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US Agroboy levam ‘baladinha rural’ à Barretos com proposta de inovar o sertanejo

US Agroboy levam ‘baladinha rural’ à Barretos com proposta de inovar o sertanejo

Dupla formada por Jota Lennon e Gabriel Vittor criaram novo estilo no gênero

US Agroboy

A primeira etapa da 70º Festa do Peão de Barretos começou com uma mistura de subgêneros do sertanejo, com a grande estreia do hip-roça da dupla US Agroboy no Palco Amanhecer. Jota Lennon (o Jotinha) e Gabriel (o Indião) levaram sua baladinha rural para o público do evento, que curtiu o show deles até o dia raiar.

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Xand Avião (Divulgação)

“É uma energia diferente. Você olha para cima tem gente, olha para baixo tem gente. O trem todo lotado, cara. Totalmente inexplicável”, celebrou Gabriel em conversa com a Billboard Brasil. Jota deixou essa emoção te carregar ao relembrar sua longa trajetória com Barretos, que começou quando ele tinha 4 anos e era narrador de rodeios.

Essa foi a primeira passagem deles no Barretão enquanto uma dupla, e os meninos também foram surpreendidos pela Warner Music ao receber um quadro de certificação de 835 milhões de streams totais de carreira e certificação de platina para o álbum “Roça no Topo”.

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Além da apresentação no Palco Amanhecer, US Agroboy fizeram uma participação especial no show de Fernando e Sorocaba, cantando a faixa “Consequências de Amar um Cowboy”, lançada em parceria entre os artistas. Os anfitriões também deram espaço para que eles cantassem “Baladinha Rural”, um dos singles mais famosos da dupla.

US Agroboy
US Agroboy ganham certificações da Warner em Barretos (Divulgação)

Quem são US Agroboy

Apesar de estarem em Barretos pela primeira vez como cantores, eles já tem uma história com o evento. Jota, que nasceu em Ibirité, Minas Gerais, foi narrador de diversos rodeios, e frequentava a festa desde os 4 anos. Foi nessa idade, inclusive, que chamou a atenção do público da Festa do Peão, em 1998.

“No rodeio a gente fazia CDzinhos para vender, com versos que meu pai fazia para mim. Para deixar a coisa mais interessante, transformei esses versos de rodeio transformados em músicas. Eu já colocava uma batida ‘da cidade’, mas com um palavreado da roça”.

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Envolvido na música desde que se entende por gente, ele sempre foi fã de repentistas como Caju e Castanha, sertanejo raiz, batalhas de rima e Charlie Brown Jr. Além de cantar e narrar rodeios, criando seus próprios versos, ele também tem uma trajetória como compositor, já tendo assinado músicas para nomes como Lucas Lucco, Marília Mendonça e Wesley Safadão.

Gabriel Vittor, natural de Goiânia, no Goiás, também tem uma história longeva com a música: aprendeu a tocar viola caipira quando criança, fez shows em barzinhos e, assim como Jotinha, ganhou destaque como compositor de artistas como Gusttavo Lima, Henrique e Juliano e Zé Neto e Cristiano.

Além do sertanejo, que faz parte de sua vida desde sempre, Gabriel também é fã declarado de System of a Down –ao ponto de ter duas tatuagens inspiradas na banda no braço. Ele também fez questão de se hospedar no hotel ao lado da banda em maio de 2025, quando eles vieram ao Brasil para uma sequência de shows. Gabriel conseguiu até conhecer John Dolmayan, o guitarrista, com quem trocou “umas três horas de ideia”. “O Indião quando não está ouvindo Cacique e Pajé, está ouvindo System of a Down”, brincou Jota sobre o gosto musical do amigo.

Entre composições para lá e pra cá, Gabriel e Jota se conheceram em 2017, e chegaram a trabalhar juntos fazendo letras para outros cantores. Uma das faixas foi “Boiadeira”, de Ana Castela. “Bateu uma sintonia entre nós dois”, disse Gabriel. “Fizemos música para uma galera do sertanejo ‘bruto’. E além de tudo o Gabriel se tornou um grande amigo. Ele é padrinho do meu filho antes mesmo da gente formar US Agroboy”, complementa Jota.

Foi em 2021 que surgiu a ideia de se unirem como uma dupla, unindo os universos diversos de gostos musicais que os rodeiam (heavy metal, rock, modão, repente, hip hop e por aí vai). A necessidade de levantar uma grana durante a pandemia de Covid-19 também foi um impulso maior para esse pontapé inicial.

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Daí surgiu US Agroboy, cunhando o tal do “hip-roça”, com músicas que exaltam a vivência no campo que ambos tiveram, trazendo uma linguagem mais jovial. “A gente pegou algumas músicas que ninguém teve coragem de gravar, e resolvemos fazer nós mesmos. Não tínhamos muita pretensão. A ideia era ter pelo menos um salário dos streams.”, relembra Gabriel.

Jota, do US Agroboy
Jota, do US Agroboy, durante show em Barretos (Divulgação)

O hip-roça

Tanto Gabriel quanto Jota já tiveram experiências diversas como compositores de sertanejo –desde o agronejo de Ana Castela até o feminejo de Marília Mendonça. Na hora de escrever as letras para US Agroboy, eles resolveram tentar algo diferente.

“Nosso som não tem nada a ver com o que já tem por aí. Mas a gente traz referências do ‘sertanejo bruto’, além dos estilos que a gente curte pessoalmente”, explica Gabriel, reforçando que a música deles é a união da cidade com o campo.

Jota acredita que o estilo dos US Agroboy trouxe uma oxigenada para o sertanejo, e acabou atraindo um público novo para o gênero. “Felizmente ou infelizmente, hoje a garotada é muito consumida por batidas, coisas virais. E o nosso som comunica com essa galera”.

Para o primeiro álbum da dupla, autointitulado, a grande inspiração foi o rapper Hungria, que ambos são muito fãs. “A gente queria trazer o hip-hop exaltando a galera da roça. Existe no rap o mantra de que ‘a favela venceu’, então a gente queria trazer essa energia pra roça”, disse Gabriel. “Encaixou legal pra caramba”, completa Jota.

Apesar de terem um público jovem e fiel, US Agroboy também já foram alvos de críticas por conta dessa ousadia dentro de um gênero que em muitos momentos flerta com o conservadorismo.

“No início rolaram muitas pedras. A gente não faz um sertanejo convencional, apesar das nossas raízes. Mas a gente entende que a música está em evolução, e se o mercado mudar a gente vai se adaptar sem perder nossa essência”.

Gabriel, do US Agroboy
Gabriel, do US Agroboy, durante show em Barretos (Divulgação)

O que vem por aí

O último lançamento de US Agroboy foi o disco “Roça no Topo”, em que eles colaboraram com nomes como Ana Castela, Guilherme e Benuto e Maneva.

Para 2025, eles estão preparando um projeto inédito que vai mergulhar no sertanejo ‘modão’, com músicas inéditas (com um lado mais romântico, antecipa Jota) e regravações. A gravação vai ser em Goiânia. “Vamos pisar lá no Goiás e ver velho e ver o que dá, né?”, complementa o ex-narrador de rodeios.

Cinco músicas para conhecer US Agroboy

  • Mais Brabo Que Vovô, em parceria com Hungria
  • Consequências de Amar um Cowboy, com Fernando e Sorocaba
  • Eu Minto, com Ana Castela
  • Sextou
  • Baladinha Rural

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