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Blink-182 veio ao Brasil e mostrou que não é tudo isso —mas disso todos nós sabíamos

Blink-182 veio ao Brasil e mostrou que não é tudo isso —mas disso todos nós sabíamos

Banda tocou no Lollapalooza depois de muita expectativa

Exatamente às 21h30 desta sexta-feira (23), “Assim Falou Zaratustra”, que serviu de música tema de “2001: Uma Odisseia No Espaço” tocava nos alto falantes do Lollapalooza Brasil 2024. Enquanto isso, embalado pela sinfonia de Richard Strauss, o telão mostrava o logo da banda Blink-182: uma carinha sorridente, como aquelas que a gente costumava desenhar nos cadernos do colégio.

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“Agora eu acredito que eles vêm”, disse um fã, aliviado. Sim, Mark Hoppus, Travis Barker e Tom DeLonge se apresentaram pela primeira vez no Brasil, 25 anos depois do lançamento do maior hit deles, “All The Small Things”.

“Nós somos foda pra c… no que a gente faz”, disse Tom. Só que… bem, tem gente que discorda de tal afirmação.

É claro que para se apresentar ao vivo num festival do porte internacional do Lollapalooza existem certos requisitos que artistas precisam atingir. Mas, em se tratando de Blink-182, dá para mandar às favas aqueles que se apegam a qualquer resquício de preciosismo musical. Ninguém ali, no Autódromo de Interlagos, estava se importando com a qualidade técnica do trio.

Pela primeira vez no Brasil, a banda emocionou o público que enfrentou o frio e a chuva, implacáveis no primeiro dia do festival. O chororô e gritaria, porém, pareciam ser resultado de uma espécie de nostalgia coletiva. Quem acompanha há anos o trio de roqueiros norte-americanos já sabia o que esperar —e estava muito feliz com isso.

O show começou meio morno —um dos pontos de maior energia foi quando a banda anunciou “que veio ao Brasil” e brincou com a pronúncia errada da cidade de São Paulo (se referindo ao termo “saint” em inglês).

No entanto, como adolescentes de 5ª série, os dois vocalistas emendaram muitas piadas com pênis, bunda e sexo entre as músicas. Isso até poderia ser engraçado ou apenas sem noção, se não descambasse para o sexismo puro e simples. Antes de tocar “Reckless Abandon”, Mark disse que o Brasil tinha as mulheres mais bonitas do mundo e emendou:

“Nós deixamos o palco igual uma mulher, muito molhado”. Algumas pessoas se entreolhavam meio constrangidas. É o ônus de se gostar de uma banda como o Blink-182. E é aqui que a carinha sorridente desenhada como nos tempos de colégio deixa isso bem claro.

Mas nem tudo é cinzento. O bloco final do show mostrou que a banda tem sucessos na pista e o público retribuiu cantando “I Miss You”, “What’s My Age Again”, “First Date” e, claro, “All The Small Things”.

A vinda do trio para o Brasil foi envolta em muita expectativa —sentimento gerado pela própria banda, é bom deixar claro. Escalados para o Lollapalooza 2023, eles cancelaram o show, pois o baterista, Travis Barker, precisou fazer uma cirurgia no dedo. Logo depois, tocaram numa boa no festival Coachella. Pegou mal.

Em 2024, o mesmo personagem sugeriu cancelar a apresentação no Brasil após uma zoeira de um brasileiro nas redes sociais. Como se não bastasse tanta tensão, ainda rolou um boato que isso realmente tinha acontecido.

Enfim o Brasil recebeu o Blink-182. No encerramento do show, os integrantes se abraçaram, trocaram juras de amor e agradeceram o público. Travis, envolto na bandeira verde e amarela. Tom, com os olhos marejados. Os fãs se deram por satisfeitos. Convenhamos: o show da banda pode até ser nota 5, mas todos ali deram como aceitos os termos e condições desse contrato.

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