Bad Bunny entrega o melhor de Porto Rico em estreia de residência no país
Apresentação de estreia teve três horas de duração e homenagens às raízes
Parece inegável neste momento: a primeira metade da década pertence a Bad Bunny. Nos últimos cinco anos, o astro porto-riquenho se manteve como o artista mais ouvido do planeta, com músicas que servem de trilha sonora para milhões de pessoas em diferentes países, culturas e idiomas. Ano após ano, ele quebra recordes, derruba barreiras, chega diversas vezes ao topo do Billboard 200 e constrói um legado comparável apenas ao de ícones de gerações.
Seu feito mais recente? A abertura da residência “No Me Quiero Ir De Aquí”, na sexta-feira (11), no Coliseo de Puerto Rico José Miguel Agrelot, em San Juan. O evento marca o início de uma série inédita de 30 shows no local mais icônico da ilha, com capacidade para 18 mil pessoas. Diante de uma plateia lotada, Benito entregou um espetáculo de três horas que uniu celebração e identidade cultural porto-riquenha, posicionando a ilha como palco central no cenário global.
Em alguns momentos, o show assumiu o tom de uma imersão na história e identidade de Porto Rico. Antes mesmo de começar a apresentação, uma tela gigante exibia informações sobre as origens, cultura e resistência da ilha. Frases como “Porto Rico é um arquipélago, não apenas uma ilha” e “San Juan é uma das cidades mais antigas das Américas. Foi fundada em 1521” surgiam para contextualizar e provocar orgulho.
Outras mensagens destacavam aspectos culturais: “Porto Rico tem dois gêneros musicais nativos: bomba e plena”, em referência às tradições africanas e da classe trabalhadora; “Em Porto Rico, o Natal é celebrado por mais tempo do que em qualquer outro lugar do mundo”; e até observações mais leves: “Sancocho cura qualquer coisa, segundo nossas avós”.
Essa mistura de história e orgulho deu o tom para a noite. Benito surgiu no palco usando um figurino inspirado na cultura Taína — uma roupa bege com detalhes em palha, óculos escuros e um chapéu estilo “trapper” de inverno —, como se incorporasse raízes antigas da ilha ao mesmo tempo em que se firmava no presente. O cenário, com colinas verdes e elementos culturais detalhados, reforçava a proposta: a cultura porto-riquenha era o centro, não como explicação, mas como celebração.
Ele abriu o show com “DTmF” e seguiu com músicas do álbum mais recente, “Debí Tirar Más Fotos”, como “KETU TeCRÉ”, “EL CLúB”, “PIToRRO DE COCO” e “WELTiTA”. Também relembrou sucessos anteriores, como “La Santa”, “El Apagón”, “Si Estuviésemos Juntos” e “Ni Bien Ni Mal”. Ao todo, foram mais de 30 músicas, transitando por bomba, plena, salsa, trap e reggaetón.
As batidas ancestrais de Porto Rico foram incorporadas ao show com percussões marcantes e dançarinos usando chapéus tradicionais. Em um dos blocos, voltado para a salsa, o cantor vestiu um terno creme com estilo dos anos 70, em referência direta à era Fania All-Stars e aos artistas da diáspora porto-riquenha nos Estados Unidos. Era uma homenagem a nomes como Héctor Lavoe, Willie Colón, Rubén Blades e Tito Puente — e, principalmente, à comunidade porto-riquenha de Nova York, que manteve vivo o som da ilha fora dela.
Durante o show, Bad Bunny deixou claro que a residência não era apenas sobre ele. Em determinado momento, fez uma pausa para agradecer aos pioneiros do reggaetón e da música latina: Tego Calderón, Daddy Yankee, Ivy Queen, Don Omar, Wisin y Yandel, Ñengo Flow, entre outros. “Isso aqui é por vocês. Por nós”, disse, reforçando a ideia coletiva do espetáculo.
Outras surpresas também marcaram a noite. Os jogadores de basquete LeBron James e Draymond Green apareceram no palco ao lado de Benito, sentados com ele em uma réplica de uma casita porto-riquenha — um dos elementos de destaque do cenário —, simbolizando o afeto e o senso de lar presentes no espetáculo.
“Essa residência é mais do que uma série de shows — é um momento definidor para a nossa ilha”, afirmou Jorge L. Pérez, diretor-geral do Coliseo, à Billboard Español. “É uma afirmação do nosso talento criativo e do nosso papel no entretenimento global.”
Com a expectativa de atrair mais de 250 mil visitantes ao longo das apresentações, Benito posiciona Porto Rico como um destino de entretenimento, com impacto direto na economia local, no apoio a pequenos negócios e na valorização da identidade cultural da ilha.
“Isso inspira a nova geração a acreditar que não é preciso sair de casa para alcançar o sucesso. Eles podem sonhar alto, construir aqui e serem reconhecidos aqui. É o orgulho porto-riquenho em movimento. É relevância cultural, força econômica e excelência artística — tudo com raízes exatamente onde importa mais”, concluiu Pérez.
Perto da meia-noite, já nos momentos finais do show, Bad Bunny surgiu no palco com seus dançarinos diante de uma enorme bandeira de Porto Rico iluminada. O encerramento representou um gesto de gratidão — uma homenagem à terra, ao povo e à cultura que formaram o artista que o mundo conhece hoje.








