Novo álbum revela tesouros pouco conhecidos do acervo de Hermeto Pascoal
Gravadora Rocinante inicia projeto em homenagem ao legado do artista
A gravadora Rocinante lança a série “Obra Viva de Hermeto Pascoal” nesta quarta-feira (10), dedicada a composições inéditas ou pouco exploradas do artista alagoano.
Este “Vol. 1 Flautas” aborda peças que Hermeto escreveu para o instrumento de sopro entre 1982 e 1985.
Com direção e produção musical de Bernardo Ramos, o trabalho reúne flautistas de primeira linha: Aline Gonçalves, Andrea Ernest Dias, Carlos Malta, Eduardo Neves e Marcelo Martins.
A formação por vezes se expande, contando com os reforços do piano de Marcelo Galter e do trombone de Rafael Rocha.
O projeto resulta do acesso ao vasto acervo de partituras de Hermeto, digitalizado pelo multi-instrumentista mineiro Felipe José.
No texto da contracapa, o diretor artístico da Rocinante, Sylvio Fraga, explica que a gênese do trabalho se deu a partir da escuta das músicas ‘Auriana’ e ‘Vou esperar’: “Senti um desejo enorme de ouvir mais músicas do Hermeto em formato parecido. Líricas, agrestes, camerísticas, livres, parecidas com nada nesse mundo a não ser o próprio mundo que inventam.”
As composições celebram um instrumento fundamental na trajetória de Hermeto. Jovino Santos Neto, organizador do acervo e ex-integrante do lendário grupo do Campeão, testemunha que ele “conhece profundamente todos os recursos e limites da flauta”, e afirma que “as peças registradas neste álbum são uma amostra inédita dos sons que habitam o cérebro magnético do nosso querido Mestre”.
Algumas das obras não chegaram a ser nomeadas pelo Mestre (como os diversos quartetos e quintetos). A isso se deve a adoção de títulos descritivos com numeração que não pretende sugerir cronologia.
As formações exploradas vão do duo ao decteto. Trata-se de um lado camerístico da obra de Hermeto, o que contribui para o saudável embaralhamento das categorias ‘erudito’ e ‘popular’. O fato é que, ao escrever música tão desafiante para formações pequenas de instrumentos acústicos, Hermeto exige dos músicos “apuro técnico e vitalidade interpretativa para alcançar uma imaginação composicional que une práticas musicais aparentemente díspares”, como escreveu Sylvio.








