Como a mistura do drum and bass com o heavy metal fez Duda Beat renascer
Disco 'Tara & Tal', o terceiro de sua carreira, foi lançado na quinta (11)
Duda Beat sente demais. Longe de ser apenas uma referência ao seu primeiro disco, “Sinto Muito”, lançado em 2018, a afirmação é fresca, e foi reforçada em diversos momentos durante a entrevista da cantora de 37 anos para Billboard Brasil. A intensidade conflitante dos sentimentos, sejam eles bons ou ruins, refletem na sonoridade um tanto quanto complexa do disco “Tara & Tal”, o terceiro de sua carreira, que chega ao streaming nesta quinta-feira (11).
No projeto, que é a continuação das histórias presentes em seu álbum de estreia, e em “Te Amo Lá Fora”, de 2021, Duda está mais segura de si, e por isso mesmo, quer se divertir, desejar, aprender a flertar. Mas isso não significa que a vulnerabilidade não a visite de vez em quando.
“O título do disco, ‘Tara & Tal’, vem exatamente disso. Essa mulher quer experimentar tudo, mas não quer dizer que uma bagagem de sentimentos não venha junto dessa nova fase mais madura, inclusive em momentos em que ela esteja se divertindo na pista”, afirma.
Apesar de retratar sentimentos do presente, a inspiração para essa fase veio de uma série de memórias. “Recuperei minha fase da juventude entre os anos 1990 e 2000, em que de dia, ouvia os discos grunge do meu pai, Tarciso, que era fã de Soundgarden, Pearl Jam, entre outras bandas. Eu também era fã do rock, mas gostava mais do heavy metal, ouço System Of A Down para fazer crossfit até hoje”, revela aos risos.
“De noite, ia para tendas eletrônicas do Recife. O drum and bass e o Miami bass estavam muito em alta. Era uma época muito gostosa, em que dançávamos tomando drinks na beira do mar.” Além dos gêneros, as participações de Liniker e de Lucio Maia, ex-guitarrista do Nação Zumbi, escancaram a diversidade do projeto.
A mistura, um tanto quanto inusitada, fica clara em faixas como a fascinante “Night Maré”. “Gosto de testar os meus limites”, afirma Duda, que também leva isso a risca quando o assunto é a estética. Para esta nova “era”, a cantora se junta novamente ao diretor criativo Marcelo Jarosz para criar um ambiente pós apocalíptico e influenciado pelas capas dos discos grunge que seu pai ouvia.
Nas imagens, também fica nítido o tal contraste sonoro que percorre a obra. “Gosto de fazer tudo que gere uma reação. Todo tipo de reação”, confessa. Em um vídeo, publicado antes de anunciar informações sobre o disco, ela até “fingiu” fazer um pronunciamento a respeito de supostas polêmicas que fisgaram os curiosos.
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A curiosidade é o que move “Tara & Tal”, seja pela complexidade em gêneros condensados de forma destemida e que desafiam o mainstream, ou nas reflexões amorosas intrínsecas nas obras de Duda.
“Esse disco é um renascimento de estética sonora. É um renascimento meu, de largar esses amores e tentar me jogar para o novo. As pessoas às vezes até têm resistência com o novo, mas ele é maravilhoso. Tenho muita tranquilidade de estar no terceiro disco. Não tenho mais nada a perder”, disse ela.
Na semana de um eclipse solar total, a cantora parece contar com os astros para revelar ao mundo mais um disco de, em suas palavras, vários que ainda estão por vir. “Ser a mesma coisa a vida inteira não combina muito com uma Libra com ascendente em Aquário.”