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Funk já chocou público de festivais, mas conquistou espaço de anfitrião

Funk já chocou público de festivais, mas conquistou espaço de anfitrião

O baile Submundo 808 (@Cavassam019)

Desde os Festivais da Canção dos anos 1960, em que plateias tentavam decidir ao vivo os rumos da MPB, consolidou-se um formato de eventos que carregam uma vocação de apresentar novidades. Pode-se dizer que isso vem das movimentações das rádios e das primeiras gravadoras do Brasil em busca de novos talentos do início do século 20. 

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Mas, se os concursos radiofônicos foram transmutados em espetáculos com finais de roer dentes e exaltar ânimos — que até parecem finais de campeonatos de futebol, os festivais de música nascem junto com o enraizamento do rock no país e conservam tanto a vocação quanto a responsabilidade de apresentar novos artistas, canções e sonoridades. Se, entre 1960 e 1970, consagraram Chico Buarque, Elis Regina ou Gilberto Gil, nas décadas seguintes se transformaram em laboratórios que dariam voz a outros fenômenos. 

Entre eles, malandramente, veio o funk. Inicialmente desprezado, surgiu em forma de medley no palco Mundo do Rock in Rio 3, em 2001, quando Fernanda Abreu apresentou uma mescla de sucessos da época com coreografias inspiradas nos bailes de subúrbio do Rio de Janeiro. Foi um choque: grande parte do público julgava o funk como uma forma musical menor e empobrecida, e a cantora fez questão de colocá-lo no mesmo patamar de rockstars internacionais. 

Ali começava uma inflexão sem volta. Já naquele mesmo Rock in Rio, o público foi surpreendido por uma discotecagem de DJ Marlboro, o padrinho do gênero, no espaço de interlúdios eletrônicos. Era como se os festivais testassem a resistência da plateia ao som das favelas, e a reação foi barulhenta: mais choque, mas também muito mais adesão. Pouco a pouco, o funk deixava de ser “invasão” e se tornava atração oficial.

Nos anos seguintes, o gênero foi ganhando terreno. Em 2005, dividiu espaço com o hip hop em um festival, mostrando sua força rítmica em line-ups até então restritos a nomes gringos. Outro evento, de maneira inédita, abriu a pista para DJs de funk, recebendo em 2004 DJ Marlboro com MC Serginho e Lacraia, especialmente no momento em que a batida dialogava com a cena eletrônica mundial. A lógica era simples: se o tecno podia nascer em Detroit e ecoar em São Paulo, por que o batidão carioca não poderia ecoar nos mesmos sistemas de som?

O salto seguinte veio em festivais de caráter mais experimental, como o Sónar São Paulo (2012), onde o funk já aparecia misturado a propostas eletrônicas de vanguarda, conectando o tamborzão às pistas do mundão. Ali se consolidava a percepção de que o gênero não era apenas local, mas matéria-prima de uma cultura híbrida e inovadora.

Cidinho e Fernanda Abreu no Rock in Rio 2019 (Mauro Pimentel/AFP)
Cidinho e Fernanda Abreu no Rock in Rio 2019 (Mauro Pimentel/AFP)

O ponto de virada definitiva veio no Rock in Rio 2019. Naquele ano, o “Rap da Felicidade” — hino de Cidinho & Doca dos anos 1990 — foi cantado em todos os palcos do festival. Do Palco Sunset às arenas eletrônicas, de shows de pop internacional às colaborações brasileiras, a letra que dizia “eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci” se transformou em coro coletivo. Então o funk, antes tratado como intruso, virava o fio condutor de um evento com alcance global. Mais do que um gênero, tornara-se um código cultural de pertencimento.

De lá para cá, os festivais brasileiros consolidaram o funk como protagonista. No Lollapalooza BR, artistas como Ludmilla, MC Carol e Kevin O Chris passaram a ser atrações centrais, não apenas convidados pontuais. Em eventos independentes, o gênero ainda abriu caminho para novas mutações: como o brega funk de Pernambuco ou a rasteirinha baiana. 

Desde 2023, Club Social Snack virou parceiro dos grandes festivais, como The Town e Lollapalooza BR, proporcionando experiências marcantes, com o funk e a rua como protagonistas. Club Social vem construindo uma relação consistente com o jovem brasileiro desde que se colocou como parceiro do corre e da cultura urbana e escolheu a música como forma de se conectar com o público por tudo que ela representa, como fonte de estilo, de arte, de sonhos. 

A marca se uniu a gente que vive do funk autenticamente –como Submundo 808, DJ Perera, MC Kako, Duquesa, Leonne e muitos outros– e proporcionou momentos únicos, divertidos e inesquecíveis em suas ativações, levando seu público a cantar, dançar, virar MC, DJ e acessar seus ídolos. Construiu uma relação consistente, com troca verdadeira e conversa real.

Desde o “Veneno da Lata” de Fernanda Abreu, passando pelos hinos do Furacão 2.000, até os headliners que elevaram o funk ao status de pop, o funk percorreu um caminho do choque ao reconhecimento absoluto. Em 2024, seja no Rock in Rio, no Lollapalooza BR ou em festivais independentes, o funk, enfim, alcançou triunfo. Nesse contexto, a festa Submundo 808 no The Town, promovida por Club Social Snack, que traz as vertentes mais dançantes e inventivas do gênero, faz jus a essa tradição de inovação, como quem manda o recado: o futuro é agora.

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