos naquela época em que nada importava.

Desculpe o meu palavriado, mas nós não nos importávamos com nada ou com ninguém. Nós não tínhamos uma fórmula, nós só éramos nós mesmos. E eu acho que sempre é a atitude que você deve tomar para criar música ou criar arte em geral, você tem que ser fiel, você sempre tem que escrever do seu coração.

Nós não tínhamos uma base de fãs naquela época, então não escrevemos para ninguém, éramos apenas nós. E eu acho que adaptar essa atitude para o futuro, nós implementamos essa regra para a maioria dos nossos álbuns, mas eu acho que ter esse espelho na época da banda, ele trouxe muita energia. Então é algo que eu pessoalmente estou canalizando para o processo de composição para o novo álbum. Não para recriar a poesia, porque isso nunca vai acontecer, não importa o quão duro nós tenhamos tentado. Mas é apenas encaixar aquela energia brilhante e jovem que nós tínhamos naquela época. E ainda está aqui. É só encontrar e tirar dela de novo. E é isso que nós estamos fazendo.

Nós estamos usando essa plataforma e esse álbum, como o catálogo, para escrever esse novo álbum. Há muitas mudanças e mudanças estilísticas nesse álbum, como sempre acontece com o Bullet For My Valentine. Mas parece que tem essa atitude de não se importar, e eu adoro isso.

Eu tenho que confessar que tenho o DVD “Live at Brixton”, ganhei de presente há muitos anos. Gravar esse audiovisual foi um momento importante pra vocês também, né?

Enorme, foi enorme! De novo, fazer algo assim no seu álbum de debut, nós gravamos aquele show antes de “Tears Don’t Fall” ter sido lançado como um single. Então, ser capaz de lotar o Brixton Academy e ter uma produção completa e um equipamento de gravação, documentando aquele show, é louco. Não é assim que geralmente as coisas funcionam. Mas isso mostra o nível de caos que havia no nosso mundo naquela época e quanta atenção estava voltada para nossa banda.

E, de novo, você nunca poderia dizer isso para nós quatro naquela etapa. Nós só falávamos que isso era normal. Mas, de novo, nós éramos tão jovens. Nós só falávamos que tudo estava bem, nós sobrevivemos. Mas sim, graças a Deus, nós capturamos momentos como esse, porque seria uma pena se não tivéssemos isso como memórias pessoais para nós. Mas aquele DVD, assim como o CD, o “The Poison”, foi o portão para o metal, a música mais pesada, para muitas pessoas. Foi o som de sua juventude. E aqui estamos, 20 anos depois, e ainda estamos falando sobre isso. Então deve ter tido um impacto.

Com certeza. Sobre a América do Sul, a tour foi adicionada recentemente. Como essa oportunidade surgiu para você?

Tivemos uma ligação do agente, antes de qualquer coisa ser anunciada, dizendo: “Sabemos que vocês estão no estúdio, mas vocês poderiam, por favor, por favor, por favor, considerar sair e fazer isso?”. Antes mesmo de ele terminar a frase, já era tipo: “Estamos indo”.

Sabe, o Limp Bizkit, para mim, foi o som da minha juventude. Eles significam muito para mim. Estão na minha alma, estão em mim. Poder vir a essa parte do mundo com eles, enquanto eles estão, obviamente, passando por algo bastante emocionante depois de perderem o Sam recentemente, é muito significativo. Sinto que é uma turnê muito importante para eles e uma turnê importante para nós. Estamos aqui juntos, fazendo isso juntos. É difícil de explicar.

O fato de eles não cancelarem essa turnê mostra uma força incrível, individualmente e como banda. E que maneira melhor de celebrar a vida do Sam e seu legado do que tocar a música que ele ajudou a criar diante dos fãs mais intensos do mundo? Fazer parte disso e ouvir o apoio deles é incrível. Estamos honrados por termos sido aceitos. E aqui estamos, apreciando e celebrando a música e a vida. Não há nada mais especial do que isso.

Falando da América do Sul, os fãs brasileiros são amáveis e loucos ao mesmo tempo. Eles mostram o seu amor comentando em todos os posts, dizendo, “venha ao Brasil”. Como é a sua relação com os fãs brasileiros? Você se lembra como se sente ao estar aqui no Brasil?

Sim, eu gosto de pensar que é cheio de amor e respeito. Sabe o que quero dizer? E todo o tempo que estamos no Brasil é sempre um daqueles momentos de uma turnê em que tudo é um pouco mais. Um pouco mais de paixão, um pouco mais de volume. E, em uma banda, é isso que você quer. Você não quer nada além desse caos e dessa energia.

