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Bad Religion no The Town fala como substituir Sex Pistols: ‘Amo o Brasil’

Bad Religion no The Town fala como substituir Sex Pistols: ‘Amo o Brasil’

Greg Graffin fala com exclusividade à Billboard Brasil

Bad Religion (créditos Alan Snodgrass)

Anunciada nesta semana para substituir Sex Pistols, a entrada de Bad Religion no line-up do The Town agradou inúmeros fãs. A banda, que está em turnê norte-americana, encontrou espaço na agenda para esse show surpresa no Brasil. Eles se apresentam no palco Skyline neste domingo (7).

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“Bem, eu acho que é uma oportunidade muito única ver um tour que nós fizemos todo o verão e não esperávamos trazer para o Brasil. Então, todo mundo está em ótima forma musicalmente. Nós ficamos fora por muito tempo e vocês vão ver o mesmo ótimo show que tantas pessoas conseguiram ver na América do Norte. E é uma exploração da nossa carreira inteira. Desde o início, o primeiro álbum, até o ‘Age of Unreason'”, declara Greg Graffin, vocal do grupo.

Como uma das bandas mais icônicas do punk, Bad Religion tem mais de 40 anos de carreira e 17 álbuns de estúdio. No setlist para The Town, prometem passear por essa jornada.

Em entrevista exclusiva à Billboard Brasil Greg contou sobre suas passagens pelo país, vida acadêmica, sua autobiografia “Paradoxo Punk” traduzida recentemente em português, e novo álbum.

Veja entrevista exclusiva do Bad Religion à Billboard Brasil

Obrigada por aceitar o convite de vir ao Brasil. Sempre valer a pena aceitar os pedidos de show por aqui?

São Paulo é como uma segunda cidade de casa para nós. Muito similar a Los Angeles, de muitas maneiras. Você sabe, leva duas horas para ir em qualquer lugar na cidade por carro. Então, estamos muito familiares com isso. Há árvores de Jacaranda. Mas, é claro, as pessoas do Brasil se tornaram algumas das nossas melhores amigas, e nós temos uma ótima relação com todos os nossos fãs aqui. Amo o Brasil. É muito difícil vir aqui todos os anos, agora que há tantos países que precisamos explorar, mas é sempre um prazer, e nós te agradecemos por isso.

Você já fez 37 shows aqui no Brasil. Você teve tempo de experimentar algumas coisas culturais? Já provou feijoada, caipirinha? Já sambou por aqui?

Oh meu Deus! Eu estou feliz que você está contando, porque eu não contei. Mas essas foram as coisas que a gente descobriu a primeira vez que veio aqui. Então, nós amamos feijoada, claro. E quem não gosta de uma boa caipirinha? Eu também passei tempo no Amazonas, fazendo ciência. Na verdade, um dos livros que eu escrevi tem uma discussão sobre a exploração do Rio Madre de Dios, que no Brasil eles chamam de Rio Beni, mas é a fronteira entre o Brasil e a Bolívia. Então, sim, eu fui para Manaus estudar a floresta tropical em Manaus. Eu passei muito viajando e sempre tive uma ótima experiência com as pessoas brasileiras e a história natural.

Às vezes, é como estar aqui para um show de punk, e às vezes estar aqui para a vida acadêmica. Mas hoje é um dia grande para o punk rock no The Town. Vocês foram confirmados essa semana. Qual é a responsabilidade de substituir Sex Pistols?

Exatamente. É uma mistura perfeita. Bom, sobre The Town, nós consideramos uma honra ser convidado. Eles são uma banda lendária. Você não pode substituí-los com qualquer banda de punk. Nós fomos muito honrados em ser considerados. Eu sinto que o público não tem que ficar desapontado, porque muitos deles colocam Bad Religion e Sex Pistols entre as bandas favoritas deles. Se você perde uma favorita e ganha outra, é um pouco menos doloroso. Nós não nos consideramos uma substituição para os Sex Pistols, e esperamos que, seja o que for a emergência deles, eles consigam passar por isso com saúde e nós estamos ansiosos de vê-los de novo.

