Para uma mulher de 63 anos e cabelo prateado, ver Madonna mais uma vez ao vivo num palco –e no Rio de Janeiro, minha cidade– é a celebração de uma existência.
Madonna, não à toa é a Rainha do Pop, mas para mim é rainha da porra toda. Chegou com os dois pés na porta de uma indústria que talvez se achasse moderna, mas que nada… Precisávamos de Madonna.
Porque com ela vieram importantes discussões sobre sexualidade, feminilidade, feminismo e, mais recentemente, etarismo. Sobre feminismo ela diz: “Não sou feminista, sou humanista”. Obrigada, Madonna. Ou sobre o racismo: “Todos nós sangramos a mesma cor”. Obrigada, Madonna.
Quando lançou seu primeiro álbum –“Madonna”, em 1983–, eu PRECISAVA dele. Mas o que eu fui precisando cada vez mais era conhecer o pensamento dela. Na verdade, continuo precisando. Precisamos todas.
Olha que mulher foda: 65 anos, 1,61 m de altura, seis filhos e encarando um show com mais de duas horas de duração, fazendo ela mesma sua grande celebração. Impossível não se inspirar. Uma mulher, como ela mesma se define, obstinada, trabalhadora, aventureira.
E para quem acha que ela já não incomoda, ou que suas pautas estão ultrapassadas, aqui vai uma historinha. Outro dia, resolvi mostrar no Instagram minha edição do seu livro “Sex”, lançado em 1992. Um livro com fotos dela e de outras pessoas simulando cenas de sexo, caliente. Pois a plataforma derrubou a postagem e me deu um castigo!
‘Só rindo da caretice dos algorítimos’
Mas é exatamente essa capacidade (às vezes involuntária) de provocar reações intensas que faz Madonna se manter relevante e influente por décadas.
Só sei que no dia 4 de maio estarei na Praia de Copacabana, com os pés na areia, dançando nessa pista pop e admirando essa mulher que me faz melhor!
O mundo continua careta demais. ‘Bora seguir firmes no compromisso com a liberdade.
Astrid Fontenelle é apresentadora e jornalista. Durante 11 anos, esteve no comando do programa “Saia Justa”, do canal GNT. Passou por MTV, Manchete, TV Globo, TV Gazeta e Band. Também no GNT apresentou o “Happy Hour” e o “Chegadas e Partidas”, pelo qual ganhou o prêmio APCA 2012 de melhor programa, e que voltou em 2018 com nova temporada.