Do fado ao rock e ao trap, Portugal é um festival de novas tendências musicais

Portugal, claro, é a terra do fado. Como também é a terra do rock, do hip hop, do trap, do pop… Embora o cancioneiro eternizado por Amália Rodrigues seja sua principal fonte de exportação, o país tem se esmerado em outros gêneros musicais. Fruto, claro, da sua proximidade com as outras nações do continente e sua troca de culturas musicais.
Abaixo, um panorama do que Portugal tem de melhor para exportar e exemplos de como se deixou influenciar por outras culturas.

AMÁLIA RODRIGUES

Importância: cantora e atriz, é o principal nome da música portuguesa. Amália Rodrigues (1920-1999) modernizou o gênero. Ela adicionou temas e poemas contemporâneos, mudou a maneira de interpretar o fado e até a maneira de se vestir e comportar no palco. Amália eternizou o xale sobre os ombros e a postura de se apresentar à frente dos guitarristas. São delas as canções mais conhecidas por pessoas que nem sequer têm intimidade com o fado: “Nem às Paredes Confesso”, “Uma Casa Portuguesa”, “Ai Mouraria”, “Coimbra”.

O que escutar: “18 Sucessos” (1996)

ZECA AFONSO

Importância: É uma espécie de “pai” dos cantautores portugueses e que construiu uma sonoridade mais urbana –em contraposição ao tradicional fado. Sua canção “Grândola, Vila Morena” foi o sinal que deflagrou a Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal em 1974.

O que escutar: Cantigas do Maio (1971)

RUI VELOSO

Importância: seu disco, “Ar de Rock”, é considerado o pioneiro do gênero no país por conta de sua sonoridade new wave –lembra até o “rock de bermuda” brasileiro dos anos 1980– e letras acessíveis. Mas também sabe falar sério. “Mingo e os Samurais”, de 1990, é uma espécie de ópera rock sobre uma banda de rock portuguesa nos anos 1960 e 1970.

O que escutar: “Ar de Rock” (1980)

MADREDEUS

Importância: foi uma das primeiras bandas a estender suas fronteiras para outros países (seus discos venderam mais de três milhões de cópias), graças a uma combinação de música tradicional com elementos folclóricos e contemporâneos. Os destaques eram a concepção sonora de Pedro Ayres Magalhães e a voz sobrenatural de Teresa Salgueiro.

O que escutar: “Os Dias da Madredeus” (1987)

XUTOS E PONTAPÉS

Importância: eles são uma espécie de “Rolling Stones de Portugal”, uma das primeiras bandas a assimilar o know how do rock’n’roll. Suas letras refletem muito o espírito de desencanto da juventude lusitana nos anos 1980.

O que escutar: “Circo de Feras” (1987)

MARIZA

Importância: ela foi a artista que abriu as portas para uma nova geração de fadistas –entre elas Ana Moura e, claro, Carminho. Inicialmente, se aventurou pela música pop, mas logo retomou o tradicional gênero português, sua primeira paixão. Sua voz é uma coisa do outro mundo.

O que escutar: “Meu Fado” (2001) 

ANTÓNIO VARIAÇÕES

Importância: é o mais próximo que a cena portuguesa chegou de Ney Matogrosso. Variações teve uma carreira curta –morreu em 1984, aos 39 anos– mas combinou o visual andrógino com letras bem humoradas e um pop dançante.

O que escutar: “Dar e Receber” (1984) 

DA WEASEL 

Importância: uma das principais bandas de hip hop do país (banda mesmo, tocam ao lado de instrumentistas), eles possuem um combo lírico que trata desde denúncias dos problemas do país como superação e crescimento pessoal.
O que escutar: “Re-Definições” (2004)

 

PLUTÓNIO

Importância: descendente de moçambicanos, o rapper faz parte da comunidade desassistida de Cascais, estância balneária frequentada pelos chiques e famosos de Portugal. Plutónio (nome artístico de João Ricardo Azevedo Colaço) teve seus tempos de correria, mas hoje se tornou um dos principais nomes da mistura de rap, trap e R&B.

O que escutar: “Carta de Alforria” (2024)

 

MARO

Importância: é a mais nova sensação pop do país e chegou a concorrer no Eurovision de 2022 com a canção “Saudade, Saudade”. As lives que promoveu na pandemia tiveram até participação do guitarrista Eric Clapton.

O que escutar: “Can You See Me” (2023)