Bem, são 40 anos de carreira com Bad Religion… E eu sei que pode ser difícil fazer um setlist com todos os álbuns nessa jornada de banda. Como é pra vocês montar esse setlist, ainda mais para um grande festival como The Town? E por que alguns álbuns como “No Substance”, um dos favoritos dos fãs, acaba ficando de fora?

Eu acho que é uma questão de reconhecer que você não pode tocar 320 músicas, e cada álbum é uma época diferente da banda, então nós tentamos cobrir diferentes épocas. Nós olhamos para “No Substance” como uma época em particular, junto com o “The Grey Race”, e, às vezes, temos que escolher uma música da época, não de um álbum em particular. Claro, alguns álbuns favoritos das pessoas vão ser deixados da lista desta vez. Mas, espero que possamos voltar.

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Ok, algum spoiler sobre o setlist de hoje?

Nós podemos lhe dar o setlist oficial depois do show, é claro, porque pode acontecer mudanças no último minuto, talvez…  Mas nós estivemos em tour todo verão, então basta conferir como foram as recentes apresentações…

Falando sobre os álbuns, tem 6 anos desde o último lançado “Age of Unreason”. A banda já está escrevendo ou produzindo novos materiais?

Sim. Tem um número de músicas que foram produzidas como demos. Brett e eu estamos escrevendo muito ativamente, e entre tours é difícil se juntar, mas muita escrita é feita longe da música, sabe, quando temos tempo livre, porque você tem que se concentrar, e você não pode fazer isso quando está em turnê, acredite ou não. Tour é o pior momento para que as ideias de música venham à luz. Isso é pessoalmente. Talvez algumas pessoas se inspirem pelo tour. Outros escritores poderiam gostar mais, mas eu não posso. Eu preciso me concentrar com alguns instrumentos. Eu acho que o Brett é do mesmo jeito.

A situação atual que vivemos no mundo pode te inspirar com esse novo material?

O Bad Religion sempre foi um comentário sobre as condições da humanidade. Não é a política que forma a substância de uma música do Bad Religion. É a condição humana, é mais filosófico. E por causa disso, algumas pessoas estão se enganando porque talvez haja um presidente conservador, ou um presidente especialmente ruim, que “olha, agora é um bom momento para Bad Religion escrever uma música”. Isso não me inspira. O que me inspira é a compreensão da antropologia atrás da motivação humana. E eu acho que o Bret é do mesmo jeito. Você olha os títulos de nossas músicas, nós cantamos sobre o homem moderno, Nós cantamos sobre as condições que nos fazem felizes ou tristes. E, claro, levantar um presidente ruim não é divertido. Mas Bad Religion está por aí por muito tempo. Nós vimos muitos presidentes ruins vir e ir. E as músicas que continuamos a escrever não são de um tempo específico. As nossas músicas, nós queremos escrever para toda a eternidade. Nós queremos que elas sejam universalmente amadas. E isso tem que durar muito mais do que 4 anos de um presidente.

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E sobre a sua autobiografia, “Paradoxo Punk”, lançada recentemente em português… O que os fãs brasileiros esperam descobrir sobre o Greg nesse livro?

Sim, estou muito feliz que ela saiu recentemente em português. Estou muito feliz por isso. Eu acho que é uma boa explicação da minha visão do mundo e de como minha visão do mundo e minhas ideias se desenvolveram desde que eu era muito jovem, através da minha educação e através da minha experiência, como cantor de uma banda que se tornou inesperadamente popular, muito mais popular do que eu pensava que seria. E tem algumas ideias filosóficas nisso, sobre rock punk, e a ideia, o paradoxo do punk em si, é como essa coisa Punk sempre foi considerado como algo negativo, como uma coroa preta na sociedade. Mas ainda assim, ele fez muito bom para tantas pessoas. E é meio louco pensar no paradoxo de punk ser uma força para o bom mundo. Isso faz a cabeça girar, sabe? Espero que os leitores tenham tomado um caminho através dessa ideia.

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