Então, estávamos muito conscientes de quão apaixonados os fãs podem ser on-line, porque vemos isso. E fomos gratos por conseguir fazer isso acontecer, porque parecia que não ia acontecer. Na verdade, não ia acontecer. Mantivemos nosso foco totalmente no modo criativo, tentando terminar este novo álbum. Mas esse momento chegou e, mais uma vez, colocamos a produção de lado por um segundo, porque isso pareceu mais importante agora. Até quatro semanas atrás, o álbum era mais importante. As coisas mudam, os planos mudam. E quando você recebe uma ligação do Limp Bizkit, sendo fã há 28 anos, e ouve a pergunta: “Você quer vir para a América Latina e tocar conosco?”, você diz: “Sim”. Então, aqui estamos.

Até o dia 25 de novembro, eu estava no estúdio. No dia 26 de novembro, eu estava em um avião para a Cidade do México. Não é fácil, e estamos tentando fazer tudo o que podemos. E, como eu disse, até quatro semanas atrás, essa turnê nem estava no nosso radar. Foi caótico, mas obrigado aos fãs por serem pacientes. Obrigado pela paixão e energia. Às vezes, eles podem ser um pouco vocais demais e dizer coisas que não são boas. Mas isso não acontece só no Brasil, é no mundo todo. A paixão e o amor por uma banda podem ser frustrantes quando parece que não estão sendo ouvidos, e esse nunca é o caso. Posso dizer com certeza que esse nunca é o caso.

Então, por favor, não sintam que estamos tentando evitar lugares, porque esse não é o nosso papel. É muito mais difícil do que parece, nos bastidores, juntar algumas turnês às vezes. E, na verdade, não vou entrar em detalhes porque os fãs não precisam disso, mas não é tão fácil quanto parece para eles. Ainda assim, essa oportunidade apareceu, senti que as estrelas se alinharam e que era assim que deveria ser. Esse é o único jeito que posso descrever. E aqui estamos.

Bullet for my Valentine (Créditos - reprodução)
Bullet for my Valentine (Créditos – reprodução)

Nós só podemos agradecê-los por isso. E sobre o álbum, qual é o plano para lançá-lo? No próximo ano?

100%. Ele vai sair no próximo ano, 100%. Nós pensávamos que iriamos terminá-lo no antes do Natal. Esse foi o tempo pelo qual nos preparávamos. Mas, obviamente, a tour aconteceu e isso ficou de lado, mas nós estamos inseridos profundamente no processo. E nós não voltaremos para casa até o dia 21 de dezembro. Então, é dezembro, o tempo acabou. Nós vamos voltar para casa, relaxar, ter Natal e Ano Novo com a família, com os amigos, aproveitar esse tempo. E eu acho que no dia 5 de janeiro, nós voltaremos e não abriremos a porta do estúdio até que esteja feito. Então, a nova música deve chegar em abril ou maio, com um álbum no inverno, talvez. É tudo um movimento de pedaços, um puzzle no momento. Mas 100%, o próximo álbum do Bullet For My Valentine vai sair no ano que vem.

Por último, eu queria saber: você já disse muitas vezes que o Metallica foi uma das inspirações para sua entrada no metal. Mas hoje, você escuta bandas novas? Existe alguma da nova geração de que você possa dizer que gosta?

Não há nada supernovo em que eu consiga pensar. Eu sempre descubro música por conta própria, mas isso não quer dizer que sejam artistas novos. Significa apenas que, quando eu os descubro, eles podem já ter alguns álbuns lançados. Mas acho que, no nosso mundo, parece haver uma nova onda de superestrelas no horizonte. Elas não são bandas novas, mas acho que grupos como Knocked Loose, Spiritbox e Turnstile se encaixam nisso.

É possível ver e sentir. E é ótimo ter bandas empurrando as fronteiras criativamente e espalhando, além de alimentar, a trilha sonora das gerações mais jovens. É algo que fizemos há 20 anos, e isso nunca vai parar. Então, talvez não estejamos na mesma era que essas bandas, mas esse é o ciclo da música. Ele nunca para, e isso é ótimo. É isso que cria as próximas grandes bandas de arena. Acho que existem muitas outras, mas essas, para mim, olhando como fã de música, soam como o som de uma geração, o que é incrível.

Elas estão tocando grandes shows, estão abrindo para grandes nomes. É só uma questão de tempo, talvez um ou dois anos, um ciclo de um ou dois álbuns, para que cheguem ao nível em que nós estamos, assim como muitas outras bandas que hoje tocam em arenas. Você só precisa de um momento para as estrelas se alinharem.

Sua vida muda para sempre, então é muito bom ver isso acontecer. Isso também me mantém ativo. Mantém a banda com fome. Você tem todas essas bandas jovens no seu encalço, e isso te motiva a continuar e a mostrar o que você tem. É muito legal ver isso. Mais uma vez, já temos cerca de 20 anos de estrada, então já cultivamos nosso próprio mundo. E agora estamos vendo outras bandas fazerem o mesmo, o que é muito legal.

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