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Dorgival Dantas, Waldonys e Flávio José dão aula no Encontro das Sanfonas

Dorgival Dantas, Waldonys e Flávio José dão aula no Encontro das Sanfonas

Show em João Pessoa reuniu três dos maiores instrumentistas do acordeom

Quem compra um ingresso para o Encontro das Sanfonas, na verdade, se matricula em um curso intensivo de forró com mais de quatro horas de duração. Os professores são catedráticos, mestres na arte do acordeom: Waldonys, Flávio José e Dorgival Dantas. Na noite de sábado (18), em João Pessoa, os três deram aula de xaxado, arrasta-pé, baião, xote e pé de serra em um baile de respeito. A apresentação foi realizada em uma Domus Hall abarrotada por diferentes gerações de fãs da música nordestina.

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Como todo curso que se preze, o espetáculo é dividido em módulos. A primeira parte fica a cargo de Waldonys, sanfoneiro com brevê de aviador acrobático (!) que foi responsável pela decolagem do show. Com muito bom-humor, que ele credita a sua origem cearense, o instrumentista conduziu o evento enquanto contava piadas e causos, arrancando gargalhadas do público presente.

Um dos momentos mais engraçados e cheios de ternura dessa primeira etapa foi o “solo” de triângulo e dança de Chico Viola, um forrozeiro da mais alta patente que tem inacreditáveis 98 anos de idade. No repertório, Waldonys incluiu canções de sua lavra e clássicos do forró, como “É proibido cochilar”, de Antônio Barros. O artista, que acompanhou as lendas do gênero Dominguinhos e Gonzagão como músico de apoio no início da carreira, mostrou que aprendeu muito com os mestres. Para reforçar sua verve de piloto, ele cantou também “Sonho de Ícaro” (“Voar voar, subir subir”), de Byafra.

O próximo segmento ficou por conta de Flávio José, o mais veterano do trio. Antes de virar amigo e companheiro de palco, o sanfoneiro de 74 anos era um ídolo para Dorgival (54) e Waldonys (53), duas décadas mais jovens. No palco, ficou evidente o motivo de tamanha admiração de seus companheiros de acordeom. Com uma sensibilidade ímpar para manusear o instrumento musical, o paraibano fez a sanfona ganhar vida em sua apresentação. A plateia dançou ao som de “A Casa de Saudade”, “Tareco & Mariola” e “Filho do Dono”.

A parte terceira ficou a cargo de Dorgival Dantas. Com as longas madeixas que já viraram sua marca registrada, “O Poeta” empolgou o público com “Você não vale nada”, “Destá” e “Coração”. Com o acordeão grudado junto ao peito e um sorriso de orelha a orelha no rosto, ele conduziu a apresentação mesclando composições suas com sucessos de outros compositores consagrados. Dorgival ainda convidou a sanfoneira Lucy Alves, prata da casa de Jampa, para uma participação especial. Ex-The Voice Brasil, a multi-instrumentista subiu ao palco com sua sanfona rosa e arrancou aplausos da plateia ao acompanhar o músico potiguar.

Após a parte de Dorgival, lá pelas 2:30 da madrugada de domingo, enfim chegou o momento da aula magna, sem dúvidas a parte mais aguardada pelo público. As três sanfonas juntas no palco deram ao som um peso impressionante, como ficou evidente no clássico de Luiz Gonzaga “A Vida do Viajante”. A energia do trio foi refletida pela plateia, a essa altura completamente encharcada de suor de tanto dançar. Se depender do público paraibano, a avaliação final do Encontro das Sanfonas pode ser apenas uma: aprovação com louvor.

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