Diretor musical dos Backstreet Boys detalha show imersivo da boy band
Keith Harris também é baterista do Black Eyed Peas há 20 anos
O público que lotou o The Sphere, em Las Vegas, para assistir à residência dos Backstreet Boys, não sai apenas com as memórias de um show visualmente arrebatador e com som de última geração – mas vive uma experiência imersiva única. Por trás do espetáculo está o diretor musical Keith Harris.
“Me preparar para essa enorme empreitada para aquele local e para o espetáculo foi um desafio. E, claro, tenho a melhor equipe de todas. Esses desafios foram superados por causa desse time”, explica Keith para a Billboard Brasil.
“Revisitamos os clássicos dos Backstreet Boys e demos uma repaginada moderna, mas mantendo a identidade original. Tivemos que pré-gravar praticamente todas as músicas. O Sphere tem mais de 100 mil alto-falantes”, conta. (Assista ao vídeo do show abaixo).
“Como diretor musical, mantive isso na cabeça para garantir que tudo fosse gravado o mais limpo possível. Então, sem zumbidos de uma guitarra, sem cliques ou estalos na edição de áudio. Eu só queria ter certeza de que tínhamos a melhor qualidade de áudio possível.”
Duas vezes vencedor do Grammy, Keith também é diretor musical e baterista do Black Eyed Peas há mais de duas décadas. De sucessos como “Pump It” a turnês mundiais com ingressos esgotados, ele é parte essencial do som do grupo.
“Sou um cara urbano. Levo muito da minha experiência do soul e do funk. Fui criado no sul de Chicago, cresci tocando na igreja”, diz. James Brown, BB King e Otis Clay estão entre as principais influências do artista.
“Eu morava em Nova York. Em 2003, eu conheci o diretor musical anterior do Black Eyed Peas, Prince Board. Ele me descobriu quando eu estava fazendo faculdade. Tive a chance de tocar com o grupo naquele ano no Coachella e nunca mais os deixei”, revela.
Um novo compasso na carreira
Produtor, multi-instrumentista e colaborador cultural, Keith inicia agora um novo capítulo de sua trajetória. Ele co-produziu o novo single do Black Eyed Peas, “East LA” – uma celebração sonora da cultura e identidade do Leste de Los Angeles. Também compôs, ao lado de Taboo, a canção dos créditos finais do filme “Free Leonard Peltier”, obra que defende justiça para comunidades indígenas.
“Pelo fato de viajarmos pelo mundo, vemos coisas diferentes e festivais únicos. Nos abrimos para muitos artistas e nos inspiramos. Também vemos que tipo de música é tocada e como as pessoas estão reagindo. Usamos isso como inspiração para fazer discos. Foi assim que fizemos com ‘Boom Boom Pow’, de 2009.”
Keith também tem a própria carreira solo. Em 2020, ele lançou o álbum “The Keith Harris Experience Volume 1”. “Se você quiser acelerar sua frequência cardíaca, ouça o disco!”, aconselha. “Eu gostaria de fazer uma turnê pelo mundo com minhas músicas. Atualmente, estou trabalhando no meu próximo projeto.”
Questionado sobre novos artistas que chamam sua atenção, o produtor não poupa elogios a Doechii.
“Ela é foda. Amo a criatividade que ela tem para tudo. É uma rapper incrível, uma cantora habilidosa. A vibe dela é ótima. Seria uma colaboração incrível dela com os Black Eyed Peas ou até mesmo comigo.”
Com a visão artística que une entretenimento e propósito, Keith diz que a música pode ser tanto um fenômeno comercial quanto uma ferramenta de transformação social.
“Você não cria arte com o propósito pessoal de tentar lucrar, sabe? Veja os artistas do TikTok. Eles lançam uma música maluca, mas não fazem um show. Eles não sabem como se apresentar. Eles não sabem como traduzir sua música ao vivo”, exemplifica.
Para quem quer investir na carreira musical, ele aconselha: “Você sempre tem que criar algo que seja uma representação verdadeira de você como artista. É necessário descobrir qual é a sua paixão. Descubra qual é o seu por quê. Por que você está fazendo música? Eu sei que você está fazendo isso porque ama, ou quer mudar de vida, mas qual é o propósito aqui? Se não houver um porquê, é fácil se perder e cair nas armadilhas da indústria musical.”