O cantor, compositor e professor Daniel Lotoy , 37, lança nesta sexta-feira (21) o álbum Viro. O novo trabalho representa um renascimento simbólico, um retrato de perda e reconstrução.
O disco navega (literalmente) pelas experiências acumuladas durante sua carreira cantando em navios de cruzeiros, bares, grandes festivais e nas ruas. O álbum mostra uma mistura pop rock alternativo e nova MPB e conta com as participações especiais de Luana Camarah (ex The Voice e Malta) e do guitarrista Rafael Bittencourt (Angra). Ouça aqui.
Os muitos caminhos da voz de Daniel Lotoy
Lotoy começou a cantar profissionalmente na adolescência, em Campinas (SP), quando fez seu primeiro show na Usina Royal. “Comecei muito novo… meu primeiro show foi ali, com 15 anos”, lembra. Desde então, construiu uma trajetória marcada por versatilidade, estudo contínuo e capacidade de adaptação.
Após anos em bares e eventos, viveu sua primeira grande experiência artística nos navios de cruzeiro, aos 23 anos. Foram dois contratos que o levaram ao México e ao Caribe, sob uma rotina rígida e exaustiva. “Navio é militar, cara… você tem que seguir tudo à risca”, diz. Além das apresentações diárias, havia treinamentos constantes e poucas folgas. Ainda assim, a vivência o amadureceu como intérprete e consolidou sua presença de palco. “Sofri, mas amadureci… aprendi muito ali.”
Apesar da estrutura dos navios, foi na rua que Lotoy encontrou sua principal escola. Cantando na Avenida Paulista, em São Paulo, desenvolveu improviso, interação e autonomia criativa. “Cantar na rua é maravilhoso. As pessoas param porque querem te ouvir”, afirma. A experiência o ensinou a lidar com públicos diversos e situações imprevisíveis. Ele destaca que a rua o ajudou a perder a vergonha, ganhar agilidade e compreender melhor o valor do próprio trabalho.

Ao longo da carreira, Lotoy acumulou centenas de apresentações em casas de show, teatros, hotéis e festivais, além de integrar a banda Bolero Freak. Com ela, dividiu line-ups com artistas como Lulu Santos, Céu e Silva. Também atuou como backing vocal em projetos televisivos e subiu ao palco do The Town. “A gente vai
vendo que são todos trabalhadores… ninguém é uma entidade mística”, reflete, ao falar sobre nomes famosos com quem contracenou.
A pandemia de 2020 marcou uma virada definitiva. Sem a possibilidade de se apresentar ao vivo, passou a vender músicas personalizadas e lançou seu primeiro álbum solo, Signos. Paralelamente, começou a criar conteúdo sobre canto e técnica vocal para as redes sociais, inicialmente como registro pessoal de estudo. Quando um aluno o incentivou a abrir o TikTok, veio a explosão. “Que coisa maluca… ver os seguidores subindo, os vídeos bombando”, lembra. Em poucos meses, sua audiência cresceu de forma acelerada.
Com vídeos didáticos, positivos e focados em técnica vocal, Lotoy se consolidou como comunicador digital, somando hoje quase um milhão de seguidores. A nova fase o transformou profissionalmente: “Eu era um músico ferrado de grana… hoje sou uma pessoa bem-sucedida.”
Mesmo com a força das redes, carrega o desejo de ampliar o alcance de sua obra autoral — um ponto que reconhece como desafio contínuo. Ele afirma buscar equilíbrio interno para avançar nessa etapa. “Se eu corrigir minha parte interna, as coisas vão andar”, diz.
Com uma carreira que atravessa palco, rua, navios, estúdios e plataformas digitais, Daniel Lotoy segue impulsionado pelo trabalho e pela autenticidade. Para ele, o significado de sucesso já está claro. “Sucesso é conectar sua emoção com o outro”, resume. E acrescenta: “Eu já vivi isso… eu já tenho sucesso. Só preciso olhar pra ele dentro de mim.”








