‘Garçom’ do sertanejo pop, Bruno Caliman se lança em carreira solo
O cantor e compositor gravou o DVD 'Os Relógios Estão Todos Errados'
Bruno Caliman é uma espécie de “garçom” do sertanejo pop. Explicando melhor: no futebol, o apelido nasceu para classificar um tipo de jogador que “serve” seus companheiros de ataque. Pois o cantor e compositor nascido em Itamaraju (Bahia), mas radicado em Vila Velha, no Espírito Santo, se notabilizou por lançamentos açucarados para intérpretes do sertanejo pop –entre eles Luan Santana, Gusttavo Lima, Jorge & Mateus e Lauana Prado – e da MPB (as cantoras Tiê, Luiza Possi e Luísa Sonza estão entre as colaboradoras do hitmaker baiano).
Todo garçom, contudo, tem seu dia de artilheiro. E no dia 06 de agosto Caliman deu um passo importante em direção ao protagonismo pop. Ele apresentou o show “Todos os Relógios Estão Errados” no Teatro Sesi, em Vitória, onde aprimorou as ideias apresentadas no disco “Calimanismo”, lançado em março de 2025, que trazia canções focadas no universo pop rock.
Em entrevista para a Billboard Brasil (veja o vídeo abaixo), o artista disse que há tempos queria mostrar outros estilos musicais que compõem seu repertório. Uma variedade, aliás, que se fez presente também na escolha dos convidados: Paulo Ricardo, ex-RPM, e um dos principais compositores do universo pop rock nacional; Tato, cantor do Falamansa, que deu o pontapé inicial numa vertente chamada forró universitário; Raffa Torres, cantor e compositor que faz um híbrido de pop e sertanejo, e Landau vocalista que trafega no universo do rock rural e do folk. Cada um deles colaborou, à sua maneira, com o arsenal de composições de Caliman.
O cantor e compositor tem uma trajetória sui generis. Era, inicialmente, um músico de pop rock. Mas a necessidade fez com que mudasse de rumo. Certa feita, teve a ideia de fazer pequenas viagens para o interior de cidades da Bahia a fim de garantir uns trocados a mais. O compositor se posicionava na praça onde se concentrava o comércio local e ficava olhando a movimentação das lojas. No final da tarde, oferecia jingles que tinha acabado de compor para o comércio da cidade. Isso rendeu a ele uma versatilidade incomum e a capacidade de criar rimas e termos que passam longe do trivial – caso do “nem que esteja velhinha gagá”, presente em “Te Esperando”, hit do popstar sertanejo Luan Santana.
Outra qualidade de Caliman está nas histórias expressas em suas letras. Mais do que um apanhado de versos, eles narram contos e causos com uma destreza fora do comum. Na apresentação em Vitória, por exemplo, ele prendeu a atenção da plateia ao desfiar uma música sobre um andarilho que se defronta com o gerente de um banco e outra a respeito do sujeito que casa com a filha de um chefe do crime. Como elas terminam? Só escutando, só escutando… “Eu fiz curso de roteiro por isso gosto dessa ideia de sempre contar uma história”, justifica Caliman.
O cantor não sabe ainda quando o material da performance ao vivo será lançado. Por enquanto, se preocupa em divulgar “Calimanismo”, álbum que dá um passo firme em direção ao pop (o título, aliás, nasceu de uma entrevista do roqueiro baiano Raul Seixas a Jô Soares onde ele dizia fazer “Raulseixismo”. Então, “Calimanismo” seria um pop de Bruno Caliman). Seja qual a for a data escolhida, “Todos os Relógios Estão Errados” mostra que esse “garçom” tem atributos suficientes para se tornar um goleador do pop.