Álbum de Johnny Hooker reúne Ney Matogrosso, Daniela Mercury e Lia de Itamaracá
Confira a tracklist e faixa a faixa por Johnny Hooker
O cantor e compositor Johnny Hooker lança seu mais novo álbum intitulado “Viver e Morrer de Amor na América Latina”, nesta sexta-feira (05). O projeto foi construído ao longo dos últimos três anos e reúne composições que atravessam diferentes ritmos latino-americanos.
O artista conta que o disco surgiu de forma espontânea, a partir de composições criadas em momentos diferentes de sua trajetória.
“Foi um processo surpreendente, porque não estava planejado do tipo ‘ok, vamos fazer um novo álbum’. Eu fui compondo várias canções e quando me dei conta o álbum se apresentou para mim. Percebi que ali tinha um projeto que falava de uma maneira muito poderosa a respeito da maneira como eu me relaciono com a música, o passeio que minha música faz pelos ritmos nordestinos, brasileiros, latino-americanos. Não teve nenhuma intenção por trás, apenas escrever as canções mais bonitas e sinceras que eu pudesse”, explica.
O título do álbum vem da faixa-título, escrita por Hooker há quase dois anos e que se tornou o eixo central do projeto. A canção conta com a participação de Ney Matogrosso, uma das principais referências da música brasileira.
“O nome vem da canção ‘Viver e Morrer de Amor na América Latina’, que é o grande cerne que amarra esse trabalho. Comecei a escrever ela com essas imagens fortes em mente e quando percebi, a canção falou por si própria: ‘você está escrevendo sobre o Ney’. Quando mostrei pra ele e ele topou gravar fiquei muito emocionado. Esse título representa um grande encontro de gerações que lutam pela liberdade e pela autenticidade”, afirma.
Johnny descreve o disco como o mais pessoal de sua carreira, sendo uma reconstrução de suas próprias lembranças e vivências.
“O álbum tem dois grandes eixos centrais, um é esse comentário musical e poético sobre a passionalidade, o drama e os ritmos latino americanos, e o outro são minhas memórias amorosas, filosóficas e políticas. Ter escrito o disco sem a intenção de, de fato, fazer um álbum contribuiu muito com isso. Quando dei por mim tinha essa coleção de crônicas vividas na América Latina, uma região tão plural, com um leque de referências e ritmos impressionante”, conta.
O cantor também vê o projeto como um marco de reconstrução após um período difícil: “Esse projeto marca um momento de grande renascimento pessoal pra mim, depois da pandemia, de uma verdadeira história de terror que vivi junto a minha família imediata e um problema sério de saúde que tive em 2023. Esse trabalho me ajudou a enxergar tantas coisas lindas que a arte, a vida e as pessoas que acompanham meu trabalho me deram, então de uma certa forma é uma maneira de tentar retribuir”.
Por fim, o artista encerra expressando suas expectativas com a reação do público diante de mais um grande trabalho. “Espero que eles me dêem o privilégio de embarcar nessa jornada muito louca e consigam se entregar, se perder e se achar nessas canções que falam de coisas do coração, de sonhos e de renascimento”, declara.
Além de Ney Matogrosso, o novo disco também conta com participações de Daniela Mercury e Lia de Itamaracá.

Confira a tracklist e faixa a faixa por Johnny Hooker
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Querem me ver humilhada
“Essa faixa serve como um epílogo do álbum no sentido de que registra muitos dos momentos de censuras e ataques de ódio completamente desproporcionais que vivenciei nos últimos anos. Chegaram até a fabricar uma notícia de que eu havia morrido. A música como sempre é minha resposta aqueles que me desejam mal. Estou vivo, feliz e realizado. Agora mais do que nunca. E pra abrir o álbum uma boa homenagem também ao samba, esse ritmo latino americano que como diria o mestre Jards Macalé é o DNA do brasileiro.”
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Nunca Vai Passar
“A letra dessa música fala muito sobre aquelas cicatrizes de amor que nunca saram completamente, aquelas paixões que queimam rápida e intensamente e ficam gravadas na gente. Como um Oroboros, a cobra que come o próprio rabo, um ciclo que ecoa pra sempre. Queria trazer esse Groove latino com solos de guitarra e esse tema que se repete sem parar. É uma das minhas favoritas do álbum.”
