Quando a cantora carioca Evinha entrou no palco para cantar “Cantiga por Luciana” no IV Festival Internacional da Canção, em 1969, aos 17, certamente não poderia esperar que quase 50 anos depois, as faixas dos seus principais discos solo estariam na ponta da língua dos jovens nos principais festivais do Brasil. No Rock The Mountain, a estrela à frente dos hits “Esperar Pra Ver” e “Só Quero” – sampleados por BK no seu mais recente álbum – se emocionou em mais um show solo para um público que abraçou a sua redescoberta.
O nascimento de uma cantora solo
Desde 1961, Evinha integrava o Trio Esperança, dividindo na primeira formação a responsabilidade dos álbuns de Jovem Guarda com os irmãos Mário e Regina entre 1963 e 1968. gravou diversos álbuns. Em 1968 iniciou carreira solo e, no ano seguinte, com o sucesso no Festival da Canção, alcançou o seu primeiro grande marco. Para a artista, a virada revelou seu desejo de interpretar “o máximo de estilos musicais possíveis”, como ela deixou registrado em entrevista à Billboard Brasil.
Entre “Cartão Postal” e o Rock The Mountain
Nos anos 70, Evinha lançou álbuns como ‘Eva’ (1970) e ‘Cartão Postal’, maior destaque de sua curta carreira no Brasil. Em 1977, a mudança geográfica após convite para integrar a orquestra de Paul Mauriat e o encontro musical que deu em casamento com o arranjador francês (que estava na orquestra) Gérard Gambus redirecionou sua carreira para um âmbito internacional, mas discreto.
Justamente esse percurso que a colocou, décadas depois, no centro de uma nova linguagem: quando o álbum Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer, do rapper BK’, – em produções de Theo Zagrae, JXNV$, Kolo e Deekapz – sampleou duas de suas vozes, das canções “Só Quero” e “Esperar Pra Ver”, ela reencontrou um público jovem, conectado pelas plataformas digitais e as novas tendências da música.
Já passa de 10 meses o tempo desde o lançamento, e a a surpresa em cada show segue a mesma. “Já fiz uns dois, três shows, com essa moçada prestigiando, cantando todas as músicas – é uma coisa assim, emocionante”, contou à Billboard, antes do show na primeira sexta-feira em Petrópolis.
O Rock The Mountain foi o primeiro festival a anunciar Evinha no line-up, na esteira do momento pós-sample. Antes de subir ao palco na região serrana do Rio, a artista também passou pelos palcos do Festival Sensacional, em Belo Horizonte, e também como convidada de BK no Festival Gigantes, na capital carioca.
Como foi o show de Evinha no Rock The Mountain
Revigorada pelo momento, Evinha entregou no palco uma performance que resgatou dos seus primeiros sucessos da sua carreira até o momento de samples com auxílio familiar da banda formada por seus sobrinhos e o marido, nos teclados.
Mesmo com lama na grama após um dia chuvoso, Evinha viu a frente de seu palco encher num dos primeiros shows do final de semana, às 20h20.
Conexão com o público da nova geração
Na plateia, o impacto desse “reencontro” se refletiu em um público conectado com as declarações de surpresa da artista. “É emocionante perceber como a música pode continuar tocando as pessoas independente do tempo”, disse Mariana, na pista do Palco Aurora. “As duas gerações, da década de 70 e a nossa, sabem apreciar e respeitar o trabalho dessa pessoa extremamente talentosa.”
Perguntada em entrevista recente, Evinha despistou sobre novas produções no estúdio: “Por enquanto, deixa as coisas virem, e a gente vai ver. É esperar pra ver, mas não descarto.” Esperamos por isso, Evinha!







