‘Ghost of Yōtei’: como foi criada a trilha sonora do game
Novo jogo da franquia chega nesta quinta-feira (2)
O universo de “Ghost of Tsushima”, jogo da Sony Interactive Entertainment lançado em 2020, ganha uma nova história nesta quinta-feira (2). A empresa de games lança “Ghost of Yōtei”, ambientado 300 anos após os acontecimentos do primeiro. Em entrevista para a Billboard Brasil, Brad Meyer, diretor de áudio, e Toma Otowa, compositor do game, deram detalhes sobre a produção musical do lançamento.
“Temos uma protagonista diferente, uma época diferente, um lugar diferente. Tudo isso pesou na forma como abordaríamos a música. A gente queria trazer de ‘Ghost of Tsushima’ a melodia realmente forte. A música tinha que trazer essas memórias lindas, comoventes, e que pudesse causar o impacto emocional na história que estamos contando”, diz Brad.
Na trama do novo jogo, Atsu é movida pela vingança contra um grupo que assassinou sua família anos antes. Assim como no anterior, a trilha sonora é uma das forças que dá ainda mais potência à história. Brad e Toma mergulharam na música folclórica japonesa: instrumentos tradicionais como shamisen e shakuhachi ganharam mais espaço. Uma das novidades foi o uso do kokyū, um tipo de violino japonês.
“Foi o casamento perfeito entre o velho oeste, o estilo musical ocidental e o folk japonês. Não sabíamos se ia funcionar, mas fizemos descobertas muito interessantes, como o uso de guitarra havaiana com a Biwa (instrumento de cordas japonês). Foram surpresas agradáveis”
Toma Otowa, compositor do jogo
Brad acrescenta: “Nós fizemos algo único e diferente, mas que também é emocionante e bonito. A música carrega a narrativa da história do jogo muito bem”. Ele explica que o shamisen é um instrumento que a mãe do protagonista a ensinou. “Há um aspecto narrativo muito grande e queríamos incluir isso de forma extensa na trilha sonora.”
A equipe explicou que uma das referências para a trilha sonora foi o disco “Tobimasu”, da cantora Hako Yamasaki. “O estilo do folk japonês dos anos 1970 ressoou realmente com o que queríamos”, explica Toma. Em julho, ele divulgou a música tema da protagonista, cantada por Clare Uchima.
“Foi legal poder sintonizar esse estilo folk com uma guitarra e deixar tudo simples. Mas garantimos que a música expressasse o que Atsu gostaria de dizer. Ela tem esse passado cruel, macabro. É uma emoção reprimida. Há tristeza condensada, sofrimento. Você vê a força dela do lado de fora. A música é como se a alma dela estivesse vazando, como se a tristeza estivesse saindo.
Veja o trailer de ‘Ghost of Yōtei’
O peso de uma sequência
Questionados sobre a pressão de um lançamento após o sucesso estrondoso de “Tsushima”, os músicos dizem não enxergar isso como uma cobrança externa. Em 2020, o game recebeu sete indicações no Game Awards, uma das principais premiações para jogos. Ele saiu vencedor na categoria melhor direção de arte e voz de jogadores.
“Não vemos exatamente dessa forma. Para mim, essa pressão vem de dentro de nós mesmos, porque, como criadores e desenvolvedores, sempre queremos fazer melhor e sempre nos superar. Olhamos para alguns dos sucessos que tivemos em ‘Ghost’ e nunca tentamos espelhá-los ou superá-los. Era mais sobre como fazer isso de uma maneira diferente, ainda mais impactante emocionalmente”, diz Brad.
Tudo pensado nos mínimos detalhes
Um dos pontos altos da franquia são a sonorização de detalhes de combate e exploração. O diretor de áudio explica que o processo de trazer mais vida para esses pontos também foi priorizado pelo time.
“Qual é a coisa mais importante que o jogador precisa ouvir em cada momento? Construímos esses sistemas de mixagem dinâmicos. Em um combate, por exemplo, reduzimos a maioria dos sons de ambiente. Você não quer ouvir pássaros cantando enquanto se concentra para cortar caras com uma espada [risos].”
Um dos exemplos é o vento guia de “Yōtei”, que já apareceu como destaque no primeiro game e ganhou uma nova sonoridade para a sequência. “O que Josh Lord [roterista] fez nesta versão, em vez de usar flautas novamente, foi processar várias vocalizações de lobos. E esse é o elemento principal do vento guia desta vez, porque Atsu é uma loba solitária. Seu arco narrativo é sobre ela deixar de ser uma loba solitária para abraçar a ideia de ter uma matilha de lobos e se tornar uma família novamente.”