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Saudades, Elder
“Quem nunca sofreu por alguém que estava comprometido apenas com seu próprio prazer? Em 2023 fiz uma extensa turnê cantando Marília Mendonça e esse contato mais intenso com a obra dela inspirou muito essa canção. Ela é passional mas também tem um certo humor que brota dos momentos mais sinceros do coração. Na estética quis homenagear um pouco Marília, um pouco Roxette, como aquelas baladas de rock clássico que a gente cresce escutando na Antena 1 e que influenciaram imensamente o cancioneiro romântico do Brasil.”
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O Mundo Me Espera
“Essa mescla de brega com rock que já é característica do meu trabalho desde o começo ganha espaço aqui em uma canção de separação e volta por cima. Dessa vez queria trazer essa perspectiva de que o eu lírico não é apenas uma vítima do “abandono” mas deixar claro que os dois lados “tocaram o terror”. E no final ela vem como uma grande libertação num solo maravilhoso do Jojo Inácio, afinal de contas depois de cair o mundo está lá a nossa espera.”
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A Vida É Assim
“Essa é uma regravação de um clássico do brega recifense de um artista chamado Conde Só Brega que eu cresci escutando no repeat nos bares e programas de auditório dos anos 2000. Amo a maneira como ela celebra esse grande caos da vida sem pedir desculpas. Se erramos ou acertamos no final é isso que temos, ninguém é perfeito e a vida é assim.”
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Viver e Morrer de Amor na América Latina – Feat. Ney Matogrosso
“Comecei a escrever essa faixa a quase dois anos e quando me dei conta estava escrevendo com Ney Matogrosso em mente. Ela traz uma coisa mística mas ao mesmo tempo profética sobre as desventuras de ser latino americano, passional, intenso. Não importa o quanto a gente fuja o amor vai nos alcançar, vai nos suspender no ar e nos arremessar ao chão. É o destino de todos sob este sol inclemente do hemisfério sul, viver e morrer de amor. E quando Ney topou gravar essa comigo eu fiquei muito feliz. Ele foi de uma generosidade e carinho incríveis. Ficou melhor do que no sonho. Mais do que um momento de carreira, é um momento da minha vida que eu jamais esquecerei”
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Quando Eu Me For
“Nesse momento o álbum dá uma guinada temática pra abordar um pouco as minhas memórias. “Quando eu me for” entra como uma espécie de meditação sobre morrer e renascer mas de uma maneira que celebra o presente inestimável da vida. Não queria falar da morte como um tabu mas sim como uma libertação, o próximo capítulo. Pode ser lida também como alguém que parte em busca de uma nova vida. Ela é como me sinto também, sem arrependimentos, fiz o melhor que pude.”
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2 PUNKS NEON
“Ainda na temática da memória “2 PUNKS” entra como um aceno ao meu eu mais jovem, descobrindo o amor e as aventuras da vida, tocando o terror pela cidade pela primeira vez. Essa fome de viver que a gente tem quando é muito jovem e esse encantamento pelo mundo e pelas pessoas. É meu lembrete nostálgico para nunca esquecer desse sentimento de deslumbramento. É também claro uma homenagem ao rock queer brasileiro, latino americano e em língua portuguesa dos anos 80. De Legião Urbana a Antônio Variações.”
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Eu Quero Ver Pegar Fogo – Feat. Daniela Mercury
“Aqui para começar a encerrar o álbum temos o frevo que é um ritmo pelo qual sou apaixonado e já brinquei bastante em outras composições. Escrevi ela no carnaval do ano passado no qual passei em Olinda. O clima aqui é de desbunde geral, de calor e entrega e no refrão todo mundo se beijando na ponta do pé, que é como a gente fica quando tá esmagado pela multidão. A presença luminosa e luxuosa de Daniela Mercury entra aqui também como uma conexão com Salvador uma cidade pela qual sou devoto.”
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A Vida É Um Carnaval – Feat. Lia De Itamaracá
“E finalmente o carnaval chega para lavar as mágoas. Lembro de escutar essa música ao final da última folia de Momo na versão imortal de Célia Cruz e começar a chorar com a emoção e a beleza que ela evoca e daí surgiu a vontade de regrava-la em português. Recife também tem uma conexão muito forte com a música Cubana e caribenha em geral. E para abençoar os caminhos futuros ninguém melhor do que Lia de Itamaracá, nosso patrimônio cultural imaterial dividindo os vocais comigo. Termino esse álbum de corpo fechado e recomendado a um futuro cheio de beleza. E novas aventuras.”








