Kanye West: rapper pode ser preso em show no Brasil; entenda
Cantor deve se apresentar no dia 29 de novembro em SP
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um inquérito civil para impedir que o rapper norte-americano Kanye West — que usa o nome artístico “Ye” — promova discurso de ódio ou utilize simbologia nazista durante o show previsto para 29 de novembro na capital paulista.
A Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, por meio da promotora Ana Beatriz Pereira de Souza Frontini, oficiou o Comandante do Comando de Policiamento de Choque, Coronel-PM Racorti, a manter policiais de prontidão para prender West em flagrante caso ele cometa o crime de apologia ao nazismo.
A ordem judicial, assinada em 13 de outubro, determinou a notificação dos produtores do evento para que impeçam manifestações de cunho antissemita. A promotoria afirmou que o discurso discriminatório contra judeus excede os limites da liberdade de expressão.
O despacho do MP-SP destaca que, embora o direito à liberdade de expressão seja garantido pela Constituição, ele “não é absoluto” e deve ser exercido dentro de limites legais e éticos.
As polêmicas envolvendo Kanye West
A promotoria esclareceu que, em casos extremos, cabe ao Ministério Público verificar a incitação ao crime ou a violação de Direitos Humanos. O documento continua: “Mais que isso, sua extensão deve variar conforme o contexto em que é exercido… havendo que se exigir maior responsabilidade por ideias transmitidas no contexto de música e extensa audiência em show, que poderiam conferir maior amplitude à incidência da liberdade de expressão”.
O MP adverte que a veiculação de certos símbolos e músicas será tipificada como crime: “No caso em apreço, a música ‘Heil Hitler‘, o uso de camisetas ostentando a suástica ou qualquer outro símbolo nazista, dirigido ao grande público, em mídias sociais, ou qualquer outro veículo de comunicação, será sim, tipificado como crime do artigo 20 da Lei 7.716/1989 (crimes resultantes de preconceito de raça, de cor, etnia, religião ou procedência nacional)”.
Os responsáveis pela produção do evento, identificados como o empresário Guilherme Cavalcante e o agente Jean Fabrício Ramos (conhecido como Fabulouz Fabz), poderão responder a uma ação civil pública por danos morais coletivos, com indenização proporcional ao valor da promoção do espetáculo.
A ordem do MP foi emitida após o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), proibir o evento no Autódromo de Interlagos, que pertence ao município. A empresa responsável pela organização do evento afirmou que o local terá que ser remanejado. Nunes declarou que a cidade não autorizará atividades em equipamentos públicos que promovam apologia ao nazismo.
Kanye West tem sido alvo de críticas desde 2022 por declarações antissemitas e elogios a Adolf Hitler, o que resultou em rompimentos comerciais com marcas. A música “Heil Hitler“, lançada em maio de 2025, foi banida de plataformas digitais. West relançou a faixa sob o título “Hallelujah“, substituindo as referências ao nazismo por alusões ao cristianismo.
O show segue em busca de um novo local para a apresentação de 29 de novembro.








