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Aos 76 anos, Lionel Richie faz do The Town um grande karaokê afetivo

Aos 76 anos, Lionel Richie faz do The Town um grande karaokê afetivo

Com hits solo e dos Commodores, cantor uniu gerações em emoção e celebração

Lionel Richie no The Town 2025 (@observadordaimagem)

Nasci no ano em que Lionel Richie deixou os Commodores para apostar na carreira solo. Cresci ouvindo seus discos ao lado do meu pai, grande fã desse artista que aprendeu na Motown a transformar groove, amor e carisma em músicas inesquecíveis. Ver Richie no palco do The Town, aos 76 anos, foi vivenciar um espetáculo de memória viva — o tipo de show que Stevie Wonder, Diana Ross e Marvin Gaye, seus contemporâneos, aplaudiriam com orgulho.

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Lionel Richie (Reprodução redes sociais)

O setlist foi um verdadeiro passeio pela história da música pop e soul. Ele abriu a noite com “Hello”, um de seus maiores clássicos, e dali em diante foi costurando décadas de hits com a naturalidade de quem sabe que fez a trilha sonora de milhões de vidas. Canções como “Running With the Night”, “Easy” e “Three Times a Lady” trouxeram a atmosfera romântica que sempre marcou sua carreira, enquanto “Brick House/Fire”, acompanhada de labaredas no palco, mostrou a veia funk herdada dos tempos de Commodores. No encerramento, o clima festivo com “All Night Long (All Night)”, faixa que Richie compôs pensando em uma festa sem fronteiras, misturando influências caribenhas, africanas e latinas.

O grande trunfo do show, porém, foi a capacidade de Lionel de transformar um megafestival em algo íntimo. Entre histórias, risadas e olhares cúmplices, ele conduziu a plateia como se todos estivessem sentados em sua sala de estar. Essa habilidade narrativa vem de longa data: Richie não é apenas um cantor, mas um contador de histórias, alguém que compartilha bastidores das canções como se abrisse um álbum de família.

Lionel Richie no The Town 2025 (@observadordaimagem)
Lionel Richie no The Town 2025 (@observadordaimagem)

Histórias, aliás, não faltam ao repertório do ícone. “Hello”, por exemplo, nasceu de uma piada recorrente em estúdio. Seu produtor vivia o provocando com a frase “Hello, is it me you’re looking for?”, até que Lionel resolveu levar a sério — e transformou a brincadeira em um dos maiores hinos românticos da música. Já em “Endless Love”, sua parceria eterna com Diana Ross, Richie convocou o público brasileiro a assumir o lugar da amiga. O resultado foi um dos karaokês coletivos mais emocionantes que o The Town já testemunhou.

No piano, Lionel brilhou em momentos mais minimalistas. Em “Truly” e “Say You, Say Me”, mostrou delicadeza e intensidade, lembrando que sua força não está apenas na grandiosidade dos arranjos, mas também na simplicidade de voz e teclado. Essa alternância entre baladas introspectivas e explosões dançantes deu ao show um equilíbrio raro: Richie não apenas revisitou o passado, mas o atualizou no presente.

E houve ainda espaço para a memória coletiva com “We Are the World”, composta ao lado de Michael Jackson em 1985. Antes de cantar, Richie fez questão de reforçar a mensagem que atravessa gerações: “Nós precisamos desse amor no mundo hoje”. Em um festival marcado pela diversidade de estilos e pela celebração da música como encontro, a frase soou como manifesto.

O show no The Town deixou claro que Lionel Richie é mais do que um hitmaker. Ele é um guardião do afeto coletivo que a música tem o poder de criar. O showman provou que sua obra não envelhece — porque é feita daquilo que não tem prazo: emoção e a vontade irresistível de cantar junto.

Lionel Richie no The Town 2025 (@observadordaimagem)
Lionel Richie no The Town 2025 (@observadordaimagem)

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